Gimnospérmicas são as plantas vasculares que formam sementes não envolvidas em frutos. É uma palavra de origem grega que significa ‘semente nua’, fazendo referência a esta característica. Este grupo de plantas distingue-se das angiospérmicas (termo que sugere presença de ‘sementes protegidas’) porque, este grupo de plantas com flor, possui as sementes protegidas dentro dos frutos, enquanto as gimnospérmicas, não desenvolvem flores nem verdadeiros frutos. Existem espécies, como os pinheiros, que produzem sementes em escamas de cones (pinhas).
Do ponto de vista evolutivo, as Gimnospérmicas marcam o desenvolvimento de uma inovação biológica de elevado sucesso – a semente. As sementes são um dos aspectos responsáveis pelo sucesso das plantas vasculares e que permitiu a sua ampla distribuição pelo globo, já que, as sementes permitem a protecção do embrião dos factores externos, como condições ambientais adversas.
Classificação das Gimnospérmicas
Estas plantas distribuem-se por diferentes divisões:
Pinophyta (Coníferas)
O maior grupo de coníferas pertence ao género Pinus (pinheiros). Estas plantas estão amplamente representadas no hemisfério Norte, principalmente na floresta de coníferas ou boreal (Taiga). Este grupo inclui alguns dos organismos vivos mais antigos que existem no planeta. Estes organismos pertencem à espécie Pinus longaeva, uma espécie de pinheiro oriunda do continente americano e que possui representantes com cerca de 4600 anos.
Ginkgophyta – Ginkgo
Actualmente, existe uma única espécie representante deste grupo – Ginkgo biloba. Estas árvores são muito características e fáceis de identificar, pois possuem folhas em forma de leque. É considerado um organismo ‘fóssil vivo’, já que, se considera que estas árvores permanecem inalteradas desde o tempo dos dinossauros, há cerca de 150 milhões de anos. O registo fóssil indica que estas árvores foram outrora bastante abundantes, principalmente no hemisfério Norte.
Cycadophyta – Cycas
As cycas têm uma morfologia peculiar. Parecem um misto de feto arbóreo e de palmeira, no entanto, não estão relacionadas com nenhum destes organismos.
Estas plantas são originárias das zonas tropicais e subtropicais, possuem crescimento lento e folhas semelhantes às das palmeiras. Os seus troncos não ramificados podem chegar a atingir cerca de 15 metros em altura, em algumas espécies.
Infelizmente, diversas espécies de cycas encontram-se actualmente ameaçadas de extinção.
Gnetophyta
As Gnetófitas estão distribuídas por 3 géneros diferentes. Um dos mais populares, possui apenas uma única espécie, uma bizarra planta dos desertos de Namibe e de Moçâmedes – Welwitschia mirabilis. Esta planta possui um caule muito curto, de modo que cresce praticamente rente ao chão. Possui apenas duas folhas que crescem ao longo da vida da planta e podem chegar a atingir os 2 metros de comprimento. Estas folhas ficam estendidas pelo chão e vão rasgando parecendo, assim, que a planta possui diversas folhas desordenadas, conferindo-lhe o aspecto bizarro. A Welwitschia mirabilis consegue sobreviver nestes climas desérticos abrindo os seus estomas apenas durante a noite, e absorvendo a água do orvalho formado pela humidade condensada proveniente do nevoeiro oceânico.
Características gerais das Gimnospérmicas
– Possuem sementes nuas, não encerradas num fruto;
– Possuem vasos condutores de xilema e floema;
– O xilema é composto por traqueídos e parênquima lenhoso;
– Ocorrência de espécies com folhas modificadas (como agulhas, nos pinheiros);
– Produção de resina nas aberturas/lesões para se protegerem do ataque de insectos e fungos;
– Possuem plantas monóicas (os dois sexos no mesmo indivíduo) e dióicas (sexo masculino e feminino em indivíduos distintos);
– A polinização é anemófila, ou seja, os gâmetas são dispersados pelo vento.
Ciclo de vida do pinheiro (género Pinus)
O pinheiro apresenta alternância de duas gerações, a gametófita e a esporófita. É um organismo haplodiplonte (possui as duas gerações no ciclo de vida) com meiose pré-espórica (a meiose ocorre na formação dos esporos).
Amadurecimento do gametófito feminino
A árvore adulta é o esporófito (diplóide, 2n). Os megásporos (esporos femininos) são produzidos nos megasporângios, localizados dentro dos óvulos, situados na base das escamas dos cones femininos. Os óvulos ocorrem aos pares nas escamas das pinhas. Cada óvulo possui um megasporângio contendo o nucelo (tecido nutritivo para o desenvolvimento do gametófito feminino) e um megasporócito. Estas estruturas estão envolvidas por tegumentos que contém uma região com uma abertura – o micrópilo. É por esta abertura que entrará, mais tarde, o tubo polínico do grão de pólen germinado para depositar o gâmeta masculino.
Um dos megasporócitos sofre meiose produzindo quatro megásporos. Três deles degeneram e, o que permanece, vai-se desenvolver no gametófito feminino. O gametófito maduro pode originar entre 2 a 6 arquegónios (gametângio feminino) diferenciados. Cada arquegónio possui uma oosfera.
Polinização
Os cones masculinos demoram, geralmente, dois anos a amadurecer. Durante o primeiro ano, na Primavera, as escamas dos cones masculinos abrem e o pólen é dispersado pelo vento. Quando atingem os cones femininos, depositam-se nas suas escamas. Através de um exsudado o pólen dirige-se para o nucelo, pelo micrópilo.
Amadurecimento dos gâmetas e fertilização
Após a polinização, as escamas fecham para protegerem o desenvolvimento do óvulo. A meiose só ocorre, pelo menos, um mês depois da polinização. Entretanto, o grão de pólen desenvolve um tubo polínico e dá-se o amadurecimento de dois esporos masculinos, ficando assim, constituído o gametófito masculino.
Após cerca de 15 meses de ter ocorrido a polinização, o tubo polínico atinge o arquegónio e dá-se a fecundação. Um dos gâmetas masculinos une-se ao feminino formando o zigoto (2n). O outro gâmeta degenera juntamente com as restantes células do grão de pólen.
Formação das ‘asas da semente’
Mais tarde, os tecidos do tegumento do órgão feminino vão originar os tecidos que revestem a semente. Uma dessas camadas de tecido vai-se desenvolver numa espécie de asa, que vai ajudar a semente a ser dispersada pelo vento.
Quando a semente germina vai desenvolver-se na planta adulta dando-se, assim, reinício ao ciclo de vida.
Referências bibliográficas
Stern, K. R., Bidlack, J. E., Jansky, S., & Uno, G. (2006). Introductory plant biology. Boston: McGraw-Hill Higher Education.