Comportamento infantil
O comportamento infantil diz respeito à forma como a criança se expressa perante os vários estímulos do meio.
O comportamento infantil tem vindo a ser motivo de estudo desde há muito tempo, principalmente devido aos problemas que ocorrem a esse nível, em alguns casos específicos (Wielewicki, 2011).
Segundo os trabalhos de Bolsoni-Silva e Prette (2003) o comportamento infantil desajustado começa a ser alvo de atenção e preocupação quando se traduz em problemas de aprendizagem e linguagem inapropriada cuja causa não se observa em sinais orgânicos ou psíquicos, pelo que acabam por ser explicados através de défices emocionais, cognitivos ou de linguagem, que levam à necessidade de procurar o ensino especial.
Habitualmente as situações que suscitam mais preocupação, tanto pela observação dos estudos como do ponto de vista educacional, são as de comportamento desajustado moderado a severo, frequentemente vista em crianças que estão na fase pré-escolar e que, mais tarde, se agravam, na idade escolar (Wielewicki, 2011).
Em qualquer um dos casos, o comportamento infantil tem sempre uma história associada a ele, através da qual podemos analisar a sua origem, pelo que é importante perceber a mesma para entender o porquê de um comportamento desajustado (Bolsoni-Silva, & Prette, 2003).
Wielewiki (2011) define ainda dois tipos de comportamento infantil menos adequado, sendo eles o comportamento excessivo e o comportamento deficitário. No que concerne ao primeiro, diz respeito a atitudes que se verificam com cada vez maior intensidade e frequência, principalmente em contextos onde a expressão dos mesmos é severamente inaceitável (Wielewicki, 2011). No caso do segundo, diz respeito à fraca frequência de comportamentos que seriam desejados, principalmente nas situações em que os mesmos seriam mais esperados (Wielewicki, 2011).
Em ambos os casos, a situação torna-se prejudicial para o desenvolvimento e para a evolução saudável da criança (Wielewicki, 2011).
Para melhor compreender a forma como ambos se expressam e tendo em conta a forma como a criança aprende a assumir determinado comportamento, compreende-se que, tanto no caso do comportamento excessivo como no caso do comportamento deficitário, ambos acontecem devido a algum reforço positivo ou negativo que gerou a tendência para essa resposta (Wielewicki, 2011).
Do ponto de vista psíquico e de acordo com o DSM-IV, encontramos diferentes tipos de comportamento infantil do foro das perturbações, sendo as mesmas a perturbação de oposição, a perturbação de conduta, a perturbação de comportamento disruptivo sem especificação, estando todos eles associados a expressões externalizadoras de comportamento desviante (Wielewicki, 2011).
Os sinais referentes a qualquer um destes tipos de comportamento, de origem externalizante, podem assumir vários contornos:
- Agressão física/verbal
- Oposição
- Desafio
- Antissocial
- Impaciência
- Destruição de objetos dos outros
- Etc
(Wielewicki, 2011).
Quanto aos comportamentos infantis desajustados com contornos internalizantes, Bolsoni-Silva e Prette (2003) destacam alguns sinais tais como:
- Timidez
- Medo
- Isolamento social
- Dificuldades fisiológicas
Estes comportamentos são muitas vezes negligenciados devido à forma silenciosa como se expressam, uma vez que não causam qualquer transtorno para o meio envolvente, ao contrário dos comportamentos desajustados externalizantes que são observáveis por se manifestarem contra o meio (Bolsoni-Silva, & Prette, 2003).
Deste modo, o comportamento desajustado internalizante é mais evidenciado por meio de patologias fisiológicas tais como asma e outras dificuldades respiratórias, enurese, encoprese, nervosismo, perturbação do humor, desvio no olhar, ansiedade, lentidão, erupção cutânea, proximidade patológica com adultos, tristeza, etc (Bolsoni-Silva, & Prette, 2003).
Segundo Bolsoni-Silva e Prette (2003) para além da compreensão do comportamento infantil desajustado através do levantamento de informação acerca da história da criança, como já anteriormente foi referido, é importante ainda saber as circunstâncias em que o mesmo acontece, ou seja, se é apenas em família, se é junto de pessoas externas à família, se é junto de outras crianças, etc.
Na maioria dos casos, a patologização destes problemas acontece quando os mesmos são registados num período de, pelo menos, seis meses, e se tornam um transtorno tanto para a criança como para as pessoas que com ela convivem (Wielewicki, 2011).
Em alguns estudos sugere-se ainda a presença de sintomas de hiperatividade, comportamento desviante, agressividade e comportamento antissocial que descrevem estes indivíduos como crianças-problema (Bolsoni-Silva, & Prette, 2003).
Conclusão
O comportamento infantil tem sido alvo da investigação cientifica, principalmente do ponto de vista desajustado, uma vez que a maior preocupação dos autores é perceber as razões para que as crianças não se adaptem em alguns meios.
Para explicar estes problemas de comportamento é fundamental conhecer a história da criança e os dados que despoletam determinados sinais de desajustamento.
References:
- Bolsoni-Silva, Alessandra Turini, & Del Prette, Almir. (2003). Problemas de comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 5(2), 91-103. Recuperado em 04 de outubro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1517-55452003000200002&script=sci_arttext&tlng=es;
- Wielwicki, Annie. (2011). Problemas de comportamento infantil: importância e limitações de estudos de caracterização em clínicas-escola Brasileiras. Temas em Psicologia, 19(2), 379-389. Recuperado em 4 de outubro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2011000200003.