Brinquedoteca e saúde
No âmbito da saúde, a brinquedoteca pretende melhorar as condições terapêuticas da criança ou adolescente hospitalizados. Estes espaços promovem o desenvolvimento desta população alvo porque contribuem para a evolução do seu quadro clínico.
De acordo com as pesquisas levadas a cabo por Oliveira, Gabarra, Marcon, Silva e Macchiaverni (2009) a brinquedoteca no contexto de saúde pretende promover o desenvolvimento da criança hospitalizada, personalizando um pouco o ambiente hospitalar, com o objetivo de diminuir o peso da situação de internamento.
Segundo os autores a arte de brincar é de extrema importância tanto para o desenvolvimento como para a educação da criança, razão pela qual deve ser um recurso de intervenção metodológico e também em contexto de saúde, uma vez que torna o atendimento mais caloroso e humanizado (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009).
Ao nível da saúde mental, o desenvolvimento neuropsicomotor é um dos que mostram sinais de evolução mais evidentes, pelo que é necessário que toda a equipa que acompanha a criança, tenha sensibilidade para compreender a importância do brincar (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009).
Da mesma forma, outros estudos fazem alusão ao facto de que o internamento hospitalar de crianças e adolescentes provoca alterações ao nível do seu desenvolvimento e mesmo ao nível do seu olhar sobre o mundo (Paula, & Foltran, 2007). Por essa razão, o mesmo acaba por alterar o seu dia-a-dia, e, desta forma, a inclusão da brinquedoteca no âmbito da saúde pretende diminuir os efeitos da patologia e respetivo processo terapêutico na qualidade de vida das crianças e dos adolescentes (Paula, & Foltran, 2007).
É preciso ter em conta que, apesar de estarem limitados devido à sua condição, estes jovens não deixam, na maior parte das vezes, de ter noção daquilo que acontece ao seu redor, pelo que mantêm as suas faculdades mentais (Paula, & Foltran, 2007). Por esse motivo, eles continuam a ter vontade de participar em atividades e conversas, bem como em dar a sua opinião acerca da situação e de que a mesma seja tida em conta (Paula, & Foltran, 2007).
“A importância do brincar no hospital, felizmente, vem sendo valorizada, como se pode verificar na Lei nº 11.104 de 21 de março de 2005, a qual apresenta a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação.” (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009).
Segundo os estudos de Paula e Foltran (2007) que fazem igual referência à Lei 11.104 a propósito da obrigatoriedade das brinquedotecas nos hospitais, é importante salientar que a mesma lei provem de vários movimentos humanistas em relação aos hospitais. Estes movimentos pretendiam incluir brinquedos neste contexto, de maneira que os mesmos fossem utilizados também como recursos à intervenção terapêutica por parte dos profissionais de saúde (Paula, & Foltran, 2007).
Alguns autores afirmam ainda que se entende como brinquedoteca um espaço onde existam jogos educativos que estimulem as crianças e as suas famílias a participar de brincadeiras (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009).
Paula e Foltran (2007) corroboram este conceito ao fazer referência tanto à necessidade de materiais didáticos e lúdicos nestes espaços, como em relação à existência de pessoas que interajam com elas nos mesmos espaços, ainda que se encontrem fragilizadas (Paula, & Foltran, 2007).
De referir que a participação de todos nestas atividades lúdicas é fundamental para o sucesso terapêutico realizado nestas crianças e adolescentes (Paula, & Foltran, 2007).
No sentido de respeitar a lei vigente, os hospitais, apesar de ainda nem todos estarem preparados com os equipamentos necessários à existência de uma brinquedoteca, estão a trabalhar nesse sentido para que, aos poucos, possam cumprir com a legislação e disponibilizarem para as crianças em internamento, espaços lúdicos adaptados para o seu processo terapêutico (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009).
O empenho neste âmbito pretende promover a existência destes espaços para estimular, ao máximo, o bem-estar físico social e emocional destas crianças (Oliveira, Gabarra, Maron, Silva, & Macchiaverni, 2009; Paula, & Foltran, 2007).
Para Paula e Foltran (2007) brincar e rir são duas coisas fundamentais para a promoção da saúde e do bem-estar emocional, físico e intelectual, inerente à condição humana, cujo efeito se traduz na mudança evolutiva e positiva que se observa no comportamento das crianças hospitalizadas.
Conclusão
Verifica-se que a brinquedoteca, no âmbito da saúde, é indispensável para o processo de tratamento de crianças e adolescentes, uma vez que contribui de forma bastante positiva para o seu desenvolvimento, melhoria da sua qualidade de vida em situação de internamento e ainda diminui a despersonalização do espaço. Por todas estas razões é importante que exista este espaço dentro de todos os hospitais, para que crianças, adolescentes e adultos possam participar das brincadeiras, já que se trata de um recurso que funciona, principalmente, pela participação de todos.
References:
- Oliveira, Lecila Duarte Barbosa, Gabarra, Letícia Macedo, Marcon, Claudete, Silva, Julia Laitano Coelho, & Macchiaverni, Juliana. (2009). A brinquedoteca hospitalar como fator de promoção no desenvolvimento infantil: relato de experiência. Jornal of Human Growth and Development, 19 (2), 306-312. Recuperado em 19 de setembro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-12822009000200011&script=sci_arttext&tlng=es;
- Paula, E.M.A.T., & Foltran, E.P. (2007). BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: DIREITO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES HOSPITALIZADOS. Revista Conexão UEPG, 101. 17.124. Disponível em http://177.101.17.124/index.php/conexao/article/view/3828.