Ludoterapia comportamental
A ludoterapia comportamental é muito utilizada com crianças e visa criar um paralelismo entre a brincadeira e o mundo real. Para tal é importante a participação das mesmas na intervenção e procurar compreender os processos inerentes à sua forma de brincar.
A revisão da literatura permite-nos compreender que a ludoterapia comportamental, usada fundamentalmente no processo de tratamento realizado junto de crianças, tem o intuito de avaliar os problemas infantis através do olhar das atividades lúdicas (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
De acordo com as pesquisas de Gadelha e Menezes (2004) entende-se por ludoterapia comportamental, todo o processo psicoterapêutico que envolve o recurso a jogos, brinquedos, desenhos e livros de histórias com o objetivo de perceber alterar um comportamento.
Assim é possível controlar o comportamento, bem como perceber os sentimentos espelhados nas brincadeiras, promover o autoconhecimento e a aprendizagem de comportamentos mais adequados nas crianças e, abarcando todas estas estratégias, orientar as mesmas socialmente, no atendimento psicológico (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
O objetivo da ludoterapia comportamental é exatamente o de encontrar recursos que permitam o desenvolvimento vital saudável para estas crianças através dos jogos e das fantasias que permitem identificar motivos para determinados comportamentos menos adequados (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
Não nos podemos esquecer ainda que a arte de brincar permite encontrar comportamentos alternativos mais adequados para determinadas situações, uma vez que a criança tem a possibilidade de observar o seu método de brincadeira e corrigir aquilo que é menos bem conseguido e melhorar a sua relação com o ambiente (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
Uma vez que as brincadeiras escolhidas são reflexos da vida diária destas crianças, a ludoterapia comportamental vem, precisamente, no sentido de encontrar alternativas de comportamento e situações que se possam comparar com a vida real (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000). Esta possibilidade de comparar a brincadeira com a vida real vem no sentido de a criança se orientar pelos seus próprios padrões de comportamento junto de amigos e familiares quando fala das relações entre os personagens da história (Gadelha, & Menezes, 2004).
Assim a criança ao planear a sua brincadeira, tendo em conta os brinquedos existentes à sua disposição encontra a forma mais bem sucedida de adicionar aprendizagens e habilidades ao seu dia a dia (Gadelha, & Menezes, 2004). Com base neste ponto de vista podemos dizer que o brinquedo é um meio saudável de estimular o desenvolvimento social, emocional e intelectual das crianças (Gadelha, & Menezes, 2004).
A psicoterapia junto das crianças não difere muito da psicoterapia que se usa junto dos adultos, no entanto, o recurso à ludoterapia comportamental é fundamental no primeiro caso, já que é necessário ter em atenção a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra, para que se possa encontrar os recursos específicos adequados à sua fase, habitualmente, lúdicos (Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
Importa ainda sublinhar que o recorrer à ludoterapia no processo da monitorização comportamental junto de crianças, é fundamental para reforçar a motivação das mesmas, já que lhes é muito mais fácil aderir a qualquer processo terapêutico se for introduzida a questão da brincadeira (Gadelha, & Menezes, 2004).
É necessário ainda, na ludoterapia comportamental, que a criança seja uma figura ativa do processo psicoterapêutico para que o processo seja mais eficaz, pelo que se pode recorrr a várias estratégias, a saber:
- Envolver a criança na brincadeira
- Focar sentimentos, pensamentos, fantasias e ambiente em que a criança se insere
- Intervir no âmbito daquilo que está na origem do problema
- Psicoterapia estruturada, diretiva e focalizada, pelo que o psicólogo deve ajudar a criança a definir o seu objetivo
- O processo deve ser realizado com base em estratégias cuja eficácia está comprovada
- Possibilidade de analisar empiricamente e estudar os efeitos da terapia
(Guerrelhas, Bueno, & Silvares, 2000).
Para tal, Gadelha e Menezes (2004) consideram que a ludoterapia comportamental pode ser exercida com recurso a diferentes objetos que sejam passíveis de usar como brinquedos, isto é, um pedaço de madeira pode ser usado como um boneco, com uma folha pode construir-se um barquinho, etc, ou seja, o importante é que determinado objeto permita iniciar uma brincadeira.
Conclusão
A ludoterapia comportamental utilizada com crianças permite encontrar respostas aos seus problemas e intervir junto das mesmas de uma forma muito mais eficaz do que seria conseguido num processo em que não se introduzisse esta técnica. Entendemos como ludoterapia todo o processo que inclua objetos possíveis de usar como brinquedos e com os quais se possa criar um cenário imaginado pela criança, no qual, ela vai espelhar factos da sua própria realidade.
References:
- Gadelha, Yvanna Aires, & Menezes, Izane Nogueira. (2004). Estratégias lúdicas na relação terapêutica com crianças na terapia comportamental. Universidade de Ciências da Saúde, Brasília, v.2, n.1, p.1-151, jan/jun. 2004. Disponível em http://publicacoes.uniceub.br/index.php/cienciasaude/article/view/523/344;
- Guerrilhas Fabiana, Bueno Mariana, & Silvares Edwiges Ferreira de Mattos. (2000). Grupo de ludoterapia comportamental’ X Grupo de espera recreativo infantil. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2(2), 157-169. Recuperado em 23 de setembro de 2016 em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452000000200006.