O alimento funcional é todo aquele alimento ou componente alimentar que pode fornecer um efeito benéfico na saúde para além da nutrição básica, embora não exista ainda uma definição legal exata.
Alimentos funcionais devem os seus benefícios à presença de fitoquímicos
Os alimentos funcionais apresentam propriedades benéficas para a saúde porque contêm na sua composição compostos de ocorrência natural designados por fitoquímicos. Estes compostos, contudo, não são classificados como nutrientes e também não formam um grupo homogéneo, pois pertencem a uma grande variedade de grupos de moléculas orgânicas.
De fato, os fitoquímicos são compostos diversificados que variam de planta para planta e incluem pigmentos (tais como carotenoides e antocianinas), flavonoides, antioxidantes, fibras alimentares, ácidos gordos, fitoestrogénios e tantos outros compostos que têm sido associados com a prevenção de diversas doenças.
A palavra fitoquímico significa etimologicamente químico das plantas e, isso, já fornece a indicação de que diversos alimentos de origem vegetal se apresentam como fontes ricas para estes compostos.
A abundancia em fitoquímicos é uma das razões pela qual o consumo de frutas e vegetais é recomendado por nutricionistas (ao invés de, por exemplo, de uma bebida artificial enriquecida com vitaminas). Claro que estes alimentos tendem também a serem ricos em vitaminas e minerais e serem baixo-calóricos.
Se compararmos as vitaminas com os fitoquímicos, verificamos que as vitaminas são descritas como substâncias essenciais para a vida e, por isso, consideradas nutrientes essenciais e têm uma dose recomendada diária. Já os fitoquímicos são substâncias presentes em plantas que podem beneficiar a saúde, muito embora são sejam considerados como essenciais para a saúde.
A razão pela qual as plantas são ricas em fitoquímicos se deve ao próprio benefício que estes compostos trazem para si mesmas. Por exemplo, uma laranja possui no mínimo 170 fitoquímicos distintos. Os fitoquímicos, isolados ou em conjunto, desempenham nas plantas funções de defesa contra os danos provocados pelos radicais livres e espécies reativas de oxigénio, contra a radiação ultravioleta da luz solar e contra agentes patogénicos (como algumas bactérias e fungos). Nós humanos, ao ingerirmos alimentos de origem vegetal, os fitoquímicos consumidos serão distribuídos pelos nossos tecidos e poderão fornecer alguns dos mesmos benefícios que as plantas usufruem.
Alimentos enriquecidos com ingredientes funcionais
Os primeiros avanços no desenvolvimento de alimentos funcionais consistiram na fortificação de certos alimentos com nutrientes essenciais. Diversas vitaminas e minerais, tais como a vitamina C, vitamina E, ácido fólico, zinco, ferro e cálcio eram (e ainda são) adicionadas a vários tipos de alimentos como cereais de pequeno-almoço, sumos de fruta, etc.
Posteriormente, a indústria alimentar passou a enriquecer os alimentos com vários micronutrientes, tais como ácidos gordos de ómega-3, fitosteróis, fibras solúveis com o objetivo de promover boa saúde e prevenir doenças. Mais recentemente, as firmas alimentares têm tomadas novas medidas para desenvolver produtos alimentares que oferecem múltiplos benefícios para a saúde num único alimento.
Alimentos enriquecidos com pré- e probióticos
Alimentos enriquecidos com prebióticos e probióticos são considerados alimentos funcionais:
a) Os prebióticos são hidratos de carbono de cadeia curta que são indigestíveis por enzimas digestivas humanas mas promovem seletivamente a atividade de alguns grupos de bactérias benéficas.
No trato intestinal, bactérias benéficas fermentam os prebióticos e produzem ácidos gordos de cadeia curta. No intestino grosso, os prebióticos também trazem muitos outros benefícios para a saúde como a redução do risco de cancro e o aumento da absorção de cálcio e magnésio.
b) Os probióticos são definidos como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro.
Os alimentos com probióticos são benéficos para a saúde uma vez que ajudam na manutenção de um bom equilíbrio da composição da microbiota intestinal, na proteção contra agentes patogénicos gastrointestinais, na melhoria do sistema imunitário, na redução do nível de colesterol no soro e da pressão arterial, na atividade anticarcinogénica, numa rentabilização da utilização dos nutrientes dos alimentos.
Os microrganismos probióticos estão geralmente disponíveis como concentrados de culturas em forma seca ou congelada para serem adicionados a um alimento tanto no contexto industrial como doméstico. Eles podem ser consumidos inseridos em produtos alimentares (fermentados ou não) ou como suplementos alimentares (nas formas de pó, de cápsulas ou de comprimidos). Consumo dos microrganismos probióticos através de produtos alimentares é o método mais comum presentemente.
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