Selecção Portuguesa de Futebol 1996

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Campeonato Europeu 1996 – Inglaterra

Depois de um interregno de dez anos, Portugal voltou aos grandes palcos ao qualificar-se para o Euro 96, realizado em Inglaterra, com uma selecção recheada de jogadores da chamada “geração de ouro“. A selecção portuguesa conseguiu uma prestação razoável, vencendo o seu grupo sem qualquer derrota, e deixando para trás a Dinamarca, campeã em título.

No entanto, acabaria por sair derrotada nos quartos-de-final frente à estreante República Checa, graças ao inesquecível “chapéu” de Karel Poborsky. Os checos haveriam de surpreender o Mundo, ao chegar à final, onde perderam com a Alemanha.

Portugal apresentou no Euro 96 um lote de jogadores de topo europeu. Vítor Baía, guarda-redes do FC Porto era o titular indiscutível da baliza portuguesa. A defesa era composta quase exclusivamente por jogadores que actuavam em Portugal, com excepção de Fernando Couto, que actuava no Parma de Itália. A lateral esquerda estava entregue a Dimas, Hélder juntava-se a Couto no eixo defensivo, com Paulinho Santos e Secretário a alternarem no lado direito da defesa.

No meio campo, Oceano, Rui Costa, Paulo Sousa e Luís Figo invertiam a tendência, compondo um sector onde três dos quatro jogadores actuavam no estrangeiro.

Na frente de ataque, a dupla Pinto – João e Sá – completavam o “onze” principal, com Domingos e Jorge Cadete a espreitarem a oportunidade.

Foi o ressurgir de uma selecção nacional, que desde então falharia apenas a presença no Mundial de 1998, em França, ao longo dos 20 anos seguintes.

 

Jogadores convocados:

Guarda-Redes: Vítor Baía (FC Porto), Alfredo Castro (Boavista FC), Rui Correia (SC Braga)

Defesas: Secretário (FC Porto), Paulinho Santos (FC Porto), Fernando Couto (Parma AC), Dimas (Benfica), Hélder (Benfica), Paulo Madeira (Belenenses)

Médios:  Oceano (Sporting), Carlos Tavares (Boavista FC), Vítor Paneira (Vit.Guimarães), Rui Costa (Fiorentina), Pedro Barbosa (Sporting), Paulo Sousa (Juventus), Luís Figo (FC Barcelona)

Avançados: João Pinto (Benfica), Sá Pinto (Sporting), Cadete (Celtic FC), Domingos (FC Porto), Folha (FC Porto), Porfírio (Leiria)

Seleccionador: António Oliveira

 

Clubes Representados:

FC Porto: 5 jogadores

Benfica e Sporting: 3 jogadores

Boavista FC: 2 jogadores

BelenensesSC BragaVit.GuimarãesFiorentinaJuventusFC BarcelonaCeltic FC e Parma AC: 1 jogador

 

Fase de qualificação: domínio tranquilo

Foi uma fase de apuramento bem disputada por parte da selecção portuguesa, que integrou o grupo 6 da qualificação para o europeu de Inglaterra. Portugal apenas perdeu por uma vez, frente à República da Irlanda, por 1-0, tendo cedido dois empates – ao receber a Irlanda do Norte e na deslocação à Áustria, ambos a uma bola.

A equipa das quinas começou bem, com quatro vitórias seguidas, sobre os restante quatro adversários do grupo, até à derrota na Irlanda, tendo posteriormente recuperado o 1º lugar do grupo, onde se manteve até ao final.

No último jogo, só uma nova derrota em casa com os irlandeses poderia afastar Portugal da fase final do Europeu, terminando em igualdade pontual, mas com desvantagem no confronto directo. No entanto, o Estádio da Luz encheu para ver Portugal despachar a Irlanda por 3-0, com golos de Rui Costa (e que golo!), Hélder e Jorge Cadete, ao cair do pano. Dez anos depois, a selecção lusa estava numa fase final de um torneio internacional.

Grupo 6 J V E D GM GS DG Pts
1 Portugal Portugal 10 7 2 1 29 7 22 23
2 República da Irlanda Rep. da Irlanda 10 5 2 3 17 11 6 17
3 Irlanda do Norte Irlanda do Norte 10 5 2 3 20 15 5 17
4 Áustria Áustria 10 5 1 4 29 14 15 16
5 Letónia Letónia 10 4 0 6 11 20 -9 12
6 Liechtenstein Liechtenstein 10 0 1 9 1 40 -39 1

 

Fase de Grupos: Em primeiro e sem derrotas

Num grupo que incluía a campeã europeia em título, e contra quem se estreou, Portugal alcançou o 1º lugar, qualificando-se sem derrotas para os quartos-de-final, com 7 pontos.

No 1º jogo, frente à Dinamarca, a selecção portuguesa entrou mal, com um lance infeliz de Vítor Baía, que chutou a bola contra a cara do avançado dinamarquês num lance de reposição, dando origem à jogada que culminou com o 1-0, apontado por Brian Laudrup, aos 22 minutos. Na 2ª parte, Sá Pinto fez o golo da igualdade num cabeceamento ao segundo poste, na sequência de um cruzamento. O empate acabou por saber a pouco, em virtude do melhor futebol jogado pela selecção lusa.

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Um duelo bem disputado frente à Dinamarca

No encontro da 2ª jornada, frente à inexperiente selecção turca, que tinha perdido contra a Croácia, uma vitória por 1-0 foi o suficiente para lançar Portugal no caminho do apuramento. Numa partida disputada à tarde, um golo de Fernando Couto, num pontapé de ressaca de fora da área garantiu os três pontos.

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Fernando Couto foi o herói frente à Turquia

À entrada para a última jornada, um empate bastava contra a Croácia, que tinha ganho os seus dois primeiros jogos. No entanto, numa tarde inspirada, Figo (4′), João Pinto (33′) e Domingos (82′) arrumaram a questão do apuramento com três golos sem resposta, assegurando o 1º lugar no Grupo D.

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Vitória “sem espinhas” contra os croatas

 

 

Grupo D J V E D GM GS DG Pts
1 Portugal Portugal 3 2 1 0 5 1 4 7
2 Croácia Croácia 3 2 0 1 4 3 1 6
3 Dinamarca Dinamarca 3 1 1 1 4 4 0 4
4 Turquia Turquia 3 0 0 3 0 5 -5 0

 

Dinamarca 1-1 Portugal
Portugal 1-0 Turquia
Portugal 3-0 Croácia

Quartos-de-final: de se tirar o chapéu

Há golos… e há golos. E o golo que eliminou Portugal do Euro 96 foi daqueles que dificilmente sairá da memória de quem o viu e reviu. Karel Poborsky, antigo jogador do Benfica, foi o autor do “chapéu” que deu a vitória à República Checa nos quartos-de-final, pondo um fim às ambições legítimas da selecção das quinas.

O relógio marcava 53 minutos, quando o jogador checo fez a obra de arte, após ganhar alguns ressaltos pelo meio, colocando a formação de leste na frente do marcador. Portugal bem tentou inverter o rumo do jogo, com António Oliveira a lançar Domingos (para o lugar de Sá Pinto, ao intervalo) e Jorge Cadete (para o lugar de Luís Figo, aos 82′). E este último teve na cabeça o golo do empate à beira do fim, num cabeceamento que levou a bola a passar rente ao poste. Nem com a expulsão de Latal a pouco menos de dez minutos do fim Portugal conseguiu evitar a derrota.

A equipa lusa era favorita, mas a República Checa já tinha provado ser um “osso duro de roer”, ao qualificar-se no Grupo C, deixando a Itália pelo caminho. E viria a ser mesmo a surpresa do torneio, ao eliminar a França nas meias-finais, perdendo apenas na final contra a Alemanha, chegando mesmo a estar em vantagem.

Novamente, o fim da linha chegou mais cedo do que era esperado para a selecção nacional portuguesa numa competição da UEFA.

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Um “chapéu” de Poborský mandou Portugal para casa mais cedo

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References:

http://pt.uefa.com/uefaeuro/season=1996/standings/index.html

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