O licopeno é um pigmento natural de cor vermelha pertencente ao grupo dos carotenóides, encontrado em algumas frutas como é o caso do tomate e tem propriedades antioxidantes.
Estrutura química do licopeno
O licopeno (ver Figura 1), sendo da família dos carotenóides, é constituído por treze ligações duplas, sendo que onze são conjugadas e as restantes duas não são conjugadas. Possivelmente, é esta característica específica do licopeno de possuir duas ligações duplas não conjugadas que lhe confere uma afinidade especial para combater o oxigénio singlet (1O2).
As propriedades antioxidantes do licopeno e de outros carotenóides deve-se à existência de inúmeras ligações duplas com as quais os radicais livres reagem e são neutralizados.
No tomate, o licopeno encontra-se na sua forma trans-, mas quando exposto a acção térmica (por exemplo, no processamento dos alimentos) e química (por acção de enzimas digestivas) a molécula sofre uma modificação para uma forma cis-, forma esta que é mais facilmente absorvida pelo organismo.
O licopeno e a sua biodisponibilidade
A absorção do licopeno tem uma relação directa com a biodisponibilidade do mesmo nos seus frutos de origem, como o tomate.
Por biodisponibilidade entende-se a quantidade de composto que é possível ser extraído, neste caso, das células do tomate. Estudos realizados demonstram que o processamento dos alimentos fontes de licopeno aumenta a sua biodisponibilidade. Isto porque a acção do calor sobre as células provoca a ruptura das paredes celulares e, consequentemente há uma maior libertação do carotenoide.
Contudo, o processamento pode conduzir a uma degradação não desejada de licopeno que não afecta apenas a qualidade do produto final, mas também os benefícios trazidos à saúde humana nas comidas baseadas em tomate. Na fruta fresca, este carotenóide ocorre essencialmente na forma isomérica trans, mais estável. As principais causas de degradação durante o processamento são a isomerização, tornando a substância mais instável, daí que, por acção do tempo, seja promovida a sua oxidação. Todavia, a absorção do licopeno pelo organismo dá-se mais facilmente quando este se encontra na forma cis, criando-se, deste modo, um paradoxo entre os benefícios trazidos ou não pelo processamento deste fruto.
A biodisponibilidade do licopeno é afectada pela matriz alimentar. Estudos demonstram que a presença de certas fibras alimentares, por exemplo a pectina, diminuem a absorção do licopeno visto que aumentam a viscosidade do meio, o que interfere com a formação de micelas (meio de transporte do licopeno para o organismo), e ainda, alguns autores sugerem que é possível que haja uma competição entre os carotenóides na incorporação das micelas, na absorção intestinal, transporte linfático ou em mais de um nível, o que diminui a sua biodisponibilidade.
Licopeno e saúde
A existência de licopeno no sangue diminui a deposição do mau colesterol nas artérias por evitar a oxidação das LDL (low density lipoproteins) e a sua posterior agregação às paredes dos vasos, diminuindo, desta forma, o risco de ocorrência de ateroesclerose e enfartes do miocardio.
Como antioxidante, a sua ação é bastante positiva na saúde, pois controla a acção dos radicais livres existentes nas células por forma a que estes não danifiquem o material genético nem oxidem precocemente os seus organelos. Acredita-se mesmo que o licopeno tem efeitos retardarores no envelhecimento das células e promotores na renovação eficaz das mesmas.
Durante a irradiação ultravioleta (UV), a pele é exposta às danificações oxidativas. O dano foto-oxidativo afecta os lípidos, as proteínas e o DNA das células e promove o cancro da pele. Felizmente, vários estudos indicam que o licopeno pode ter um efeito protector das células da pele.
References:
- Moritz, Bettina, & Tramonte, Vera Lúcia Cardoso. (2006). Biodisponibilidade do licopeno. Revista de Nutrição, 19(2), 265-273.
- Nunes, Itaciara L., & Mercadante, Adriana Z.. (2004). Obtenção de cristais de licopeno a partir de descarte de tomate. Food Science and Technology (Campinas), 24(3), 440-447.
- Shami, Najua Juma Ismail Esh, & Moreira, Emília Addison Machado. (2004). Licopeno como agente antioxidante. Revista de Nutrição, 17(2), 227-236.