O beta-caroteno ou β-caroteno é um pigmento de cor laranja e é o principal precursor da vitamina A. O β-caroteno é um membro da família dos carotenóides, que são compostos lipossolúveis fortemente pigmentados de tons alaranjados naturalmente presentes em muitas frutas, cereais, vegetais e óleos.
O β-caroteno é um pigmento acessório da fotossíntese
O β-caroteno tal como os outros carotenóides são encontrados fundamentalmente em cromoplastos e em cloroplastos, organelos presentes nas células vegetais. Os carotenóides, inclusive o β-caroteno, desempenham um papel importante na fotossíntese. São pigmentos acessórios que absorvem radiação luminosa em comprimentos de onda um pouco diferentes daqueles absorvidos pela clorofila (pigmento principal da fotossíntese), complementando o espectro de absorção da clorofila. A presença desses pigmentos acessórios confere às folhas cores alaranjadas, sobretudo visíveis no Inverno quando a quantidade de clorofila diminui nas folhas das árvores de folha caduca.
O β-caroteno é convertido em vitamina A
Muitos carotenóides podem ser convertidos em vitamina A pelo organismo e são denominados de provitamina A. O β-caroteno é um dos carotenóides mais abundantes nos alimentos e o que mais eficientemente é convertido em vitamina A. Estima-se que 6 mg de β-caroteno equivale a 1 mg de vitamina A e, por ser lipossolúvel, a sua biodisponibilidade é maior quando ingerido junto com alimentos gordos (na presença de lípidos).
A proporção de β-caroteno, que pode ser absorvido, transportado e utilizado pelo corpo humano uma vez que tenha sido consumido (i.e., biodisponibilidade) depende de um número de factores: suplementos dietéticos de β-caroteno são melhores absorvidos que o β-caroteno alimentar; picar, misturar mecanicamente e cozinhar os alimentos aumenta a biodisponibilidade de β-caroteno, e a ingestão simultânea de gordura é necessária para a absorção do β-caroteno.
A conversão do β-caroteno em vitamina A envolve a clivagem do β-caroteno que pode ser efectuada pela enzima β-caroteno 15,15′-dioxigenase (EC 1.13.11.21) ou por outros mecanismos. A extensão da conversão de uma fonte altamente biodisponível de β-caroteno dietético em vitamina A em seres humanos varia entre 60 e 75 %, com 15 % adicionais de β-caroteno absorvido intacto. Contudo, a absorção da maior parte dos carotenóides a partir dos alimentos é consideravelmente inferior e pode ser tão baixo como 2 %.
A ingestão de frutas e verduras assegura as necessidades diárias de vitamina A
As melhores fontes de β-caroteno são vegetais amarelados ou alaranjados (e.g., cenouras, batata doce e abóbora), frutos alaranjados (e.g., damasco, melão, papaia, manga, nectarina e pêssego) e hortaliças de folhas verdes escuras (e.g., espinafre, brócolos, couve, chicória e agrião).
A Ingestão de β-caroteno em quantidades adequadas é importante, uma vez que atua como uma fonte segura de vitamina A, promovendo uma boa visão e saúde ocular, um sistema imunológico forte e uma pele saudável. O β-caroteno também actua como um antioxidante que ajuda a proteger o organismo contra os efeitos prejudiciais dos radicais livres, os quais podem aumentar o risco de desenvolvimento de certas doenças, incluindo doenças cardiovasculares e cancros.
A concentração de carotenóides no sangue são a melhor indicação do consumo de frutas e vegetais. Os carotenóides mais prevalentes no soro humano são os mesmos que mais frequentemente são encontrados na dieta: o β-caroteno, o licopeno e a luteína. Os carotenóides são transportados no sangue exclusivamente por lipoproteínas. A recepção dos carotenóides em tecidos extra-hepáticos é conseguida através da interacção dos receptores com partículas de lipoproteínas e a degradação das lipoproteínas por enzimas como a lipoproteína lipase. Os carotenóides estão presentes em vários tecidos humanos, incluindo o tecido adiposo, fígado, rim, supra-renal mas o tecido adiposo e o fígado são os principais locais de armazenamento.
References:
- Anderson, S.M., Krinsky, N.I. (1973). Protective action of carotenoid pigments against photodynamic damage to liposomes. Photobiol., 18: 403–408.
- Burri, B.J. (1997). Beta-Carotene and Human Health: A Review of Current Research. Nutrition Research, 17(3): 547-580.
- Krinsky, N.I., Johnson, E.J. (2005). Carotenoid actions and their relation to health and disease. Molecular Aspects of Medicine, 26: 459–516.
- Naves, M.M.V. (1998). Beta – Caroteno e Câncer. Rev. Nutr., Campinas, 11(2): 99-115.