Conceito de Xenofobia
Xenofobia é uma forma de racismo e de discriminação contra pessoas estrangeiras. O preconceito gerado pela xenofobia é algo controverso. Geralmente manifesta-se através de ações discriminatórias e ódio por estes indivíduos e mesmo por materiais estrangeiros.
O preconceito gerado pela xenofobia é algo controverso embora se manifeste, geralmente, através de ações discriminatórias e ódio por indivíduos estrangeiros (Dopcke, 2001). O xenófobo assume um comportamento de intolerância e aversão por aqueles que vêm de outros países ou diferentes culturas, desencadeando diversas reações (Dopcke, 2001)
Contudo, nem todas as formas de discriminação contra minorias étnicas, diferentes culturas, subculturas ou crenças podem ser consideradas xenofobia, porque, em muitos casos, são atitudes associadas a conflitos ideológicos, choque de culturas ou mesmo motivações políticas (Vaitsman, 1998).
Vaitsman (1998) considera comportamentos de xenofobia de acordo com o reconhecimento, pelo xenófobo, acerca da diferença de cultura e identidade em relação à vítima de xenofobia. Este indivíduo, habitualmente, assume uma postura de insegurança em relação ao outro e a qualquer grupo ou associação reconhecido que procure acolher o indivíduo estrangeiro (Vaitsman, 1998). O autor refere-se a grupos profissionais, étnicos, religiosos, nacionais, culturais etc, cuja xenofobia abarca questões acerca da negociação do seu espaço na esfera pública, negociação de fronteiras, relações internacionais, e acaba por culminar num conjunto de atitudes de exclusão que anulam completamente os indivíduos ou grupos minoritários (Vaitsman, 1998).
Alem disso, também pode assumir contornos relacionados com discriminação em contextos do dia-a-dia, tais como a utilização de serviços de saúde ou de usufruto de bens necessários (Vaitsman, 1998).
O racismo, por sua vez, diferentemente do preconceito, é muito mais do que uma atitude (Lima,&Vala, 2004). É constituído por um processo de hierarquização, exclusão e discriminação contra um indivíduo ou toda uma categoria social que é diferente com base em alguma marca física externa real ou imaginada, a qual é re-significada em termos culturais internos que definem padrões de comportamento, como por exemplo, a cor da pele sendo negra (marca física externa) o que pode implicar, na perceção do sujeito (indivíduo ou grupo), que o indivíduo é preguiçoso, agressivo porém alegre (marca cultural interna) (Lima,&Vala, 2004).
É neste sentido que, o racismo se torna redutor no que concerne à cultura e a questões biológicas e que leva a que um dependa do outro (Lima,&Vala, 2004).
O fenómeno pode ser distinguido do preconceito por uma série de características tais como o fato de o racismo estar associado a uma crença na distinção natural entre os grupos, ou melhor, envolver uma crença que naturaliza as diferenças entre os grupos, pois vem ligada à ideia de que os grupos são diferentes porque possuem elementos essenciais que os fazem diferentes, ao passo que o preconceito não implica a naturalização das diferenças (Lima,&Vala, 2004).
Alem disso, o racismo difere do preconceito ainda na medida em que não existe apenas a um nível individual, mas também a nível institucional e cultural (Lima,&Vala, 2004).
Lima e Vala (2004) dizem que isto é uma consequência do fato de o racismo englobar os processos de discriminação e de exclusão social, enquanto o preconceito permanece normalmente como uma atitude. Tendo definido e diferenciado o racismo do preconceito, podemos agora analisar as novas formas de expressão destes dois fenómenos nas relações intergrupais (Lima,&Vala, 2004).
A população mundial tem produzido resultados muito diferentes quanto ao tipo de ordem política desejada de valores como igualdade, respeito à diferença e universalidade (Lima, & Vala, 2004).
A partir destes pressupostos, define-se a conceção ativa de cidadania, segundo a qual os cidadãos empenham-se em traduzir determinados direitos universais, como a saúde, bens públicos especificados (tipos de recursos de saúde), distribuídos de forma justa e decente, segundo uma filosofia comunitária (Lima, & Vala, 2004).
Se estes valores forem assumidos à risca, permitem que todo o cidadão tenha o direito de participar nas questões políticas, como por exemplo, poder ser eleitor e cliente das mesmas, quando desenvolvidas por políticos profissionais.
Conclusão
Podemos dizer que a xenofobia assume contornos de aversão a pessoas provenientes de outras origens, semelhante ao racismo. O preconceito inerente a este tema rodeia a população, a nível cultural, institucional e individual.
References:
- Dopcke, W. o Ocidente deveria indenizar as vítimas do tráfico transatlântico de escravos? Reflexões sore a Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Intolerância Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata. Bras. Polit. Int [online] 2001 44(2) [cited 2016-07-03]: pp. 26-45. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v44n2/a02v44n2.pdf
- Lima, M.E.O., & Vala, J. As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Psicologia [online]. 2004, 9(3) [cited 2016-07-03], pp: 401-411. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n3/a02v09n3.pdf
- Vaitsman, J. Igualdade e diferença. Equalityanddifference. História, Ciências, Saúde [online]. Nov. 1997-Fev, 1998, Vo IV (3). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v4n3/v4n3a08.pdf