Substâncias ilícitas são, normalmente, psicoativas e alvo de consumo por parte de qualquer pessoa, normalmente, devido a não existirem programas de prevenção adequados.
Os estudos que dizem respeito ao tema das substâncias ilícitas preocupam-se com a utilização abusiva das mesmas, especialmente na fase da adolescência, onde os contornos de consumo já atingiram gravidade do ponto de vista da saúde pública (Souza, Souza, Daher, & Calais, 2015).
Uma das razões que levam à gravidade do abuso de substâncias é a estigmatização a que estes jovens ficam sujeitos ao enveredar pelo consumo (Cruz, & Machado, 2013).
São consumidas de forma abusiva, pelos jovens, habitualmente, substâncias psicoativas cuja experiência de consumo costuma estar também relacionada com motivos de identidade social, aceitação no grupo de pares e situação de vulnerabilidade (Souza, Souza, Daher, & Calais, 2015).
É necessário ter a noção de que a utilização de substancias ilícitas não é influenciada por contextos específicos, ou seja, pode ser feita independentemente da cor, do género, da classe social, do nível sócio económico (nse), da orientação sexual, das crenças, etc (Souza, Souza, Daher, & Calais, 2015).
Tendo em conta que o abuso de substâncias é independente destas variáveis, será então necessário focar a importância de promover o controlo social do consumo, recorrendo, por exemplo, a programas que visem trabalhar o autocontrolo, de modo a minimizar os danos, principalmente comportamentais (Cruz, & Machado, 2013).
Variáveis que podem, realmente, influenciar o consumo são o facto de os jovens de alguma forma estarem colocados à margem da sociedade, passando por diversos problemas relacionados com políticas públicas que não respondem às suas reais necessidades, tais como, ausência de programas de prevenção, principalmente no contexto escolar e até mesmo no posto de saúde mais próximo (Souza, Souza, Daher, & Calais, 2015).
Trabalhos levados a cabo por Cruz e Machado (2013) já davam estas indicações no que concerne à marginalização dos jovens, uma vez que observaram que os mesmos, não vendo respondidas as suas necessidades e problemas sociais, tendem a procurar um refúgio no abuso de sustâncias ilícitas, principalmente, psicoativas.
Conclusão
O abuso de substâncias ilícitas trata-se de um problema de saúde pública, porque, além de poder afetar qualquer indivíduo independentemente da sua origem, provoca danos, principalmente comportamentais e sociais. A maioria dos jovens que consomem, encontram neste tipo de substâncias uma espécie de “escape” ao facto de não verem as suas necessidades atendidas devido às limitações nas políticas públicas vigentes, tais como por exemplo, ausência de programas de prevenção adequados.
References:
- Cruz, Olga Souza, & Machado, Carla. (2013). Intervenção no fenómeno das drogas: algumas reflexões e contributos para a definição de boas práticas. Psicologia, 27(1), 13-31. Recuperado em 20 de maro de 2019, de http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492013000100002&lng=pt&tlng=pt.
- Souza, Maira Ribeiro de, Souza, Cássia Ribeiro de, Daher, Camila Marques Silva, & Calais, Lara Brum de. (2015). Juventude e drogas: uma intervenção sob a perspectiva da Psicologia Social. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(1), 66-78. Recuperado em 20 de maro de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-89082015000100006&lng=pt&tlng=pt.