Psicofarmacologia

A psicofarmacologia é estudada desde s anos 50 devido à necessidade cada vez maior de utilizar dois métodos de tratamento em saúde mental.

Psicofarmacologia

A psicofarmacologia é estudada desde a segunda metade do séc. XX devido à necessidade cada vez maior de utilizar dois métodos de tratamento em saúde mental.

Moreno, Moreno e Soares (1999) referem que a psicofarmacologia de antidepressivos data do fim dos anos cinquenta, como resposta para tratar a depressão, tal como já se tratavam outras enfermidades como a diabetes e a hipertensão arterial, por exemplo.

De acordo com Gorenstein e Scvavone (1999) os primeiros tratamentos ao nível de transtornos psiquiátricos, tais como a mania, foram feitos com antipsicóticos e, mais tarde, com benzodiazepinas, já no final da década de quarenta.

Antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e antimaníacos, foram psicofármacos que começaram a surgir já no final dos anos cinquenta (Gorenstein, & Scavone, 1999).

A princípio, até aos anos oitenta, existiam os tricíclicos e os inibidores, contudo, podiam ter efeitos secundários ao nível da sobredosagem, além de não se perceber exatamente o seu princípio ativo (Moreno, Moreno, & Soares, 1999).

Foi dos anos oitenta para a frente que surgiram antidepressivos não provocadores de efeitos secundários e que apenas atuam ao nível das especificidades disfuncionais do organismo (Moreno, Moreno, & Soares, 1999).

O princípio ativo destes fármacos, é de aumentar a potência das sinapses dos neurotransmissores, agindo em diferentes receptores e enzimas específicos, ao longo de duas a quatro semanas (Moreno, Moreno, & Soares, 1999).

Uma vez que houve necessidade de aperfeiçoar a qualidade dos princípios ativos psicofarmacológicos de cada antidepressivo, os estudos debruçaram-se sobre esse aspecto já que cada psicofármaco tem uma função diferente (Moreno, Moreno, & Soares, 1999), pelo que o investimento em técnicas mais evoluídas focadas na biologia molecular, é fundamental para atuar sob as perturbações psiquiátricas mais comuns (Gorenstein, & Scavone, 1999).

O que Gorenstein e Scavone (1999) perceberam nos seus estudos sobre a psicofarmacologia, foi a necessidade de estudar mais profundamente o Sistema Nervoso Central (SNC) e a forma como a psicopatologia se processa no organismo, no sentido de melhorar a composição dos psicofármacos cujos agentes vão agir ao nível da atividade cerebral.

Ao nível das hospitalizações, o avanço da psicofarmacologia foi também bastante importante, já que, com a entrada destes fármacos, foi possível diminuir o tempo de internamento dos doentes psiquiátricos, em larga escala, num intervalo de perto de quarenta anos (Gorenstein, & Scavone, 1999).

Psicofarmacologia e psicoterapia

De acordo com a revisão bibliográfica de Kimura (2005) a princípio as neuroses eram vistas exclusivamente do ponto de vista psicológico, pelo que só seriam possíveis de tratar pelo método psicanalítico, apesar de serem mais orientados para os casos da ansiedade e da depressão.

Contudo, Anna Freud utilizava o método psicofarmacológico, precisamente para intervir no tratamento dessas mesmas enfermidades, quando severas porque apresentavam resultados mais eficazes (Kimura, 2005).

Apesar de diversas controvérsias quanto ao método interventivo mais eficaz (psicoterapia versus psicofarmacologia), a investigação científica tem vindo a concluir que os dois métodos adequadamente combinados, têm muito mais a oferecer do ponto de vista cooperativo do que do ponto de vista competitivo, atuando em tempos diferentes (Kimura, 2005).

O que realmente acontece quando se atua no campo da intervenção do foro mental, ao combinar os dois tipos de tratamento, é que a farmacologia visa o alívio dos sintomas físicos e do sofrimento afetivo, e a psicoterapia atua do ponto de vista interpessoal e da reintegração social (Kimura, 2005).

Desta maneira, a farmacologia pretende encontrar respostas a curto prazo, para as enfermidades, e a psicoterapia pretende encontrar as respostas mais complexas a longo prazo (Kimura, 2005).

A par disso, Powell (2001) considera que os dois métodos de intervenção podem ainda ajudar-se entre si, quando o uso de medicação permite estabelecer um equilíbrio no indivíduo que leve a que este forneça a informação pertinente à consulta psicoterapêutica, o que vai fortalecer a aliança entre terapeuta e paciente (Powell, 2001, cit in Kimura, 2005).

Por todos estes motivos, se antigamente havia discordância em relação à combinação dos dois métodos interventivos, hoje em dia, cada vez mais se acredita que é fundamental a combinação dos dois para que o tratamento seja produtivo (Kimura, 2005).

Conclusão

Compreendemos então que a psicofarmacologia é, na maioria das vezes, imprescindível para intervir ao nível da saúde mental dos indivíduos e que a necessidade de se estudar e aprofundar o conhecimento sobre o princípio ativo de cada fármaco, irá permitir avanços no tratamento de enfermidades do foro mental. Verifica-se que a combinação de ambos os métodos (psicoterapia e farmacologia) é, na maioria dos casos, o processo mais completo, já que uma apoia a outra tanto para o tratamento a curto prazo como para o tratamento a longo prazo.

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References:

  • Gorenstein, C., & Scavone, C. (1999). Avanços em psicofarmacologia – mecanismos de ação de psicofármacos hoje. Advances in psychopharmacology: mechanism of action of psychoactive and drugs today. Rev Bras Psiquiatr, 21(1). Acedido a 14 de abril de 2016 em http://www.psiquiatriabh.com.br/artigos/mecanismos_psicofarmacos.pdf
  • Kimura, A.M. (2005). Psicofármacos e psicoterapia: a visão dos psicólogos sobre medicação no tratamento. Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade São Judas Tadeu. São Paulo
  • Moreno, R.A., Moreno, D.H., & Soares, M.B.M. (1999). Psicofarmacologia de antidepressivos. [em linha] Rev Bras Psiquiatr. Depressão – Vol 21. Acedido a 13 de abril de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21s1/v21s1a06.pdf
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