A gravidez na adolescência acarreta questões sociais, familiares, económicas e de saúde, numa fase em que ainda se encontra em crescimento físico e psicológico.
Questões sócio económicas e familiares
Alguns estudos como o de Dadoorian (2003) mostram-nos que a gravidez na adolescência está muitas vezes ligada a convenções sociais, nas classes baixas devido a questões sociais, económicas e históricas associadas à própria classe.
Na maioria dos casos, mesmo sendo adolescentes, as raparigas dizem que pretendem viver com os maridos ou namorados, habitualmente pais das suas crianças, mesmo ainda não tendo chegado à idade adulta (Dadoorian, 2003).
É ainda comum, mais frequentemente em classes baixas, em grande parte dos casos, que a gravidez nesta faixa etária esteja associada à obtenção de mais mão de obra para a família, uma vez que o nível sócio económico (NSE) na grande parte dos casos, não é favorável (Dadoorian, 2003).
Com esta precocidade do início da maternidade, vem também agregado um casamento precoce, com o mesmo intuito de melhorar o orçamento familiar (Dadoorian, 2003).
Apesar de se tratar de gravidez precoce, verifica-se que é mais bem aceite que aconteça nestas classes do que nas restantes, uma vez que, as famílias de classes médias e altas focam-se mais na priorização dos estudos, adiando a construção da família para quando os adolescentes findarem os mesmos (Dadoorian, 2003).
Questões de saúde
Vários autores referem que a problemática da gravidez na adolescência se prende, não só com questões familiares e sociais mas também com questões de saúde e de risco pra a própria adolescente e para o bebé (Dias, & Teixeira, 2010). Isto acontece devido às características que procedem este processo de desenvolvimento, tanto ao nível psicológico como ao nível fisiológico das adolescentes pelo que existem dados estatísticos que demonstram maior tendência para ocorrências médicas durante a gestação durante a adolescência (Dias, & Teixeira, 2010).
Alguns problemas mais correntes e diretos que podem decorrer de uma gravidez na adolescência são a tentativa de aborto, a anemia, a desnutrição, a depressão pós-parto, entre outras (Dias, & Teixeira, 2010).
Não menos comum é o desenvolvimento do bebé que tende a nascer mais prematuramente, com baixo peso, morte perinatal, com deficiência mental ou com perturbação de desenvolvimento, entre outros (Dias, & Teixeira, 2010).
Conclusão
Verifica-se que a gravides na adolescência acarreta questões familiares, sociais e de saúde, devido às características da faixa etária mas também do agregado familiar. Na maioria dos casos acontece em famílias com baixo rendimento, nas quais, o aumento das mesmas é visto como mais mão de obra para ajudar no orçamento familiar. No entanto, uma vez que se trata de uma fase em que o corpo da adolescente ainda está em crescimento, acarreta riscos não só para a mesma como para o bebé, uma vez que o corpo ainda não está preparado para receber uma vida em desenvolvimento.
References:
- Dadoorian, Diana. (2003). Gravidez na adolescência: um novo olhar. Psicologia: Ciência e Profissão, 23(1), 84-91. https://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932003000100012;
- Dias, A.C.G, & Teixeira, M.A.P. (2010). Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paideia jan-abr, 2010, Vol. 20, No. 45, 123-131.