A gravidez de risco diz respeito à evolução da gestação fora da normalidade, implicando cuidados redobrados com a mãe e com o feto.
Entendemos como gravidez de risco a gestação que acontece fora dos padrões normais e que se torna vulnerável tanto para a mãe como para o feto devido ao mais variado tipo de situações, como por exemplo, a condição sociodemográfica desfavorável, questões individuais, reincidência no que diz respeito à gestação, diabetes, óbito fetal, parto prematuro, entre outros (Caldas, Silva, Boing, Crepaldi, & Custódio, 2013).
Langaro e Santos (2014) verificaram, nos seus estudos, que, cada vez mais, devido às condições acima citadas, o Ministério da Saúde de alguns países como o Brasil, começaram a providenciar a implementação de acompanhamentos rigorosos para gestantes em risco, que permitam assegurar as necessidades clinicas, obstetras, socioeconómicas e emocionais. Esta preocupação visa, essencialmente e acima de tudo, a procura de um parto saudável (Langaro, & Santos, 2014).
Dentro da mesma linha de ideias Langaro e Santos (2014) entendem ainda que, além de a gravidez de risco dizer respeito a situações de vulnerabilidade, tanto para a mãe como para o bebé, esta prevalência acontece, maioritariamente em determinadas circunstancias tais como:
- Maternidade depois dos 35 anos ou abaixo dos 15 anos;
- Dependência de drogas ilícitas, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA);
- Doenças colagenosas (Lúpus);
- Reincidência de abortos no histórico clinico;
- Hipertensão arterial;
- Epilepsia;
- Entre outros.
Devido a todas estas características, a gravidez de risco deve ser tratada de forma mais delicada por terem maiores chances de acarretar consequências negativas tanto físicas como psicológicas (Caldas, Silva, Boing, Crepaldi, & Custódio, 2013).
Do ponto de vista emocional, as autoras chamam a atenção para o facto de ter um peso diferente devido à junção entre o novo papel associado à maternidade e às condições em que o período pré natal acontece (Caldas, Silva, Boing, Crepaldi, & Custódio, 2013).
Na maioria dos casos em que nos deparamos com este tipo de quadro, é comum que hajam frequentes hospitalizações, o que aumenta exponencialmente o stresse, o medo e a angústia, tanto no que diz respeito à experiência da mãe como em relação aos familiares mais próximos (Caldas, Silva, Boing, Crepaldi, & Custódio, 2013).
Quando falamos das causas da maioria dos casos, não podemos ainda deixar de referir, no que concerne a doenças do foro orgânico, que os estudos apontam para a diabetes e a hipertensão como as razões mais frequentes para quadros de gravidez de risco (Langaro, & Santos, 2014).
É, portanto, importante que haja meios e recursos adequados nas instituições hospitalares, passíveis de colocar em prática sempre que possível, no sentido de evitar complicações para a puérpera (Langaro, & Santos, 2014).
Nesse sentido, as instituições hospitalares devem ter à disponibilidade das grávidas, uma equipa multidisciplinar capaz de dar resposta às suas necessidades, e, tendo em conta, que nos referimos a situações que são do foro orgânico, mas também, do foro emocional, a existência de profissionais ligados à psicologia, disponíveis para atender e intervir neste tipo de situações, torna-se cada vez mais essencial (Langaro, & Santos, 2014).
Como tal, e para que seja possível a intervenção de uma equipa multidisciplinar, a primeira garantia a ter é de uma relação positiva entre a gestante e a equipa, para que o acompanhamento aconteça de forma adequada (Langaro, & Santos, 2014).
Conclusão
A gravidez de risco acarreta uma série de condições que devem ser tidas em conta no que diz respeito ao acompanhamento das grávidas para que se possa garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do feto, até ao nascimento, tentando evitar ao máximo qualquer tipo de complicação aquando da gestação. Verifica-se que, frequentemente, são questões do foro orgânico e emocional, as que mais influenciam este tipo de gravidez, ligadas a histórico de diabetes e de angústia e stresse. Por todos estes motivos, é importante que haja uma equipa multidisciplinar disponível em todas as instituições hospitalares, capaz de dar resposta a qualquer situação que implique uma intervenção imediata.
References:
- Caldas, Denise Baldança, Silva, Ana Luísa Remor da, Boing, Elisangela, Crepaldi, Maria Aparecida, % Custódio, Aparecida de Oliveira (2013). Atendimento psicológico no pré-natal de alto risco: a construção de um serviço. Psicologia Hospitalar, 11(1), 66-87. Recuperado em 26 de janeiro de 2018 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092013000100005;
- Langaro, F., & Santos, A.H. (2014). Adesão ao Tratamento em Gestão de Alto Risco. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO. 2014, 34(3). 625-642. Recuperado em 26 de janeiro de 2018 de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932014000300625&script=sci_abstract&tlng=pt