A educação especial pretende, principalmente, a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais (nee) no sistema de ensino regular. Para tal é preciso compreender em que consistem as nee e perceber em que medida a comunidade escolar pode intervir para promover a aprendizagem eficaz destes alunos.
“… as crianças e jovens com necessidades educativa especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar…” (UNESCO, 1994, cit in Glat, & Fernandes, 2005, p.1).
Sant’Ana (2005) diz-nos que toda a literatura apontar para a importância da educação inclusiva no que concerne às diferenças entre os educandos, começando pela preparação adequada dos professores, principalmente, no caso dos alunos com nee, com ou sem deficiência.
A educação cooperativa, adaptação de currículos, técnicas específicas para lidar com alunos portadores de nee, avaliações adaptadas, promoção da intervenção dos pais e de toda a comunidade escolar, entre outras, são algumas das formas que encontramos para responder às necessidades destes alunos (Glat, & Fernandes, 2005; Sant’Ana, 2005).
O que acontece é que os professores e educadores nem sempre estão preparados para trabalhar com estes alunos por não terem a formação adequada ou por não ter o material necessário em contexto de aula para lidar com nee (Sant’Ana, 2005).
Por vezes assistimos a um sistema de ensino individualizado para estes caso, que os diferencia dos outros, e que, inicialmente, era exercido do ponto de vista médico, comumente associado à deficiência mental, sinalizando estes alunos para meios de intervenção terapêuticos – exames médicos e avaliação psicológica através de testes projetivos (Glat, & Fernandes, 2005).
Estes autores verificaram nas suas pesquisas que a educação escolar não era considerada necessária, principalmente no caso de alunos com deficiência mental profunda (Glat, & Fernandes, 2005).
Hoje em dia a formação de professores no Ensino Superior, através de pós-graduações especializadas, pretende invesir nestes alunos com instrumentos e meios ajustados de ensino-aprendizagem (Sant’Ana, 2005).
É importante compreender também que esta formação deve ser contínua no contexto educativo em que estão inseridos (Sant’Ana, 2005).
Programas de educação inclusiva são uma mais valia para que toda a comunidade escolar se envolva na educação dos alunos com nee e para a melhoria do sistema de ensino onde a intervenção da Direção da escola é fundamental para que a mesma seja possível (Sant’Ana, 2005).
Falamos de reuniões pedagógicas, atividades escolares acessíveis a todos que apelem à sensibilidade educativa e até mesmo incluir profissionais externos à escola, nestas atividades (Sant’Ana, 2005).
A par disso, a evolução da psicologia e da pedagogia, permitem reformular os meios de aprendizagem pela via comportamental, através de diferentes métodos de ensino, mais estimulantes tanto no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com nee como na alteração do foco médico, para o foco educacional (Glat, & Fernandes, 2005).
No entanto o sistema burocrático, às vezes torna-se num obstáculo à realização de atividades inclusivas porque a sua administração é incompatível com as capacidades da escola de dar resposta a estes casos (Sant’Ana, 2005).
A formação inadequada dos professores, diretores e contínuos, a falta de apoio pedagógico e a fraca qualidade do trabalho, são as principais dificuldades com que estes profissionais ainda se deparam para lidar não só com os alunos com nee, mas com todos os alunos (Sant’Ana, 2005).
É por isso que Glat e Fernandes (2005) insistem na importância de mudar as estratégias de ensino de modo a que em vez de enfatizar a deficiência, se enfatize a construção de métodos de ensino democráticos, isto é, inclusivos.
As nee visam ainda a participação dos pais e educadores, o reajustar do número de alunos por sala de aula e a intervenção de toda a comunidade escolar para a criação de planos de intervenção junto destes alunos, utilizando os recursos que existem e adaptando a cada local e contexto (Glat, & Fernandes, 2005; Sant’Ana, 2005).
Em outros tempos, nomeadamente nos anos 70 e 80, os alunos com nee eram habitualmente colocados em turmas específicas em vez de serem colocados nas mesmas turmas que os alunos do ensino regular, o que os afastava do sistema de ensino comum (Glat, & Fernandes, 2005).
Nos dias de hoje, alunos com algum tipo de deficiência são colocados em turmas regulares, onde se procura que os professores estejam devidamente preparados para saber lidar com as suas diferenças, promovendo a sua participação na aula e possibilitando o seu acesso às mesmas atividades que os outros alunos (Glat, & Fernandes, 2005).
Conclusão
De acordo com a literatura acima referida, podemos concluir que a educação especial é um foco de intervenção imprescindível em qualquer estabelecimento de ensino mas que, em certas situações, precisa de ser reformulada, uma vez que o próprio sistema de ensino está desenhado sem ter em conta as diferenças entre os seus alunos.
Apesar de o ensino especial já ter tido uma grande evolução, por exemplo, o investimento na formação especializada de professores e a inclusão dos alunos com nee em turmas regulares em vez de os colocar todos juntos nas mesmas turmas, é preciso que se criem as condições burocráticas ideais para facilitar a eficácia dos meios de intervenção.
Estas necessidades pressupõem a participação de toda a comunidade escolar.
References:
- Glat, R., & Fernandes, E.M. (2005). Da Educação Segregada à Educação Inclusiva: uma Breve Reflexão sobre os Paradigmas Educacionais no Contexto da Educação Especial Brasileira. Revista Inclusão, nº1.
- Sant’Ana, I.M. (2005). EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E DIRETORES. Psicologia em Estudo. V.10, nº2, p.227-234. Acedido a 10 de março de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v10n2/v10n2a09