Conceito de Distress psicológico
O conceito de distress psicológico decorre do termo stress, referindo-se ao mal-estar psicológico experienciado em situações percebidas como exigentes face aos recursos que o indivíduo dispõe. Esta experiência pode assim repercutir-se em dificuldade de responder de forma adaptativa aos factores indutores de stress (stressores), quer seja manifestada através de dificuldades na regulação emocional, quer seja através de dificuldades na resolução eficiente do problema.
O distress psicológico pode conceber-se como um estado de mal-estar em resposta a acontecimentos de vida significativos para o indivíduo, sendo caracterizado pela experiência subjectiva de cada um. Neste sentido, o modo como cada pessoa experiencia e atribui significados a determinada situação exprime um valor subjectivo, no qual são influentes internos (e.g. auto-estima, percepção de controlo) ao indivíduo, bem como factores externos/sociais (e.g. apoio social), que medeiam e caracterizam o contexto da vivência do distress.
No entanto, enquanto dificuldade (percebida pelo próprio) de adaptação às (auto e/ou hétero) exigências, a experiência de distress pode contribuir para vulnerabilizar o indivíduo e manifestar-se sob a forma de sintomatologia ansiosa (e.g. dificuldade de concentração; insónia; tensão) ou depressiva (e.g. humor depressivo, perda de interesse nas actividades; desesperança).
Do ponto de vista das necessidades psicológicas (e.g. estabelecer relações de proximidade com os outros; experienciar prazer; usufruir de momentos de lazer), o distress caracteriza-se por uma menor capacidade de regular a sua satisfação, estando assim relacionado com dificuldades na regulação emocional, por sua vez entendida como um factor influente no desenvolvimento e caracterização de sintomatologia e perturbação.
Assim, o distress ou mal-estar psicológico pode ser considerado enquanto parte integrante do conceito de saúde mental, o qual é também constituído pelo de bem-estar psicológico, verificando-se que a saúde mental não é determinada pela ausência de sintomatologia (presença de sintomas; e.g. sintomatologia depressiva) ou perturbação psicológica (conjunto organizado de sintomas que corresponde a critérios clínicos, e.g. depressão), mas antes pelo grau em que se manifestam as dimensões de bem-estar e distress psicológico.
Desta conceptualização decorre também que a experiência de distress psicológico não exclui a experiência de bem-estar psicológico, verificando-se que níveis elevados e prolongados de distress psicológico contribuem para vulnerabilizar o indivíduo, inclusivamente se a experiência de bem-estar psicológico (e.g. mestria; propósito de vida, de acordo com Ryff e Keyes) for reduzida e não permitir um equilíbrio destas duas dimensões da saúde mental.
De facto, o grau e o modo como o distress é experienciado pode ser manifestado pelo grau de (dis)funcionalidade, considerando-se que a experiência de distress é até certo ponto normativa (dita normal), não sendo em si mesma uma manifestação psicopatológica. Contudo, quando a experiência de distress é desproporcional aos factores stressores e manifesta em disfuncionalidade em razão da sua frequência, intensidade e duração, pode potenciar o desenvolvimento de perturbação psicológica.
Palavras-chave: Stress; bem-estar psicológico; saúde mental; regulação emocional; resolução de problemas
References:
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