Comunicação/relação virtual

A comunicação/relação virtual vem sendo a mais estabelecida em todos os contextos devido à facilidade de acesso.

Comunicação/relação virtual

A comunicação/relação virtual vem sendo a mais estabelecida em todos os contextos devido à facilidade de acesso. No entanto, existem dois lados da moeda, que mostram como a mesma pode ser muito útil e muito perigosa em simultâneo.

Silva (2013) considera que, para compreendermos as relações estabelecidas no mundo virtual, precisamos de recuar no tempo e lembrar como, antigamente, as pessoas utilizavam cartas para comunicar à distância, e, ao contrário do que acontece nos dias de hoje, as mesmas não chegavam ao destino em tempo real.

Machado, Doki, Soares e Faria (2010) mostram que a internet em alguns países, proliferou descontroladamente, e promoveu a rapidez de comunicação.

Hoje, qualquer mensagem, acontecimento, fotografia, etc, pode ser partilhada no momento e estar disponível para o mundo inteiro (Silva, 2013). Verificamos este tipo de comunicação nas relações estabelecidas em redes sociais tais como o facebook, o twitter, a televisão ou mesmo os telejornais (Machado, Doki, Soares, & Faria, 2010; Silva, 2013), bem como em formato de e-mail (Machado, Doki, Soares, & Faria, 2010).

Machado, Doki, Soares e Faria (2010) nos seus estudos, mencionavam o empenho dos estudiosos na investigação sobre o fenómeno da internet, e como a mesma passou a influenciar os relacionamentos dos dias de hoje.

A comunicação/relação virtual, trouxe um enorme boom no desenvolvimento tecnológico, abriu novas portas à evolução da ciência, principalmente, da saúde, em todos os ramos e especialidades e permitiu, graças à era do nanosegundo, realizar diversas atividades em simultâneo (Machado, Doki, Soares, & Faria, 2010; Silva, 2013). Por outro lado, também acarreta contras como maior vulnerabilidade ao stresse e a fatores externos menos bons, por exemplo, menos tempo aproveitado com os amigos e a família, e graves alterações de sono pelo tempo que se passa online (Machado, Doki, Soares, & Faria, 2010; Silva, 2013).

Machado, Doki, Soares e Faria (2010) e Silva (2013) mostram, através destes dois lados da moeda, como os meios de comunicação/relação virtual, podem atingir os seus objetivos de rapidez, eficácia e qualidade, mas ao mesmo tempo, diminuem a humanização do indivíduo, principalmente, no que respeita às relações interpessoais.

Esta nova forma de comunicarmos e nos relacionarmos, promove o desejo instantâneo e a proliferação de conexões virtuais, pautadas pela pontualidade de comunicação, já que as pessoas a realizam apenas momentaneamente e quase nunca presencialmente, distanciando-se cada vez mais e aumentando a sensação de solidão (Silva, 2013).

A par de todas estas características, promove-se o ideal de corpo perfeito, já que se pode fazer todo o tipo de alterações nas fotografias, para aproximar a aparência do mais perfeito possível, ao mesmo tempo que se colmata a dificuldade em criar relacionamentos pessoais, presente em muitos jovens (Silva, 2013). Frequentemente, na adolescência, o indivíduo utiliza as redes sociais para adicionar e remover amizades através de um clique, em vez de discutir pessoalmente a situação, o que facilita e abrevia todo o processo, expor-se quando é mais reservado, ou seja, há menos possibilidade de mediação dos relacionamentos estabelecidos (Silva, 2013).

Outro tipo de relacionamento virtual que é possível realizar através do avanço da tecnologia é o sexo virtual que, em muitos casos, leva mesmo ao orgasmo, o que impede as pessoas de conhecerem a sensação de prazer pleno (Silva, 2013).

“…a potência orgástica é a capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo de energia biológica; a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida, por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo.” (Reich, 1986, p.55, cit in Silva, 2013).

A relação/comunicação virtual, pode, de acordo com autores como Lowen (1987, cit in Silva, 2013) ter como base uma perturbação esquizoide, ou ainda, para Navarro (1995, cit in Silva, 2013) uma psicose, uma vez que o indivíduo substitui o mundo real pelo virtual, fantasiando assim o seu afeto (Silva, 2013).

Este tipo de relacionamento acaba por se tornar artificial, uma vez que a tendência é para agir segundo aquilo que é esperado e não de forma genuína, vivendo uma vida que não é real (Silva, 2013).

Todas estas facilidades de acesso ao mundo através de uma rede social, fazem com que o indivíduo se sinta mais protegido por estar atrás de um computador, contudo, essa proteção é um mito, já que predadores como psicopatas e pedófilos entram no cyber espaço à procura de populações vulneráveis (Silva, 2013). Todos estes perigos aumentam consideravelmente quando se referem a crianças, que são as populações que mais vulnerabilidade têm (Silva, 2013).

Apesar de todos estes contratempos relacionados com o meio virtual, as tecnologias não deixam de ser uma poderosa ferramenta de acesso ao mais variado tipo de necessidades, mas, o que precisamos de ter em conta é que haja uma mediação em relação ao uso, principalmente abusivo, por parte dos utilizadores, pelo que o acompanhamento psicológico, muitas vezes é imprescindível (Silva, 2013). Este acompanhamento vem no sentido de ajudar a pessoa a compreender-se a si mesma, ou seja, perceber aquilo que é e aquilo que deseja para si, pois é nesse sentido que pode sofrer alguma desorganização mental e comportamental (Silva, 2013).

Conclusão

A propagação da relação/comunicação virtual parece ter os dois lados da moeda. A evolução das novas tecnologias em que tudo está à distância de um clique, permite acesso a vários contextos, materiais, mundos, situações, etc, o que promove qualidade, principalmente no ramo da saúde, investigação e evolução da ciência. Por outro lado, relacionamentos online, quando realizados sem controlo, podem gerar situações perigosas como o uso do cyber espaço por pessoas vulneráveis, como crianças, e predadores sexuais, isto é, pedófilos.

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References:

  • Machado, G.S., Doki, M.S.O., Soares, F., & Faria, A.L.T.R. (2010). Relacionamentos “reais” versus relacionamentos “virtuais”: O que esperar deste embate? “Real” versus “Virtual” relationships: what to expect from this clash?
  • Silva, A.M.B. (2013). Tecnologia e relacionamentos virtuais: evolução ou involução humana? In: ENCONTRO PARANENSE, CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XVIII, XIII, 2013. Anais Curitiba: Centro Reichiano, 2013. [ISBN – 978-85-87691-23-1]. Disponível em centroreichiano.com.br/artigos. Acedido a 10 de junho de 2016.
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