Vasectomia

A Vasectomia é um método contracetivo que consiste na realização de uma pequena cirurgia.

Vasectomia

 A Vasectomia é um método contracetivo que consiste na realização de uma pequena cirurgia. Essa cirurgia bloqueia o canal da bolsa escrotalpor onde passam os nervos e as artérias que são utilizados na ereção, aquando de uma gravidez.

O conceito de saúde reprodutiva evidencia que a preocupação com a reprodução humana se constitui numa construção social, em que se determinam os papéis de homens e mulheres para além das chamadas diferenças biológicas (Barbieri, 1990, cit in Marchi, Alverenga, & Bahamondes, 2003). Nesse sentido observa-se que os Programas de Planeamento Familiar são,quase exclusivamente, direcionados às mulheres pelo que a maioria dos métodos contracetivos é quase exclusivamente para o sexo feminino (Marchi, Alverenga,& Bahamondes, 2003).

A vasectomia é um dos poucos métodos contraceptivos de uso masculino que, embora seja muito utilizado em países desenvolvidos, como Austrália e Estados Unidos da América (EUA), apresenta baixa prevalência de uso na maioria dos países em desenvolvimento, incluindo os da América Latina (Potts,& col, 1999; Pile, & Barone, 2009 cit in Marchi, Alavarenga, Osis, Godoy, Guimarães, & Bahamondes 2011). A sua prevalência, apesar de ter aumentado nos últimos anos, é ainda baixa e pouco se sabe sobre como os homens que se submetem à cirurgia na sua nova condição de esterilizados (Marchi, et al, 2011).

Nas suas pesquisas, Marchi et al (2011) verificaram que entre os poucos homens insatisfeitos, apenas um havia feito a reversão da cirurgia porque vivia com uma nova companheira e queria ter filhos e, entre os demais, a insatisfação devia-se à dor provocada pelo procedimento cirúrgico (Marchi, et al, 2011). A maioria das pessoas atribuiu à vasectomia melhorias na sua saúde, corpo, relacionamento em geral com a família e com a esposa, na vida sexual e na situação económica. Prevaleceu a ideia de que a vasectomia só trouxera benefícios (Marchi, et al, 2011).

Segundo os estudos realizados neste âmbito, Marchi et al (2011) observaramos nos homens que optam pela vasectomia a tendência para ver o método como fator de mudanças positivas, principalmente sobre a vida sexual, o relacionamento com a companheira e a família em geral.

No que concerne às discussões acerca do tema, a evidência é que os direitos sexuais e reprodutivos suscitam a preocupação de incorporar efetivamente os homens nas atividades relacionadas às questões de saúde reprodutiva (Marchi, Alvarenga, Osis,& Bahamondes, 2003).

A partir da atuação dos movimentos de mulheres, que procuram dar relevância às relações de género implícitas nas ações voltadas para a regulação da fecundidade, o papel dos homens na contraceção tem-se tornado num tema frequente de discussão (Pitanguy, 1994 cit in, Marchi, Alvarenga, Osis, &Bahamondes, 2003).

Muitos casais chegam aos programas de vasectomia com a decisão já tomada, o que significa também, uma maior dificuldade para providenciar orientação, sendo essa situação bastante comum nos serviços de planeamento familiar, inclusive em países desenvolvidos, constituindo uma barreira no processo de aconselhamento (Marchi, Alvarenga, Osis,&Bahamondes, 2003). As pessoas constroem a sua representação de um determinado método, valendo-se de informações de diversas fontes, corretas ou não, com base nas quais fazem a sua escolha. Assim, o serviço de saúde tende a ser procurado como fonte para obtenção de um método já escolhido (Marchi, Alvarenga, Osis,&Bahamondes, 2003).

Esse fato constitui-se num desafio aos profissionais para abordarem essas pessoas com sucesso, e oferecer-lhes uma oportunidade de voltarem a refletir acerca de sua escolha contracetiva com base em novas informações e, muitas vezes, em face da necessidade de correções dos conceitos já cristalizados (Walsh et al., 1996 cit in, Marchi, Alvarenga, Osis, &Bahamondes, 2003).

Não se pode ignorar que há pessoas que desejam adiar ou demorar a gravidez, assim como aquelas que desejam encerrar a sua trajetória reprodutiva. Ambas precisam dispor de alternativas adequadas ao seu desejo e às suas condições de vida (Marchi, Alvarenga, Osis, & Bahamondes, 2003). Nesse sentido, a atenção num planeamento familiar de boa qualidade é essencial para que se respeitem os direitos dessas pessoas, bem como parte das ações preventivas em saúde pública (Marchi, Alvarenga, Osis, & Bahamondes, 2003). As ações em planeamento familiar são essenciais para evitar gravidezes indesejadas e, consequentemente, abortos, que, por serem ilegais, na maioria das vezes são inseguros e podem trazer prejuízos às mulheres, às suas famílias e, em última instância, à sociedade em geral (Marchi, Alvarenga, Osis, & Bahamondes, 2003). Ao mesmo tempo, a disponibilidade e o acesso aos métodos contracetivos são imprescindíveis para evitar gravidezes de alto risco que podem resultar em mortalidade materna (Sonfield, 2010, cit in Marchi, Alvarenga, Osis, & Bahamondes, 2003)

Conclusão

De acordo com os estudos realizados, vemos que a vasectomia se trata de um método contracetivo de caris cirúrgico, com a função de permitir que o casal escolha os filhos que deseja ter. Muitos casais já seguem esse método por questões económicas e por segurança para a mulher, verificando-se uma pequena percentagem de casos dos insatisfeitos provenientes de homens que mudam de companheira ou questões de divórcio. É fundamental compreender que, tal como qualquer outra cirurgia realizada por uma questão de opção, o acompanhamento psicológico do utente deve ser sempre colocado para que o mesmo tome uma decisão responsável e realmente bem-sucedida com base no seu estilo de vida.

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References:

  • Marchi, N.M., Alvarenga, A.T., Osis, M.J., Godoy, H.M.A., Guimarães, M.C.B., & Bahamondes, L. (2011). Consequências da Vasectomia: experiencia de homens que se submeteram a cirurgia em Campinas (São Paulo), Brasil. Consequences of Vasectomy: experience of men who underwent the surgery in Campinas (São Paulo), Brazil. [em linha] SCIELO BRASIL, scielo.br. Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.3, p.568-578. Acedido a 10 de junho de 2016 em http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0104-12902011000300004;
  • Marchi, N.M., Alvarenga, A.T., Osis, M.J.D., & Bahamondes, L. (2003). Opção pela vasectomia e relações de gênero. The option for vasectomy and implications for gender relations. [em linha] SCIELO BRASIL, scielo.br. Cad. Saúde Pública, 19(4): 1017-1027. Acedido a 10 de junho de 2016 em www.scielo.br/ pdf/csp/v19n4/16851.pdf.

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