Suporte emocional
O suporte emocional diz respeito à rede de apoio em diferentes níveis de que o indivíduo dispõe à sua volta. Ele contempla questões de ordem social e afetiva.
As pesquisas realizadas no âmbito do suporte emocional, têm sido especial alvo de interesse de autores como Siqueira Betts e Dell’Aglio (2006) que, ao estudar o assunto em questão, focam a sua atenção no caso de crianças e jovens institucionalizados, nomeadamente no que diz respeito à rede de apoio e ao afeto.
Siqueira e Dell’Aglio (2010) focaram também as suas pesquisas acerca do suporte emocional, nas crianças em contexto de instituição, tendo em conta o direito à cidadania e ao desenvolvimento saudável, de acordo com a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) instituído no Brasil em 1990.
De acordo com as pesquisas de Siqueira, Betts e Dell’Aglio (2006), a implementação do ECA vem com o objetivo de assegurar os direitos das crianças e dos adolescentes, sempre que os mesmos se mostrem em situação de risco.
Deste modo, o suporte emocional prestado a estas crianças e adolescentes, deve contemplar um atendimento personalizado que promova a oportunidade de receber afeto, acolhimento, segurança e o desenvolvimento da autonomia dos jovens (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Contemplamos aqui o acesso ao apoio social, indispensável ao desenvolvimento, uma vez que o indivíduo se insere numa rede social, no entanto, não podemos deixar de lado o apoio afetivo, bastante associado ao suporte emocional e que “é igualmente fundamental por ser responsável por imprimir qualidade às relações e contribuir para a manutenção dos vínculos” (Bronfenbremer, 1979/1996, cit in Siqueira, Betts, & Dell’Aglio, 2006, p.150).
Na maioria dos casos, o suporte emocional proporcionado a estes indivíduos, é exclusivamente encontrado dentro das instituições, porque as crianças e jovens ficam privados de estar junto das suas famílias, o que faz com que a vinculação entre os mesmos e as suas famílias, além de comprometida, se torne muito ténue (Siqueira, Betts, & Dell’Aglio, 2006).
Para percebermos em que medida é que estes indivíduos recebem toda a assistência necessária para fins de suporte ao nível emocional, a forma mais direta de o fazer, é compreender junto dos mesmos, em que medida se encontram satisfeitos com a vida dentro da instituição (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Sabe-se que, na maioria dos casos de crianças e adolescentes que vivem em instituições de acolhimento, quase invariavelmente se recolhem testemunhos com história de violência doméstica, alcoolismo, pais portadores de doença mental, pobreza, o que acaba por levar à vulnerabilidade destes indivíduos (Siqueira, Betts, & Dell’AAglio, 2006).
Sendo assim, algumas das formas de se prestar suporte e apoio emocional e compreender melhor estes jovens institucionalizados são a atenção acerca da sua noção de família, a sua história, a sua capacidade de participar em atividades lúdicas e perceber a rede de apoio da qual os mesmos dispõem (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Quando estas necessidades se mostram escassas, o suporte emocional, social e afetivo fica comprometido (Siqueira, Betts, & Dell’Aglio, 2006).
Algumas pesquisas indicam ainda a significativa influência do desenvolvimento cognitivo e do rendimento escolar destas crianças e adolescentes, uma vez que os mesmos têm uma relação direta com o aumento ou a diminuição de stresse, pelo que, quanto melhores forem os resultados escolares, maior a percepção de proteção que os jovens têm (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Para além de promover suporte emocional a estes jovens, todas estas variáveis permitem ainda que os mesmos sintam uma verdadeira inclusão social na instituição de acolhimento (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Quando todas estas variáveis não são contempladas no apoio prestado aos jovens institucionalizados, além de haver um declive ao nível do suporte emocional, o mesmo traduz-se em consequências negativas em relação à performance escolar, uma vez que os mesmos encontram dificuldades de adaptação e de aproveitamento escolar geral (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Além da escola encontramos ainda questões associadas ao amor, às amizades, entre outros que permitem avaliar a satisfação destes jovens em relação ao seu estilo de vida (Siqueira, & Dell’Aglio, 2010).
Conclusão
O suporte emocional parece ser imprescindível a todos os níveis, uma vez que se encontra significativamente associado ao desenvolvimento, à inclusão social e à capacidade de desempenhar competências ao nível cognitivo, afetivo e social. Deste modo, principalmente no caso de indivíduos institucionalizados é necessário compreender se todas as suas necessidades estão a ser devidamente assistidas no sentido de evitar consequências negativas futuras em vários domínios.
References:
- Siqueira, Aline Cardoso, Betts, Mariana Kraemer, & Dell’Aglio, Débora Dalbosco. (2006). A Rede de Apoio Social e Afetivo de Adolescentes Institucionalizados no Sul do Brasil. Revista Interamericana de Psicologia/Interamerican Journal of Pcyhology – 2006, Vol.40, Num. 2 pp. 149-158. Recuperado a 13 de outubro de 2016 de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2969418;
- Siqueira, Aline Cardoso, & Dell’Aglio, Débora Dalbosco. (2010). Crianças e Adolescentes Institucionalizados: Desempenho Escolar, Satisfação de Vida e Rede de Apoio Social. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Jul-set 2010, Vol.26 n.3, pp.407-415. Recuperado a 13 de outubro de 2016 de http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/98913.