Suporte social na adolescência
O suporte social na adolescência diz respeito à rede de apoio que o indivíduo tem disponível nesta fase de desenvolvimento.
Ao falar de suporte social na adolescência, fazemos referência à rede de relações que constituem a mesma, nomeadamente a família, o grupo de amigos e a escola, cuja influência interfere no que concerne aos comportamentos adotados pelos mesmos (Cordeiro, Claudino, & Arriaga, 2006).
No que concerne à família, a literatura indica que a mesma exerce a influência mais significativa quanto ao suporte social dos adolescentes (Baptista, Baptista, & Dias, 2001). Assim, de acordo com as pesquisas levadas a cabo por (Baptista, Baptista, & Dias, 2001), adolescentes provenientes de famílias intactas têm um maior apoio social, do ponto de vista psicológico e da satisfação com a vida, em geral, do que os adolescentes provenientes de famílias desestruturadas.
“…o suporte familiar engloba outras características, nem sempre palpáveis ou de fácil mensuração. A noção de bom suporte familiar ou mais adequado, nem sempre depende exclusivamente da estrutura familiar, ou seja, do esqueleto social do qual a cultura dita como sendo ideal (pai, mãe e irmãos morando em um mesmo local com suas funções econômicas e familiares pré-definidas).”
(Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Pelos estudos de Procidano e Heller (1983), podemos concluir também que o suporte social dos adolescentes, por parte da família, parece demonstrar fortes correlações negativas entre o mesmo e a depressão, em que se encontra incluído o suporte emocional tanto da família como de outros (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Ao estudar o suporte proveniente da família, podemos incluir, no âmbito das relações familiares, o suporte social dos amigos, dos vizinhos e outros elementos que promovam no adolescente a sensação de conforto, segurança, suporte emocional, expressão de sentimentos, sensação de valorização, etc
No que concerne à avaliação referente ao suporte social familiar é realizada com base na dimensão do carinho que os pais, principalmente as mães, dão e recebem dos filhos, o qual, é considerado excelente quando atinge altos níveis tanto de carinho como de promoção da autonomia e da independência (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Por outro lado, se, na avaliação do suporte social familiar, encontrarmos resultados que apontem para uma superproteção ou, por oposição, para a rejeição e a indiferença, o mesmo produz níveis significativamente baixos de suporte social (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
De referir ainda, quanto aos sintomas de depressão já anteriormente mencionados, que se relacionam com os níveis de stresse causados pela ausência de suporte familiar, pelo que, quanto maior o suporte, menores níveis de stresse, quanto menor o suporte, maiores os níveis de stresse e, por consequência, de sintomas depressivos (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Afirma-se que, nestas condições, quando o suporte familiar não fornece as respostas às necessidades básicas do adolescente, o mesmo traduz-se em maior predisposição para desenvolver perturbação depressiva (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
A condição mais frequente para cenários depressivos originados pela falta de suporte familiar, advém, geralmente, das aprendizagens ao longo da vida, em que se pode observar um histórico de relações familiares pobres, com pouco afeto, ausência de estimulação e de comunicação entre pais e filhos (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Este cenário acaba por produzir indivíduos mais vulneráveis (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Suporte social e consumo de sustâncias, na adolescência
Os estudos levados a cabo por Cordeiro, Claudino e Arriaga (2006) sugerem ainda que o consumo de aditivos também influencia a percepção acerca do suporte social na adolescência, na medida em que se destaca um aumento significativo das duas variáveis, ou seja, quanto maiores os consumos de substâncias, maior a idealização acerca do suporte social.
Contudo, a referência ao consumo de substâncias inclui o uso de drogas, álcool e tabaco, o que leva à percepção de que a relação positiva entre as duas variáveis (consumo e suporte social), se deve, principalmente no que diz respeito aos pares, a questões de afirmação da identidade, dinâmica de grupo e pressão dos mesmos (Cordeiro, Claudino, & Arriaga, 2006).
Verifica-se ainda que o consumo de substâncias está ainda associado a um relacionamento familiar pobre, que leva os adolescentes a refugiar-se nas drogas, no sentido de colmatar essa falha (Baptista, Baptista, & Dias, 2001).
Conclusão
Verifica-se que o suporte social na adolescência é significativamente marcado pela presença dos pais e familiares, o que nos permite compreender uma relação positiva entre os níveis de bem-estar dos adolescentes e o suporte parental.
Por outro lado é possível observar ainda uma correlação positiva entre o consumo de substâncias e a satisfação com o suporte social, possivelmente proveniente da ausência de suporte familiar que leva os indivíduos a refugiarem-se em substâncias ilícitas, tanto em busca da sensação de bem-estar como da procura de identificação com os pares.
References:
- Baptista, Makilim Nunes; Baptista, Adriana Said Daher, & Dias, Rosana Righetto. (2001). Estrutura e suporte familiar como fatores de risco na depressão de adolescentes. Psicologia: Ciência e Profissão, 21(2), 52-81. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932001000200007&script=sci_arttext&tlng=es;
- Cordeiro, R., Claudino, J., & Arriaga, M. (2006). Suporte social e comportamentos aditivos em adolescentes pré-universitários. Saúde dos adolescentes. 24, nº1 – janeiro/junho. Acedido a 14 de setembro de 2016 em www.ensp.unl.pt/dispositivos-de-apoio/cdi/cdi/sector-de-publicacoes/…/06.pdf.