Solidariedade

A solidariedade visa a promoção do bem-estar comum baseado no princípio da ajuda mútua.

Solidariedade

A solidariedade visa a promoção do bem-estar comum baseado no princípio da ajuda mútua. Para tal é importante que diferentes meios comunitários se organizem com o objetivo da luta pela igualdade junto dos mais carenciados.

“Quando falamos de solidariedade, sempre temos como pano de fundo as palavras latinas solidum (totalidade, soma total, segurança) e solidus (sólido, maciço, inteiro).” (Almeida, 2007, p.2).

A solidariedade pode ainda ser definida como a atitude de um grupo construído cujos comportamentos e sentimentos, não influenciados por fatores externos, o que promove um vínculo entre os membros desse grupo (Almeida, 2007). Neste sentido, o autor refere a “solidariedade ontológica vertical” que se baseia em laços naturais que atravessam várias gerações, como por exemplo, os de sangue, mas também laços de cultura ou mesmo de memória (Almeida, 2007).

Coutinho, Beiras, Picinin e Lückmann (2005) abordam o tema da solidariedade ainda do ponto de vista social, devido à preocupação comunitária pela perda de valor a que o ser humano vem sendo cada vez mais sujeito, chegando mesmo a tornar-se um fenómeno paradoxal porque se preocupa fundamentalmente com as classes trabalhadoras em situação de exclusão face ao mercado, que chegam a formar multidões.

Fazendo uma breve alusão à antiguidade, no sentido de compreender as mudanças que o fenómeno solidário sofreu ao longo do tempo, podemos referir a Idade Média, em que se dava pouca importância a estas questões porque as populações eram completamente voltadas para o individualismo (Almeida, 2007).

Ao longo do tempo, de acordo com os estudos de Almeida (2007) fala-se cada vez mais de solidariedade de diferentes pontos de vista e contextos como alfabetização, comunidade, universidade, ações solidárias contra o cancro infantil, entre outras organizações cujo objetivo é agradar ao povo. Estas ações têm por base outras organizações voltadas para o amor, a liberdade, a luta pela igualdade, a fraternidade, a cidadania e a paz (Almeida, 2007).

Solidariedade na área das ciências sociais e humanas

No campo das ciências sociais e humanas, analisamos a importância da psicologia social e comunitária quando se focam na questão da solidariedade na resolução dos problemas económicos sociais (Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005).

Também a psicologia do trabalho, enquanto interveniente em causas comunitárias pretende desenvolver organizações solidárias, com foco na cooperação entre trabalhadores que, juntos, mantenham a coesão e o vínculo grupal (Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005). Este tipo de trabalho em conjunto visa que a capacidade de diálogo e de debate entre os indivíduos permita que as suas singularidades possam contribuir de forma construtiva para a promoção e dinamização de ações de caris solidário (Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005).

“A produção do coletivo se faz à medida que todos interagem e negociam visando o interesse em comum (…) o coletivo é produzido concomitantemente pelas singularidades que o produzem.” (Zanella, & Pereira, 2001, p.112, cit in Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005, p.6).

Solidariedade comunitária e económica

Uma das comunidades que mais ênfase dão a questões solidárias é a Igreja Católica, principalmente a partir do papado de João Paulo II, que visa a promoção do bem comunitário em que todos são responsáveis entre si (Almeida, 2007).

A solidariedade focada no âmbito económico visa a melhoria das condições de sobrevivência de das populações excluídas do mercado de trabalho, em forma de organizações democráticas, de cooperação e de relações achatadas entre os trabalhadores (Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005). É, desta forma possível, analisar a economia solidária como um meio de procurar colmatar a precariedade das classes trabalhadoras, lutando pela igualdade de oportunidades (Coutinho, Beiras, Picinin, & Lückmann, 2005).

A propósito das classes trabalhadoras, Almeida (2007) observa a solidariedade do ponto de vista político, uma vez que ela se tornou numa espécie de estatuto a manter, principalmente para a classe política e de marketing junto destas classes.

Existem várias teorias no âmbito da economia de solidariedade, no entanto, uma das que mais se destacam pelos estudos de Coutinho, Beiras, Picinin e Lückmann (2005) é a que já mencionamos anteriormente porque visa o encaixe destas populações mais carenciadas.

Solidariedade como essência

Para autores como Almeida (2007) a solidariedade está relacionada com o campo das emoções já que intervém com populações carenciadas e em estado de fragilidade, baseada em princípios éticos, de ação e voltados para resultados, pelo que o conceito emerge ainda do “saber ser”. Partindo destes pressupostos e fácil compreender que a solidariedade é algo intrínseco que tem origem na natureza e identidade humana (Almeida, 2007).

Desta forma, é possível compreender que a solidariedade pouco tem de individualista, uma vez que o ser humano solidário sente-se realizado quando interage a favor do bem comum (Almeida, 2007).

Conclusão

A solidariedade pode ser observada de diferentes pontos de vista como o comunitário, o social, o económico ou o político. Ela visa, essencialmente, a promoção e dinamização de ações que permitam melhorar as oportunidades das classes trabalhadoras, na luta pela igualdade e pela inclusão social. Para que tal seja possível é indispensável que todos os meios de solidariedade já mencionados possam trabalhar em conjunto pelo bem comum, baseando-se na essência do “saber ser” já que o caris solidário de uma ação está relacionado com fatores intrínsecos ao indivíduo comunitário.

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References:

  • Almeida, J.C. (2007). Antropologia da Solidariedade. Notaumdum 14 http://www.hottopos.com CEMOrOC-Feusp / IJI – Univ. do Porto – Acedido a 16 de junho de 2016 em hottopos.com/notand14/joao.pdf;
  • Coutinho, M.C., Beiras, A., Picinin, D., & Lückmann, G.L. (2005). NOVOS CAMINHOS, COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE: A PSICOLOGIA EM EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS. [em linha] SCIELO Brasil, scielo.br. Psicologia & Sociedade; 17(1): 17-28; jan/abr, 2005. Acedido a 15 de junho de 2016 em www.scielo.br/pdf/psoc/v17n1/a02v17n1.pdf.
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