Ria Formosa (Algarve)

Apresentação da Ria Formosa e do Parque Natural; Apresentação e caracterização da fauna e da flora da Ria; Espécies em vias de extinção.

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Apresentação da Ria Formosa

A Ria Formosa é um extenso sistema lagunar, com uma extensão de 60 km e 18.400 hectares de superfície na costa do Algarve, entre a praia do Ancão em Loulé e a praia de Manta Rota em Vila Real de Santo António, passando por Faro, Olhão e Tavira. Caracteriza-se por um cordão dunar formado por duas penínsulas (a Península do Ancão e a Península de Cacela) e cinco ilhas de areia (Ilha da Barreta, Ilha da Culatra, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas), que protege o sistema lagunar, formado por sapal, dunas e vasas, criado a partir de linhas de água da bacia hidrográfica do Sotavento Algarvio e por depósitos trazidos pelo mar. Apresenta-se como a principal zona húmida do sul de Portugal, constituindo um habitat privilegiado para a fauna e flora, fazendo, por isso, parte da Lista de Sítios da Convenção de Ramsar (zonas húmidas de importância internacional).

Devido à sua importância ecológica, toda a área recebeu o estatuto de Reserva Natural em 1978. Em 1987 o seu estatuto foi alterado para Parque Natural, tendo como objetivos principais a proteção e a conservação do sistema lagunar, nomeadamente da sua flora e fauna, incluindo as espécies migratórias e respetivos habitats.

Características do ecossistema

Geologia, hidrologia e clima

No Parque Natural da Ria Formosa (PNRF) podemos encontrar litorais anamórficos (ou seja, casos em que o mar recua), marinhos (praias, barreira, sapal), eólicos (dunas) e fluviais.

O clima no PNRF é mediterrânico, de características semi-áridas, com Verão de seca prolongada e Inverno ameno. Devido à sua localização, a sul de Portugal, é caracterizada  pela presença de precipitações fracas e irregulares; temperaturas amenas, raramente com valores negativos, e elevada insolação.

Flora

A flora da Ria é extremamente diversificada e compreende vegetação dunar, vegetação de sapal e vegetação ribeirinha.

Vegetação Dunar: as dunas dependem de vegetação especifica que permite a fixação da areia. O crescimento de vegetação nas dunas é condicionado pela proximidade destas com o mar (devido a fatores como ventos fortes, sal, luminosidade excessiva…). Portanto, as plantas adquiriram mecanismos de adaptação a estes ambientes secos. As plantas psamófitas (plantas que vivem nas areias), são as ideais para este tipo de ambientes, pois criam mecanismos que impedem a perda excessiva de água e impedem o soterramento (devido aos ventos). Destacam-se  o estorno (Ammophila arenaria), o cardo-maritimo (Eryngium maritimum), os cordeirinhos-da-praia (Otanthus maritimus), o narciso-das-praias (Pancratium maritimum), a arméria (Armeria pungens) e o tomilho (Thymus carnosus).

Vegetação de sapal: o sapal é caracterizado por vegetação halófita (que tolera solos salinos), que depende do reduzido fluxo das marés para a deposição de sedimentos necessários para o substrato deste tipo de vegetação. A morraça (Spartina marítima), é a gramínea predominante  neste tipo de ambiente, suportando longos períodos de submersão.

Vegetação ribeirinha: alimentada por água doce, é bastante importante em termos de alimento e abrigo. Inclui espécies como a tábua (Typha sp.), o caniço (Phragmites communis), o junco agudo (Juncus acutus) e  a tamargueira (Tamarix africana).

Fauna

 A conjugação de características climática e de solo no PNRF leva a que haja uma riqueza em termos de flora e fauna. Na fauna, destacam-se as aves (existindo cerca de 214 espécies de aves). A ria formosa é zona de descanso de muitas aves aquáticas migratórias, que passam ali o Inverno, vindas do Norte da Europa. O caimão ou galinha sultana (Porphyrio porphyrio), símbolo do PNRF, e a andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons) são espécies de aves raras no nosso país e que habitam no PNRF.

Andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons) (à esquerda) e Caimão (Porphyrio porphyrio) (à direita). Fonte: Enri Sastre

Andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons) (à esquerda) e Caimão (Porphyrio porphyrio) (à direita). Fonte: Enri Sastre

Também podemos encontram mamíferos como a lontra, o texugo, o sacarrabos, a fuinha, a geneta e a raposa.A elevada salinidade, os fundos baixos, águas renovadas e substratos arenosos e argilosos, são características que levam a que haja uma grande diversidade de espécies marinhas. Tais como, o robalo, a dourada, o sargo, bibalves, crustáceos e cefalópodes. 

Espécies em perigo/ameaçadas

Uma espécie que se encontra em perigo/ameaçada, na Ria Formosa, é o cavalo-marinho. Existem duas espécies de cavalos-marinhos na Ria Formosa, o Hippocampus hippocampus e o Hippocampus guttulatus. O habitat desta espécie são as chamadas “pradarias” de ervas marinhas, o local perfeito para se esconderem dos predadores e para a sua alimentação (alimentam-se de pequenos crustáceos). A grandeza da população de cavalos-marinhos, na ria Formosa, talvez se deva ao calor e a oxigenação constante, através da entrada de água do mar e o facto de ser extremamente rica em nutrientes. Apesar de ser uma das mais densas populações do mundo de cavalos-marinhos (cerca de dois milhões), e se encontrar na Ria Formosa, esta espécie encontra-se ameaçada pela destruição do seu habitat. As causas de destruição do habitat devem-se: extração de areias; dragagem descuidada dos canais; instalação de viveiros; circulação descontrolada de embarcações de recreio e a falta de sinalização adequada dos canais.

Outra espécie que se encontra ameaçada e que apenas existe, em Portugal, no litoral do Sotavento Algarvio (nos pinhais da orla continental e nas ilhas-barreira) é o camaleão (Chamaeleo chamaeleon).

Camaleão (Chamaeleo chamaeleon) Fonte: E. Crespo

Camaleão (Chamaeleo chamaeleon). Fonte: E. Crespo

No caso da flora, a alcar-do-Algarve (Tuberaria major), endemismo do algarve, encontra-se bastante ameaçado, apresentando o estatuto de espécie protegida.

Alcar-do-Algarve (Tuberaria major) Fonte: André Carapeto

Alcar-do-Algarve (Tuberaria major)
Fonte: André Carapeto

Recursos halieuticos

Em Portugal existem cerca de 150.000 hectares de massas de água superficiais, que são uma mais valia para a aquicultura. Esta grande potencialidade para espécies aquícolas faz com que a ria formosa seja das melhores a nível nacional na produção de aquicultura, nomeadamente, produção de bivalves e na piscicultura.

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References:

  • Diário de Notícias (n.d.). 365 dias, 15 Parques e Reservas Naturais. Cinco Estrelas Lda. ISBN: 972-9335-06-0.
  • ICNF (2015). Parque Natural da Ria Formosa. Acedido em 17 de Dezembro de 2015 em: http://www.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnrf.
  • Miguel, E. (n.d.). Parque Natural da Ria Formosa (PNRF). Sociedade Portuguesa para o Desenvolvimento da Educação e do Turismo Ambientais.
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