Procambarus clarkii (Lagostim-vermelho-do-Louisiana) | ||||||
Reino | Filo | Classe | Ordem | Família | Género | Espécie |
Animalia | Arthropoda | Malacostraca | Decapoda | Cambaridae | Procambarus | P. clarkii |
Distrib. Geográfica | Estatuto Conserv. | Habitat | Dieta | Predação | Longevidade |
Mundial, com excepção da Oceânia e Antártida | Pouco preocupante | Áreas de pântanos, lagos, canais, rios e ribeiras | Omnívoro | Lontras e Garças | 2 anos |
Características Físicas |
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Anatómicas | Corpo em tom vermelho-vivo; Cabeça e tórax possui uma carapaça dura |
Dimorfismo Sexual | Os machos têm uma coloração vermelha muito mais pronunciada e garras mais poderosas |
Tamanho | 15 cm |
Peso | 125-135 g |
O lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii) é uma espécie nativa do Nordeste do México e do Sul dos Estados Unidos da América (EUA), do Texas ao Alabama e a Norte até Illinois. Esta espécie é cultivada no Sul dos EUA desde 1950.
Procambarus clarkii possui como características fisiológicas:
– maturidade prematura e taxas de crescimento rápido;
– é uma das espécies de lagostins mais prolíficas sendo capaz de gerar mais de 500 ovos por fêmea, reproduzindo-se mais do que uma vez por ano, caso as condições ambientais sejam favoráveis;
– é capaz de tolerar água com elevada turbidez e pouco oxigenada e ambientes salobros;
– variações de temperatura da água entre os 10⁰C e os 30⁰C;
– é capaz de sobreviver a períodos de seca prolongados e colonizar novos ambientes por via terrestre;
– é uma espécie oportunista e omnívora.
Devido às suas características, esta espécie de lagostim possui um elevado potencial invasor. Foi aliás introduzida com sucesso em todos os continentes, com exceção da Oceânia e Antártida, fazendo desta espécie de lagostim uma das mais cosmopolitas e a mais distribuída no mundo. No caso da Europa, esta espécie foi introduzida inicialmente em Espanha, em 1973, para aquacultura. Em Portugal, os primeiros indivíduos desta espécie chegaram, muito provavelmente, como resultado da expansão natural da população naturalizada na região da Andaluzia, Espanha. Após a sua introdução em Portugal, o lagostim expandiu-se rapidamente, tornando-se numa espécie invasora dominante e originando muitas alterações em vários sistemas aquáticos como por exemplo, diminuição da riqueza de anfíbios em lagos temporários invadidos, redução de macrófitas, impactos em campos de arroz e erosão do solo devido ao escavamento de galerias. Para além disto, P. clarkii é um vector de transmissão de Aphanomyces astaci Schikora, um fungo oomiceto que provoca a afanomicose, uma infeção conhecida como a praga dos lagostins. Este fungo é endémico de muitos lagostins da América do Norte, mas é letal para os lagostins da Europa, tendo causado inúmeras extinções de populações nativas e é, ainda hoje, uma das principais causas de declínio dos lagostins nativos. O lagostim é também vector de transmissão de quitridiomicose, uma infeção letal para os anfíbios.
References:
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