Conceito de Sucessão Ecológica:
Uma comunidade instala-se num dado ecossistema por diferentes etapas de colonização que se sucedem, constituindo assim uma sucessão ecológica. Os seres vivos ocupam os novos biótopos disponíveis e constituem uma comunidade que se vai desenvolvendo sequencialmente ao longo de centenas ou milhares de anos. Assim, umas comunidades vão sendo substituídas por outras até ser atingida a etapa de máxima estabilidade – clímax.
Normalmente, as espécies pioneiras – espécies que iniciam a colonização do habitat – são espécies generalistas (pouco especializadas) com poucos requisitos ecológicos e com ampla tolerância aos factores ambientais. As espécies pioneiras asseguram o desenvolvimento de um ecossistema favorável para a instalação de espécies mais sensíveis e com maior grau de complexidade biológica durante as etapas subsequentes da sucessão.
Sucessão primária
A sucessão ecológica que se desenvolve numa área onde não existia vida designa-se por sucessão primária. Ocorre, assim, sobre um biótopo em formação. Alguns exemplos de habitats oportunos para novas colonizações são as dunas recém-formadas, a formação de uma nova ilha ou de um novo curso de água como um lago, ou durante a retracção de um glaciar que deixa a descoberto terreno colonizável.
Numa primeira etapa da colonização, instalam-se as espécies autotróficas, tais como musgos e líquenes que permitem o estabelecimento das condições ambientais do meio. Nesta fase, a diversidade de espécies é baixa, porém, as condições são ideais para que estas poucas espécies pioneiras aproveitem a disponibilidade de luz e nutrientes para se expandirem.
A incorporação de uma nova espécie implica a ocupação de um nicho ecológico que estava por explorar alterando, assim, as condições do habitat e a criação de novos nichos passíveis de serem colonizados. Porém, pode dar-se também o caso de uma nova espécie competir com as espécies previamente estabelecidas levando ao desaparecimento dessas espécies.
As primeiras etapas da sucessão são caracterizadas pela instalação e expansão de uma comunidade vegetal e, posteriormente, instalar-se-ão outros grupos de espécies como animais e parasitas, tornando a rede trófica progressivamente mais complexa.
Sucessão secundária
Uma sucessão secundária desenvolve-se sobre uma área anteriormente ocupada por outra comunidade que foi destruída, quer por catástrofes naturais, quer por perturbações antrópicas, como um campo de cultivo abandonado ou um bosque ardido, por exemplo. Esta sucessão é mais rápida que a primária, já que, as condições ambientais favoráveis à recolonização já estão estabelecidas, dado que, permanecem no solo microorganismos, sementes ou propágulos vegetativos que tornam o meio mais favorável à recolonização.
Última etapa – O clímax
O clímax constitui a última etapa de uma sucessão, na qual é atingida a máxima estabilidade. Neste ponto, o ecossistema torna-se autónomo e tolerante às variações dos factores abióticos. Porém, o clímax pode ser uma etapa para a qual o ecossistema tende sem nunca a chegar a alcançar. Também é possível que após o clímax o ecossistema vá envelhecendo se vá autodestruindo para voltar a iniciar-se uma nova sucessão.
Do ponto de vista da energia do sistema, o clímax constitui a etapa em que a produção está próxima de zero. Com o aumento da biomassa que ao corre no decorrer da sucessão, há também um aumento da energia gasta em respiração. Como a dada altura a produção bruta se encontra limitada, já que, todos os nichos estão ocupados e não é possível aumentar a cobertura vegetal, a produção líquida vai tender a aproxima-se de zero durante o amadurecimento do ecossistema.
Exemplo de sucessão primária – As dunas
Tomando como exemplo a colonização de uma duna da praia, encontramos as gramíneas (grupo de plantas angiospérmicas com espiga, como o milho ou a cevada) na primeira fase da sucessão. Nesta primeira etapa instalam-se espécies pioneiras como a Ammophila arenaria, com caules rasteiros e raízes bastante longas, capazes de suportar ventos e tempestades de areia. As espécies pioneiras das dunas permitem a colonização do substrato e a acumulação gradual de gãos de areia fixando, assim, o solo e conduzindo à modificação do habitat, tornando-o favorável ao estabelecimento de outras espécies competidoras. Ao longo da sucessão, a consolidação e enriquecimento do solo permitem a instalação de outras espécies, como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), que se vão instalar numa zona mais estável e afastada da orla marinha, colonizando assim, o substrato da duna estabilizada. Em zonas mais elevadas ou expostas o pinheiro poderá ser substituído por outros grupos arbóreos como espécies de carvalhos (Quercus spp.).
Exemplo de sucessão secundária – Sucessão após um incêndio
Os incêndios periódicos são um factor de elevada perturbação das comunidades dos bosques e florestas. Assim, estas comunidades tendem a evoluir de forma a se adaptarem a essa ameaça frequente. Desta forma, encontramos nos bosques mediterrânicos determinadas espécies de plantas que desenvolveram mecanismos de germinação e de dispersão estimulados pelo fogo de superfície. Este tipo de fogo alastra de forma rápida, já que, tem origem em combustíveis que se convertem rapidamente em cinzas, não chegando a elevar demasiado a temperatura. Após o fogo, a cobertura vegetal irá ser essencialmente composta por rebentos de espécies como a urze (Erica spp.) e a esteva (Cistus spp.) que podem chegar a formar matagais densos, já que, podem crescer sem a interferência das espécies de árvores que existiam antes do incêndio.
Ao longo da sucessão, o solo torna a ficar enriquecido em nutrientes e a luz disponível para a expansão de espécies de pequeno porte vai diminuindo. Podem agora instalar-se espécies de maior porte, como os sobreiros (Quercus suber) e as azinheiras (Quercus ilex), que acabarão por dominar e caracterizar a paisagem.