Conceito de Seiva Bruta
Seiva bruta é a designação atribuída à solução aquosa de minerais, hormonas e alguns nutrientes que se desloca nos vasos do xilema (estes vasos situam-se na zona mais interior do caule). Esta solução aquosa forma-se nas raízes, deslocando-se de forma unidireccional para as folhas, onde entra no processo de fotossíntese, transformando-se em seiva elaborada.
Os minerais e a água que formam a seiva bruta são obtidos pelas raízes a partir das reservas presentes no solo. Devido a um défice de água na zona radicular (diferença de concentração entre a solução presente no solo e a que se encontra no citosol das raízes), a água que se encontra no solo entra para as raízes devido à pressão radicular formada, trazendo consigo os sais minerais que se encontram dissolvidos.
A seiva bruta apresenta dois tipos de deslocamento diferentes. Inicialmente a seiva bruta desloca-se dos pêlos radiculares até aos vasos do xilema (de forma horizontal). Posteriormente a seiva desloca-se no sentido ascendente (ao longo do vaso condutor até atingir as folhas) devido à existência de um défice de água na zona superior da planta (desloca-se verticalmente até atingir o seu destino).
A sua deslocação nas plantas de grande porte ainda não foi completamente explicada, apesar de existirem diversas teorias e hipóteses que tentam fornecer essa explicação. Uma das explicações encontradas para a movimentação da seiva bruta no xilema é a transpiração que provoca um défice de água na zona superior da planta (folhas) levando a água a subir.
A movimentação da seiva bruta nas plantas que não apresentam vasos condutores é muito simples, ocorrendo normalmente por processos de osmose e difusão, estando por isso associada a uma variação nas concentrações dos meios (normalmente a água desloca-se de um local com elevada concentração de água para outro que apresente uma menor concentração desta substância).
Ao contrário da seiva elaborada, a seiva bruta apenas se desloca num único sentido, contra a força da gravidade. O seu transporte é passivo não sendo necessária energia para ocorrer. A movimentação da seiva bruta pode variar de espécie para espécie, não ocorrendo sempre da mesma forma. Essa variedade tem tornado a descoberta deste processo mais difícil para os investigadores.
Dentre essas teorias podem ser mencionadas a teoria de pressão radicular, que tenta explicar, a entrada de água e sais minerais dissolvidos, nas raízes. Outra das teorias que tenta explicar a movimentação nos vasos do xilema é a teoria da tensão-coesão-adesão, que fornece uma explicação para a subida de água com sais minerais nas plantas com grande porte. Neste momento essa última teoria é a teoria fornece a melhor explicação para o processo, sendo por isso a mais aceite na comunidade cientifica.
A cavitação pode impedir a deslocação da seiva bruta, nos vasos do xilema, uma vez que provoca o surgimento de ar dentro desses vasos (formação de bolhas de ar que quebram a ligação entre as moléculas de água) impedindo o movimento ascendente da seiva bruta. A cavitação interrompe a coluna contínua de água existente nos vasos do xilema, impedindo assim que a água continue a subir, esta coluna forma-se devido à forte ligação entre as moléculas de hidrogénio presentes na água.
O estudo do movimento da seiva bruta, assim como o estudo do movimento da seiva elaborada pode contribuir para a melhoria de técnicas utilizadas na agricultura e na produção florestas, favorecendo a produção de alimento para uma população humana que tem vindo a aumentar exponencialmente. Este conhecimento também pode contribuir para perceber de que forma as plantas utilizam a água que possuem, assim como são afectadas pelos factores externos e internos.
Ainda é necessário alguma pesquisa, pois o conhecimento sobre a forma como as seivas (bruta e elaborada) se formam e como circulam nos seus respectivos vasos condutores (nem todas as plantas possuem vasos condutores uma vez que são uma característica das plantas mais evoluídas) é muito limitado.
References:
- Helfter, Carole; Shephard, Jonathan D.; Martínez-Vilalta, Jordi; Mencuccini, Maurizio; Hand, Duncan P.(2007). A noninvasive optical system for the measurement of xylem and phloem sap flow in woody plants of small stem size. Heron Publishing—Victoria, Canada. Tree Physiology 27 (2): 169-179.Consultado em: Dezembro 30, 2015, em http://treephys.oxfordjournals.org/content/27/2/169.long
- (2009) As folhas como fábricas. Naturlink-Informação Ambiental, S.A. Consultado em: Dezembro 30, 2015, em http://naturlink.sapo.pt/Emprego/Emprego-Nacional/content/4530?bl=1&viewall=true