Transtorno alimentar no homem

O transtorno alimentar no homem diz respeito às alterações alimentares patológicas na dieta com caraterísticas específicas.

Transtorno alimentar no homem

O transtorno alimentar no homem diz respeito às alterações alimentares patológicas na dieta de indivíduos do sexo masculino com caraterísticas específicas.

Segundo os estudos de Melin e Araújo (2002) o fato de o transtorno alimentar (TA) ser maioritariamente observado em mulheres, faz com que nem sempre o mesmo tenha a devida atenção quando acontece com os homens, uma vez que há poucos estudos relacionados com este. Na maioria dos casos, o transtorno chega a ser ignorado por causa do mito de que os homens não sofrem de TA, o que acaba por atrasar não só o diagnóstico como a intervenção e, consequentemente, o evitar de consequências drásticas (Fonseca, Gouveia, & Oliani, 2012; Melin, & Araújo, 2002).

Fonseca, Gouveia, Oliani e M. (2012) referem o TA, desde a década de 80, como uma doença exclusivamente observada em mulheres. O TA masculino chegou mesmo a ser excluído dos quadros de transtorno alimentar devido ao baixo número de casos envolvidos (Melin, & Araújo, 2002).

No entanto, a revisão da bibliografia permite-nos verificar que, cada vez mais, devido ao culto do corpo, cada vez mais pessoas de ambos os sexos se preocupam com a imagem, muitas delas, num exagero patológico pelo que a adesão às dietas por parte tanto de homens como de mulheres, sofreu um enorme boom (Fonseca, Gouveia, & Oliani, 2012).

É partindo destes pressupostos que devemos estar atentos para saber fazer a distinção quando há necessidade de intervir e quando não há, para evitar problemas graves (Melin, & Araújo, 2002).

Muitas vezes se pode observar que os homens que desenvolvem TA, têm histórias de vida com acontecimentos francamente positivos mas que se mostram inseguros no que concerne às suas competências pessoais e capacidade para integrar a sociedade o que, tal como no caso das mulheres, pode originar a luta pela perda de peso, como forma de se controlarem a si mesmos e sentirem-se mais seguros (Fonseca, Guveia, & Oliani, 2012).

Uma das características mais comuns no que concerne ao TA nos homens, é que o mesmo se manifesta, geralmente, mais tarde do que nas mulheres, possivelmente devido ao fato de a puberdade ser também mais tardia nos rapazes do que nas raparigas, o que chega a ser mais assustador para o sexo feminino e ainda pelo medo de envelhecer, por parte dos rapazes e homens (Melin, & Araújo, 2002).

Outra das características que também contribuem para a tendência a desenvolver mais ou menos TA no sexo masculino, é o tipo de profissão, ou seja, é mais comum encontrarmos quadros de TA junto de bailarinos, modelos, fisiculturistas, nadadores, corredores, lutadores de luta livre, etc, do que em outras profissões que não apelam tanto para o culto ao corpo ideal (Melin, & Araújo, 2002).

A par da questão profissional também se verificam maiores taxas de TA junto de indivíduos homossexuais do que junto de indivíduos heterossexuais, pela razão de, no caso dos primeiros, haver maior preocupação com a própria imagem (Fonseca, Gouveia, & Oliani, 2012).

Além disso, é de referir que a bulimia, um dos TA mais comuns tem maior taxa de incidência junto de atletas que precisam de obter grande massa muscular e que, ao mesmo tempo, precisam de manter o baixo peso para obter melhor performance (Melin, & Araújo, 2002).

Fonseca, Gouveia e Oliani (2012) focam uma das grandes diferenças entre as mulheres e os homens com TA, que remete para os objetivos de cada um, isto é, no caso das mulheres, as mesmas almejam emagrecer através da perda de peso, no caso dos homens, a maior preocupação e foco que pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de um TA é o aumento de massa muscular.

Desta forma podemos facilmente verificar que o TA é comum aos dois sexos, e que abarca todas as características inerentes, tais como a obsessão pelo corpo, a pressão pela perfeição estética e a vulnerabilidade em ambos os casos, que demonstram a necessidade de intervenção com igual preocupação, tanto nos homens como nas mulheres (Fonseca, Gouveia, & Oliani, 2012).

Conclusão

Podemos dizer que o TA nos homens mostra contornos tão ou mais graves do que nas mulheres já que, por ter sido considerado durante muito tempo, como exclusivamente feminino, foi sendo negligenciado e diagnosticado de forma adequada. Por esse motivo, mostra-se imprescindível a atenção mais focada quando encontramos quadros clínicos desta natureza junto de homens, no sentido de poder fazer uma intervenção atempada e eficaz.

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References:

  • Fonseca, A.A.G., Gouveia, I.C., & Oliani, S.M. (2012). Transtorno Alimentar: Coisa de Mulher? [em linha] PSICOLOGADO, psicologado.com. Disponível em https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtorno-alimentar-coisa-de-mulher;
  • Melin, Paula, and Araujo, Alexandra M. Transtornos alimentares em homens: um desafio diagnóstico. Bras. Psiquiatr. [online]. 2002, vol.24, suppl.3 [cited 2016-97-11], pp.73-76. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700016.
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