Suicídio

O suicídio pode ser entendido como o agir intencional que tem como propósito ou expetativa a própria morte.

Conceito de suicídio

O suicídio pode ser entendido como o agir intencional que tem como propósito ou expetativa a própria morte.

Enquanto intenção e ação, o suicídio não é tido como uma perturbação psicológica, mas antes como um fenómeno que se verifica frequentemente no contexto de perturbações psicológicas/psiquiátricas. Destas são exemplo as perturbações de humor, como a perturbação bipolar e a depressão, ou as perturbações psicóticas, como a esquizofrenia. Destacam-se ainda as perturbações de personalidade, nomeadamente aquelas que são caracterizadas por um grau elevado de impulsividade e labilidade emocional, como a perturbação borderline.

Frequentemente verifica-se que a perturbação mais significativa se associa a outras, gerando situações de comorbilidade com ansiedade ou perturbações de adição (alcoolismo ou toxicodependência).

Conceptualização

Do ponto de vista psicológico, o suicídio é  percebido como a intenção de terminar o sofrimento, experienciado como avassalador e para o qual a pessoa não vislumbra outra saída. Experiências e sentimentos de desamparo, desesperança e solidão, mesmo que não aparentes, vão ao encontro desta conceptualização, e no âmbito do(a)s quais se verifica um funcionamento não adaptativo (ver comportamento adaptativo). Por este motivo, é fulcral o acesso a cuidados de saúde que possam conter e acompanhar o indivíduo no seu sofrimento, ajudando a encontrar outras formas de lidar com as suas dificuldades.

Esta perspetiva não equipara, contudo, o suicídio com o comportamento de para-suicídio, que se caracteriza por um comportamento semelhante ao suicidário, não obstante não ter como objetivo conduzir a pessoa à morte. Geralmente este comportamento tem consequências negativas para a pessoa, sendo estas expetáveis e procuradas aquando do ato, ilustradas, por exemplo, pelo abuso de psicofármacos ou outros comportamentos autolesivos não suicidários.

O para-suicídio distingue-se assim do suicídio por não visar a morte como um fim, podendo ser percebido como um comportamento emocional, não adaptado, de procura dos outros, do seu apoio ou reação.

Este último distingue-se ainda do que se designa por tentativa de suicídio ou suicídio frustrado em que há uma ação intencional que tem como objetivo o suicídio, não obstante frustrar este propósito, como se de um plano ou expetativas mal calculadas se tratasse.

Fatores de risco e fatores protetores

São diversos os fatores de risco que podem potenciar, num contexto de vulnerabilidade emocional, o agir suicidário. Entre estes fatores destacam-se as situações de perda (económica, social, familiar), trauma ou mudança, que por sua vez podem precipitar desorganização psicológica na pessoa e dificuldade de regulação e resolução de problemas; situações de doença crónica ou face à qual a pessoa não tenha expetativa de evolução favorável (e.g. doença em fase terminal); traços e estilos cognitivo-emocionais e comportamentais de funcionamento que predispõem a pessoa para uma maior dificuldade em pensar alternativamente face a situações-limite ou de stress;  autoestima e autoeficácia fragilizadas; rede de suporte familiar e social mais pobres que providenciam pouco suporte ou desconhecem as dificuldades da pessoa; ou ainda a disponibilidade de meios para agir a intenção suicidária.

Por outro lado, podem enumerar-se alguns fatores protetores que amortizam o impacto dos fatores de risco e que neste sentido podem prevenir o indivíduo de levar a cabo o ato suicídio. Estes fatores podem ser, inversamente, uma rede social mais robusta (familiar, laboral/escolar, social) ou a procura de apoio e soluções para as dificuldades sentidas, com acesso a serviços de saúde mental; prática de atividades de lazer e de uma ocupação profissional satisfatória; envolvimento na comunidade e projeto/propósito de vida, adequados a cada estádio da vida.

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References:

Organização Mundial de Saúde (2006). Prevenção do suicídio. Um recurso para conselheiros. Genebra: Organização Mundial de Saúde.

Simon, R.I & Hales, R.E. (2006). Textbook of Suicidal Assessment and Management. Arlington: American Psychiatric Publishing, Inc.

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