Stresse no ensino
O stresse no ensino diz respeito às consequências negativas sentidas pelos professores na arte de lecionar. O mesmo prende-se com diferentes variáveis como o comportamento dos alunos em sala de aula e a organização do espaço escolar ou ainda o ambiente entre colegas de trabalho.
Segundo os trabalhos de Junior e Lipp (2008) algumas profissões são mais propícias ao stresse do que outras, como é o caso das que dizem respeito ao magistério, ou seja, as do ensino que estão sujeitas a variáveis que podem despoletar um desiquilíbrio do organismo, tanto ao nível físico como mental. Os autores referem, portanto, a tendência, por parte destes profissionais do ensino, para desenvolver a síndrome de burnout (Junior, & Lipp, 2008).
Apesar das consequências nefastas provocadas pelo stresse dos professores, não podemos deixar de referir, como dizem Gomes, Montenegro, Peixoto e Peixoto (2010) que o stresse no ensino é um fenómeno cujo foco de interesse começou a merecer cada vez mais destaque a partir de 1977 quando se escreveram matérias acerca do mesmo.
Alguns dos sintomas de stresse no ensino que podem ser observados nos professores são:
- Raiva
- Depressão
- Alterações fisiológicas
- Alterações bioquímicas com possibilidade de se tornarem patogénicas
- Problemas de autoestima
- Bem-estar em geral
(Junior, & Lipp, 2008).
Autores como Gomes, Montenegro, Peixoto e Peixoto (2010, p.2) definem também o stresse no ensino como um “resultado das experiências stressantes sentidas pelos docentes no exercício das suas funções, originando diferentes sentimentos negativos (e.g., raiva, ansiedade, tensão, frustração, depressão, etc.).”
Quando se fala de stresse no ensino convém ainda distinguir o primário do secundário, pelo que o primeiro diz respeito aos limites individuais do professor que se prende com questões emocionais negativas devido ao contexto e ao papel do mesmo, que acabam por interferir na sua performance (Junior, & Lipp, 2008). Este primeiro, deve-se, em grande parte, ao facto de a família, em muitos casos, delegar a educação dos alunos para os professores (Junior, & Lipp, 2008).
Quanto ao stresse de nível secundário diz respeito às condições e recursos que o professor tem à sua disposição para trabalhar, como os materiais, a instituição onde leciona, o tipo de móveis existente dentro da mesma e ainda o ambiente (Junior, & Lipp, 2008).
A instituição escolar pode influenciar o stresse dos professores quando os mesmos estão sujeitos a demasiada pressão de tempo, demasiadas exigências no que respeita ao número de tarefas a executar e até mesmo relacionamentos estabelecidos com os colegas que mexem com todo o ambiente da escola (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010).
Por vezes a discrepância entre as capacidades do professor e as necessidades dos alunos, é demasiado grande devido ao comportamento que os alunos adotam em contexto de aula e aos contornos adotados pelo próprio sistema de ensino, tais como a organização e a gestão exercidas pela direção da escola (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010; Junior, & Lipp, 2008).
No que concerne ao comportamento dos alunos, os estudos demonstram que a ausência de motivação, a indisciplina, entre outros comportamentos inadequados, são algumas das variáveis que influenciam a tendência para o stresse no ensino, por parte dos professores (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010).
Devido a todo este conjunto de fatores que podem originar stresse, é importante avaliar a forma como ele é desencadeado e há quanto tempo predomina, no sentido de delinear estratégias de intervenção que permitam minimizar o stresse e os danos que o mesmo possa causar (Junior, & Lipp, 2008).
Habitualmente, o desencadear de stresse no ensino é despoletado pelas relações entre profissionais, por conflitos entre colegas, baixo apoio social, avaliações por parte da escola ou do ministério que sejam menos agradáveis, entre outras (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010).
A partir de todo este conjunto de fatores de origem negativa, o profissional do ensino entra em estado de esgotamento, denominado pela síndrome de burnout devido à exaustão emocional que cria problemas de despersonalização e de sensação de não realização pessoal e profissional, sintomas que são bastante comuns a profissionais cuja função é estar ao serviço ou cuidado aos outros (Gomes, Montenegro, Peixoto, & Peixoto, 2010).
Conclusão
Podemos concluir que o stresse no ensino é maioritariamente provocado por um conjunto de exigências demasiado exaustivas que fogem à capacidade da classe dos professores para conseguir responder a todas as necessidades da escola, mas, principalmente, dos alunos. Desta forma, questões como o comportamento dos alunos e a organização do meio escolar, podem tornar-se obstáculos difíceis de contornar que, a longo prazo, acabam por provocar consequências drásticas, levando mesmo os professores à síndrome de burnout.
References:
- Gomes, A.R., Montenegro, N., Peixoto, A.M., & Peixoto, A.R.B.C. (2010). STRESSE OCUPACIONAL NO ENSINO: UM ESTUDO COM PROFESSORES DOS 3º CICLO E ENSINO SECUNDÁRIO. Psicologia & Sociedade; 22(3): 587-597, 2010. http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/11845;
- Goulart Junior, Eduard, & Lipp, Marilda Emmanuel Novaes. (2008). Estresse entre professoras do ensino fundamental das escolas públicas estaduais. Psicologia em Estudo, 13(4), 847-857. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000400023.