Sadomasoquismo

Quando falamos em sadomasoquismo, é quase certo ouvirmos referências humilhantes a respeito do termo.

Sadomasoquismo

Quando falamos em sadomasoquismo, é quase certo ouvirmos referências humilhantes a respeito do termo. Podemos encontrar algumas destas referências, em muita da fundamentação teórica científica abordada desde o século XIX.

O boom da exploração do sadomasoquismo com contornos eróticos teve início na década de 90 (Azevedo, 1998). Quanto às pesquisas de base que foram implementada são longo de 15 anos, promoveram a construção de mais de 200 contos eróticos, artigos, reportagens gerais, a publicação de dois livros sobre o tema e o aumento de pedidos de leitores a solicitar material sobre esse assunto, o que levou à necessidade de se rever velhos conceitos e inadequados juízos de valor (Azevedo, 1998).

Em primeiro lugar é preciso definir as formas de se empregar as palavras, sádico e masoquista, principalmente quando se envolve dor e humilhação, na prática, já que são conceitos ainda em exploração do ponto de vista do estudo à luz da psicologia e da sexologia. A denominação sádica e masoquista foi sendo muito confundida uma vez que não era fácil entender estes dois modos de comportamento (Azevedo, 1998).

De acordo com Azevedo (1998) devemos separar os dois termos, no sentido de compreender em que se baseia cada um deles:

Sadismo Maldoso: prazer que pode causar dor e torturas com ou sem erotismo.

Sadismo psicopático: é uma patologia mental muito observada em violadores, assassinos, e maníacos, levando, muitas vezes, ao assassinato.

Sadismo Erótico: prática de torturas que provocam prazer e excitação, ao mesmo tempo que provocam dor, a ambos os elementos, o que permite obter um equilíbrio de prazer para os dois, com respeito pelo limite do outro onde tudo não passa de um jogo sádico.

Para muitos sexólogos, como Magnus Hirschfeld (s.d., cit in Azevedo, 1998), o fenómeno é um conjunto de manifestações de tendências homossexuais, exibicionistas, fetichistas, masoquistas ou sádicas (isoladas ou combinadas). Hirschfeld (s.d., cit in Azevedo, 1998) conta o caso de um homem que convenceu a mulher a seduzir um amigo dele e depois ficava a observar todo o ato, escondido em algum lugar. Assim que o sujeito ejaculava, ela tinha de fazer com que ele se retirasse, enquanto ainda saboreava o orgasmo. O marido saía de seu esconderijo e ia ter relações sexuais com ela. Do ponto de vista de vários sexólogos, o marido encontrava nesta estratégia, uma forma de seduzir o outro homem, pelo qual sentia atração homossexual (Hirschfeld, s.d., cit in Azevedo, 1998). Na verdade, ao se expor, inconscientemente, realizava parte de seus desejos de exibicionismo como se fosse uma mulher (Azevedo, 1998).

Os praticantes também relatam uma grande multiplicidade de práticas preferidas e experimentadas, e fazem uso de sex toys para usufruir de uma diversidade de sensações, que lhes permitam explorar mais o seu fetiche (Mota, & Oliveira, 2012).

No que concerne ao masoquismo, contrariando a ideia de que é essencial para a excitação, os resultados apontam para o fato deste ser apenas uma componente de estética ou um estímulo e não uma condição indispensável para a obtenção do prazer (Mota, & Oliveira, 2012). Além disso, as motivações que encontramos para estes comportamentos vão desde a obtenção do prazer erótico/sexual até à obtenção de prazer psicológico, estendendo-se até a aspetos não sexuais (Azevedo, 1998; Mota, & Oliveira, 2012).

É necessário não dar uma conotação negativa a determinadas fantasias eróticas apenas porque se afastam dos padrões convencionais (Azevedo, 1998; Mota, & Oliveira, 2012).

Não podemos, no entanto, considerar todas as práticas de natureza patológica (Azevedo 1998). Muitos indivíduos ocasionalmente, por curiosidade, ou por desejo de variar, experimentam práticas sadomasoquistas e não devem ser considerado perturbados, já que é saudável procurar enriquecer a prática do prazer (Azevedo, 1998).

O adulto que hoje em dia assume o seu prazer masoquista tem, normalmente, um histórico de aprendizagem infantil que, de uma forma ou de outra, o excitou, associado à prática (Azevedo 1998). A ansiedade e o medo naturais que levam ao desejo de vencer, fazem com que este indivíduo precise de experimentar qualquer sensação para provar a si mesmo que é forte e que é suportável viver esta experiência, que psicologicamente varia de pessoa para pessoa (Azevedo 1998).

Conclusão

De acordo com a literatura o sadomasoquismo é um termo complexo que assume vários e diferentes contornos dentro do campo do erotismo. Se for consensual e de mútuo acordo pode ser uma fonte de prazer para os praticantes, no entanto, é preciso saber conhecer os limites para que não hajam consequências negativas e até mesmo fatais no decorrer do ato.

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References:

  • Azevedo, W. (1998). Sadomasoquismo sem medo. Livro acedido a 8 de Maio de 2016 em https://www.scribd.com/doc/230529217/SADOMASOQUISMO-SEM-MEDO-pdf
  • Mota, A. M., & Oliveira, A. (2012). PARA ALÉM DA DOR: FANTASIAS DE PRAZER, ODER E ENTREGA. Um estudo sobre Sadomasoquismo. VII CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA. Universidade do Porto – Faculdade de Letras – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. 19 a 22 de Junho de 2012.
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