Imaturidade nas relações

A imaturidade nas relações está ligada às escolhas pouco saudáveis que os indivíduos fazem desde a adolescência.

Imaturidade nas relações

A imaturidade nas relações está ligada às escolhas pouco saudáveis que os indivíduos fazem desde a adolescência. Estas relações tornam-se nocivas e trazem consequências extremamente negativas para a pessoa e para quem está ao seu redor.

 

Os relacionamentos amorosos são importantes para qualquer pessoa porque o ser humano é feito para viver em sociedade, principalmente em situação afetiva, embora a amizade seja mais estável e mais compreensiva (Andreassa, 2011).

No amor entre adultos, é necessário que a relação se baseie em fatores como a química, a paixão, o companheirismo, a amizade, a sinceridade, a confiança e a intimidade, pelo que, quando estas condições não estão presentes, falamos então de imaturidade nas relações (Andreassa, 2011). No entanto, é muito natural a presença de boas vibrações e de grandes inseguranças, no contexto de uma relação amorosa (Andreassa, 2011).

Destas inseguranças nascem filhos que evidenciam ainda mais a desunião entre o casal porque os dois não têm espaço para estarem juntos (Cicco, Paiva, & Gomes, 2005).

Estes relacionamentos são pautados por muita dependência dos elementos em relação aos próprios pais, principalmente quando a mesma é também financeira, o que leva a que os membros de uma relação imatura se comportem como filhos, em vez de se comportarem como pais, junto dos seus filhos, porque acabam por não ser capazes de assumir comportamentos estabelecedores de limites (Cicco, Paiva, & Gomes, 2005).

A imaturidade nas relações ocorre, principalmente, no caso de indivíduos neuróticos que se caracterizam por pensar mais do que sentem e por terem tanta ânsia de viver que vivem mais a ansiedade do que a experiência de vida propriamente dita, com ilusões e sentimentos imaginários, pelo que acabam por se enganar a si mesmos (Andreassa, 2011).

Comumente estas pessoas apostam tudo nas relações afetivas, depositando todas as suas expetativas, carências, frustrações, etc, o que leva, invariavelmente, ao fim da relação que, devido a estas atitudes imaturas, sufoca por questões de pressão e por ausência de momentos de prazer (Andreassa, 2011).

Muitas vezes, as relações imaturas são também pautadas por motivos de ligações à família de origem, quando o casal, por estar mais ligado a esta do que um ao outro, procura, no relacionamento, não apenas motivos para compartilhar e unir em função do desejo de estar juntos, mas um conjunto de meios de solução dos problemas (Cicco, Paiva, & Gomes, 2005).

Se retrocedermos no tempo, verificamos que este tipo de relação imatura e disfuncional tem origem na adolescência quando os jovens iniciam a vida sexual sem ter em conta as responsabilidades que devem assumir, tanto individuais como sociais, começando por se informar devidamente, para prevenir, como por exemplo, fazer uso do preservativo (Brêtas, Ohara, Jardim, Junior, & Oliveira, 2011).

Para evitar este tipo e situação, Brêtas, Ohara, Jardim, Junior e Oliveira (2011) propõem a promoção de programas de prevenção relacionados com a educação sexual, na escola e junto de toda a comunidade escolar, para que estes jovens optem por relações bem pensadas que não tragam repercussões negativas devido às suas escolhas (Brêtas, Ohara, Jardim, Junior, & Oliveira, 2011).

Relacionamentos imaturos e mal pensados, acabam por acontecer, frequentemente, devido a problemas de segurança adquiridos em outros relacionamentos que levam a que os parceiros sofram sem entender porquê, e que são originados, muitas vezes, pelo tipo de escolhas que se fazem, acima mencionados (Andreassa, 2011).

Devido às escolhas inadequadas na adolescência, verifica-se mais tarde, na idade adulta, o desenvolvimento de neuroses familiares que se dão quando cada pessoa, no seio da família, não entende que as emoções são tão importantes como alimentar e criar os filhos (Andreassa, 2011).

A propósito das relações familiares, Winnicott já referia que nem sempre, constituir família, significa maturidade entre o casal, uma vez que muitos homens e muitas mulheres imaturos(as) procuram o alívio e a alegria na família (Cicco, Paiva, & Gomes, 2005).

Nas relações imaturas de casais casados, o que se verifica é que essa imaturidade é passada para os filhos e bloqueia o seu desenvolvimento saudável (Cicco, Paiva, & Gomes, 2005).

Conclusão

Podemos dizer que as relações imaturas são, habitualmente, originadas por comportamentos imaturos na adolescência que levam a que os indivíduos se tornem adultos menos responsáveis, com pouca capacidade de controlo emocional e relacional, já que assumem sempre posturas dependentes em todos os níveis. Apesar disso, não podemos deixar de ter em conta que o ser humano é um ser sociável e com necessidade natural de se relacionar, pelo que é necessário que se promovam programas de intervenção ao nível das relações saudáveis para que se evitem escolhas erradas que podem trazer consequências para as gerações seguintes.

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References:

  • Andreassa, E. (2011). AS RELAÇÕES AMOROSAS E OS TRAÇOS DE CARÁTER. Jornada interestadual de psicoterapias corporais, iv, 2011. Anais. Balneário Camboriú: Centro Reichiano. Disponível em cenroreichiano.com.br/artigos;
  • Brêtas, José Roberto da Silva et al. Aspectos da sexualidade na adolescência. Ciênc. Saúde coletiva [online]. 2011, vol.16, n.7 [cited 2016-07-09], pp.3221-3228. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232011000800021&script=sci_arttext&tlng=es;
  • Cicco, M.F., Paiva, M.L.S.C., & Gomes, I.C. (2005). FAMÍLIA E CONJUGALIDADE: O SINTOMA DOS FILHOS FRENTE À IMATURIDADE DO CASAL PARENTAL. Clin, Rio de Janeiro [online], vol.17, n.2 [cited 2016-0709]: p.53-63.
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