Disortografia
Entendemos como disortografia a dificuldade ao nível da ortografia que algumas crianças apresentam no processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
Teles (2010) refere a importância da capacidade de ler e escrever para poder comunicar, uma vez que é através da leitura e da escrita que evoluímos e aprendemos.
Fernández, Mérida, Cunha, Batista e Capellini (s.d.) dizem que a criança, quando entra na escola, já sabe falar, mas ainda não conhece as regras de escrita e leitura, pelo que, de acordo com Teles (2010) os dois processos (falar e alfabetizar-se) não se desenvolvem da mesma forma, devido a todas as regras de escrita e leitura que são precisas de assimilar.
Estas regras dizem respeito à metalinguística, ou seja, fonologia, morfologia e sintaxe, além da semântica inerente (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.; Teles, 2010).
A própria comunicação escrita, tem a especificidade de ser estático e contínua da manifestando-se toda pelos símbolos gráficos, voz, audição e tato (alfabeto Braille) (Teles, 2010).
Quanto à disortografia, a criança organiza a linguagem escrita de forma alterada, o que provoca dificuldades na ortografia, gramática e redação, mesmo tendo um quociente de inteligência (qi) adequado à idade cronológica (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.; Teles, 2010).
As crianças disgráficas, apresentam dificuldades na ortografia desde o início da alfabetização até ao fim do ensino obrigatório, devido às suas dificuldades em reconhecer as letras e respetivos fonemas associados, que formam as palavras (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
Muitos professores não estão familiarizados com esta dificuldade específica, pelo que se cria uma barreira entre o ensino dos professores e a capacidade de aprender destes alunos, devido ao seu desconhecimento sobre a ortografia (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
A dificuldade em fixar a ortografia das palavras, leva à inversão dos grafemas, omissão e alteração da sequência das palavras, dificuldade na oralidade, na escrita e no texto (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.). Isto acontece devido à dificuldade em converter as letras em sons, que criam obstáculos na capacidade linguístico-perceptiva (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
A intervenção sugere ter em conta o número de letras do alfabeto português (26), o número de símbolos de acentuação, tais como acentos, cedilhas, etc, e o número de sons existentes (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
Depois é importante que a criança consiga fazer corresponder a palavra escrita ao som que esta deve emitir, através de símbolos gráficos e sílabas que permitam dar sentido às palavras (Teles, 2010), tendo em conta o nível ortográfico da criança e que tipo de erros ortográficos dá para perceber onde reside a alteração disgráfica (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
É fundamental compreender os tipos de erros que estas crianças dão, bem como as suas capacidades cognitivas ou linguísticas em questão (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
Como orientar professores para ensinar crianças com disortografia
- Fazer a criança entender que o professor a compreende e quer ajudar
- Entender que a criança precisa de mais tempo para as suas tarefas
- Explicar à criança a relação entre a escrita e a ortografia com histórias pequenas
- Distinguir erros ortográficos de falhas de compreensão e treinar tipos de resposta
- Fazer a criança entender o que fez para que possa compreender a correção
- Reforçar positivamente o esforço e o sucesso
- Complementar a avaliação escrita com a oral
- Corrigir sempre a ortografia sem permitir que fiquem erros que possam ser memorizados, com o cuidado de não rasurar os cadernos com canetas coloridas
- Assinalar os erros e ensinar o aluno a procurar a palavra correta no dicionário ou na ficha de palavras montada pelas crianças na sala de aula
(Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
Como orientar pais de crianças com disortografia
- Mostrar-se compreensivo
- Escolher uma escola que tenha em conta as dificuldades específicas dos alunos e que possa providenciar um fonoaudiólogo
- Não pressionar nem exigir demais
- Ajudar nas tarefas escolares compreendendo que a criança se esforça pelo que é capaz de fazer
(Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.).
Para intervir ao nível dos sinais de disortografia de cada criança, temos compreender as suas capacidades cognitivas e linguísticas e orientar pais e professores nesse sentido para que se possa evitar angústias, ansiedades e frustrações na criança, fruto das dificuldades de ordem disortográfica (Fernández, Mérida, Cunha, Batista, & Capellini, s.d.; Teles, 2010).
Conclusão
A disgrafia manifesta-se essencialmente pela dificuldade em produzir a linguagem falada e escrita, devido à incapacidade em associar as palavras às letras, aos sons, à acentuação e aos símbolos. Alteração da organização das palavras, omissão de palavras e de regras de pontuação e acentuação, são algumas das características das crianças disgráficas.
O maior obstáculo criado por esta característica de aprendizagem, é o fato de que a disgrafia vai acompanhar o indivíduo ao longo de toda a escolaridade, pelo que é imprescindível utilizar estratégias para colmatar as dificuldades uma vez que a linguagem é a forma universal de comunicar.
References:
- Fernández, A.Y., Mérida, J.F.C., Cunha, V.L.O., atista, A.O., & Capellini, S.A. (s.d.). AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO DA DISORTOGRAFIA ASEADA NA SEMIOLOGIA DOS ERROS: REVISÃO DA LITERATURA. Evaluation and intervention of Dysortographia based on error semiology: literature review. CEFAC AC. Acedido a 29 de março de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n3/196-09
- Teles, P. (2010). Dislexia e Disortografia. Da Linguagem Falada à Linguagem Escrita. A Intervenção Psicológica em Problemas de Educação e de Desenvolvimento Humano. Acedido a 29 de março de 2016 em http://cefopna.edu.pt/revista/revista_06/es_01_06_pt.htm