Grupo dos Cinco

Apresentação do grupo de cinco compositores que estabeleceu a escola nacional russa no século XIX, na Rússia.

Apresentação Geral do Grupo dos Cinco

Grupo dos Cinco é o nome dado ao conjunto de cinco compositores russos – Mily Balakirev, César Cui, Alexander Borodin, Modest Mussorgsky e Nicolai Rimsky-Korsakov – que estabeleceram uma escola nacional de composição no século XIX. Na Rússia eram conhecidos como moguchaya kuchka, ou seja, “a poderosa mão”, um termo inventado pelo crítico Vladimir Stasov em 1867.

Objectivos

O Grupo dos Cinco tinha como objectivo a produção de música nacional russa, com base na história da Rússia, na literatura, nas tradições folclóricas e nas influências provenientes da vizinha Ásia e do Cáucaso (orientalismo). Procuravam distanciar-se da linguagem musical ocidental, diminuindo a supremacia dessa música nas cidades russas.

Formação do grupo

O grupo começou a formar-se em 1856, com o primeiro encontro entre Balakirev e Cui. No ano seguinte, Mussorgsky juntou-se ao grupo, sendo seguido por Rimsky-Korsakov em 1861. O último a juntar-se foi Borodin, em 1862.

Os cinco compositores, além de muito jovens (nenhum tinha mais de 30 anos), tinham em comum o facto de serem amadores, dado que nenhum recebeu formação académica musical. Alguns tinham, inclusive, outras ocupações: Borodin era químico, Rimsky-Korsakov pertenceu à marinha, Mussorgsky à Guarda Imperial e, depois, à função pública. O grupo uniu-se em torno do mito de um movimento nativo, tradicionalmente russo, que não podia ser encontrado nas academias que seguiam as escolas ocidentais.

Antes deles, Mikhail Glinka e Alexander Dargomyzhsky já tinham procurado compor música distintamente russa mas os Cinco representam o primeiro grupo que se concentrou especificamente com esse objectivo. Saliente-se, contudo, que na crítica escrita por Stasov em 1867, onde surge pela primeira vez a menção a uma poderosa mão de compositores, o crítico tinha os nomes de Glinka e Dargomyzhsky em mente. No entanto, o termo começou a ser aplicado somente a Balakirev e aos quatro que o seguiam.

Funcionamento

Balakirev, que tinha conhecido Glinka pessoalmente, era o mais avançado em termos musicais e, por isso, a sua autoridade sobre os restantes membros do grupo era incontestada. Como o próprio rejeitava a ideia de formação académica, recomendou aos seus seguidores o seu próprio método: análise das partituras, especialmente de Glinka, Berlioz, Schumann ou Beethoven.

Além de partilharem as mesmas convicções nacionalistas e gostos estéticos, trabalhavam muito próximos. Não só partilhavam ideias, como reviam as partituras uns dos outros, especialmente Balakirev em relação aos restantes.

Dissolução

A união do grupo, que começara a formar-se em 1856, só durou até ao início dos anos 70. A dissolução deveu-se, em parte, às crises de carácter pessoal de Balakirev e Mussorgsky mas também ao desejo de emancipação dos seguidores relativamente ao líder do grupo. Esta independência é visível pelo exemplo de Rimsky-Korsakov, que se tornou professor no Conservatório, estudando por conta própria as formas praticadas pela escolas ocidental, que rejeitara nos primeiros anos.

Influência dos Cinco

Através da utilização intencional de acontecimentos históricos e mitos russos nas suas obras,  o Grupo dos Cinco contribuiu para a construção de uma cultura nacional, que ultrapassou os limites do século XIX e influenciou vários dos compositores que se seguiram. Entre estes salientam-se os nomes de Alexander Glazunov, Mikhail Ippolitov-Ivanov, Sergei Prokofiev, Igor Stravinsky e Dmitri Shostakovich. Também influenciaram os compositores franceses Claude Debussy e Maurice Ravel, pelo uso radical da linguagem tonal nas suas composições.

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