Predação é uma relação ecológica que se caracteriza por uma espécie se alimentar de outra espécie que constitui, assim, a sua presa. Esta implica uma busca activa pela fonte de alimento, o que distingue este tipo de relação ecológica do Parasitismo, já que, o parasita não procura activamente o hospedeiro de que se alimenta pois vive sobre ele. Há diversos animais, normalmente os do topo da cadeia alimentar, conhecidos por serem exímios predadores. São exemplos de predadores os grandes felinos, como os leões, os grandes carnívoros terrestres, ou peixes do topo da cadeia alimentar, como os tubarões.
Equilíbrio entre populações de predadores e presas
Em termos gerais, podemos considerar que o aumento do número de presas produz um incremento na população de predadores. Ao aumentar o número de predadores exerce-se uma maior pressão de predação sobre a população de presas, originando uma diminuição da mesma, o que, por sua vez, leva a um decréscimo da população de predadores. Isto significa que as populações de predador e presa se regulam mutuamente, o que é importante, pois a manutenção de níveis adequados de predação permite que as populações de presas, que são normalmente populações de elevado efectivo populacional, não se tornem uma praga. Desta maneira, vão ocorrendo oscilações cíclicas de forma a que quando a população de presas atinge o seu valor máximo, a população de predadores começa a aumentar. Mantém-se o equilíbrio porque a consequente diminuição do número de presas leva a uma reposta de diminuição da população de predadores (ver gráfico da imagem abaixo). O famoso ‘modelo de predador-presa’ de Lotka-Volterra propõe precisamente que quando existe uma interacção entre espécies que implica um feedback negativo (diminuição das densidades de predadores ou de presas), provavelmente estaremos perante uma dinâmica oscilatória (cíclica).
Detecção e captura da presa
Para os animais, sentidos como a visão, a audição ou o olfacto são extremamente importantes na fase de detecção das presas. Claramente, esta fase está separada da fase seguinte, a perseguição, que é geralmente efectuada através duma corrida (predadores no solo), ou de voos a pique atingindo altas velocidades (as águias, por exemplo).
Já nas plantas carnívoras, a detecção da presa dá-se unicamente por contacto directo. Normalmente estas plantas armadilham insectos e mantém-nos presos segregando substâncias viscosas. Por vezes, a própria folha dobra-se sobre si própria capturando o insecto.
A captura da presa pode ocorrer através da projecção de apêndices especializados, como no caso do camaleão que permanece imóvel enquanto projecta a língua para fora, ou pode dar-se com a utilização de todo o corpo quando o predador se atira sobre a presa e a imobiliza. Há espécies que constroem armadilhas de captura, como é o caso das aranhas e das suas teias cujas malhas aprisionam pequenos animais.
Ingestão da presa
A ingestão pode ser feita através de apêndices que empurram o alimento, mas pode ocorrer também através de aspiração por sucção, como no caso do morcego. O alimento pode ser previamente fragmentado antes de ser ingerido através de dispositivos extra-bucais (como os apêndices mastigadores dos artrópodes), através de dispositivos pré-bucais como os bicos córneos das aves e tartarugas, por dispositivos intra-bucais (dentes) ou pós-bucais, como os estômagos mastigadores de crustáceos decápodes e peixes. Existem animais que ingerem sem necessitar que o alimento esteja previamente fragmentado, como as serpentes que, por não possuírem esterno, conseguem ingerir a presa inteira.
Adaptações anti-predação
Muitas presas desenvolvem comportamentos elusivos para fugirem dos predadores. Assim, podem ter actividade crepuscular, tendo o maior pico de actividade à noite, ou utilizar estratégias de mimetismo para se confundirem com o meio ambiente, podem esconder-se em fendas de rochas ou em substratos soltos, ou atrapalhar a visibilidade dos predadores, através da projecção de jactos de tinta como no caso dos cefalópodes.
Os animais que possuem agilidade de locomoção utilizam a fuga como forma de evitar a predação e estão normalmente bem adaptados à corrida, como os herbívoros ungulados (cavalos, zebras, antílopes, etc.). O recolhimento é utilizado por animais lentos ou de vida fixa que possuem um esqueleto externo ou concha.
Existem diversas estratégias comportamentais que podem ser utilizadas pelas presas para dissuadirem os predadores de as capturarem. A dissuasão química ocorre em espécies venenosas que segregam veneno, como as víboras ou vespas, ou em espécies com odor desagradável, como é o caso de alguns mamíferos. Já a dissuasão mecânica é efectuada através de espinhos ou chifres. É também frequente a utilização da dissuasão psicológica através de sinais de aviso ao predador de que a presa dispõe de mecanismos defensivos, como no caso do aposematismo em que as cores corporais são utilizadas alerta (as cores de diversos anfíbios e repteis alertam para o perigo de toxinas venenosas ou de impalatabilidade).
Palavras chave
Relações Ecológicas – Modelo Predador-Presa – Lotka-Volterra
Referências bibliográficas
Lévêque, C. (2001). Ecologia: do ecossistema à biosfera. Instituto Piaget, Colecção Perspectivas Ecológicas, nº 36.