Vulnerabilidade feminina ao HIV

A vulnerabilidade feminina ao HIV diz respeito ao grau de risco de contrair a doença em função do género.

Vulnerabilidade feminina ao HIV

A vulnerabilidade feminina ao HIV diz respeito ao grau de risco de contrair a doença em função do género. Esta tendência é marcada por diferentes variáveis, as quais, é necessário ter em conta quando se pretende intervir junto destas populações.

 

“(…) vulnerabilidade é um conceito que está sendo utilizado desde os anos 90 durante a reflexão e construção de ações voltadas para prevenção de HIV/AIDS…. a interação influência no aumento ou na redução das possibilidades de uma pessoa se infectar com o HIV, podendo assim planejar as intervenções preventivas.”

(Silva, & Vargens, 2009, p. 402).

Em relação a este conceito da vulnerabilidade feminina ao síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV), Lopes, Buchalla, Carvalho e Ayres (2007) indicam que, ao longo dos tempos, alguns factos foram potenciando o aumento de risco. Falamos de limitações que as mulheres encontram em relação às decisões sobre a vida reprodutiva, factos culturais que influenciam a forma como elas são tratadas do ponto de vista emocional e que colocam obstáculos em relação à prevenção, falta de informação e não inclusão das mesmas nos grupos de risco (Lopes, Buchalla, Carvalho, & Ayres, 2007; Silva, & Vargens, 2009).

Silva e Vargens (2009 acrescentam alguns tópicos importantes a esta teoria quando indicam as diferenças sociais entre homens e mulheres que definem diferentes papéis para ambos os sexos. Assim, de acordo com as suas pesquisas, na maioria dos casos, as mulheres foram sendo submissas aos homens ao longo de toda a história, de uma forma favorecedora para com os homens, proporcionando-lhes sempre mais vantagens. Nesse sentido, os autores entendem que, não só as mulheres mas também os homens devem ser inseridos em programas de sensibilização com o objetivo de alterar algumas questões referentes à conduta, uma vez que a mesma acaba por afetar negativamente as mulheres (Silva, & Vargens 2009).

Os estudos de Silva e Vargens (2009) também indicam que o HIV acarreta ainda complicações no que concerne à fertilidade e ao risco de aborto, às infeções e outros problemas indicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Uma das variáveis que os estudos mostram que indicam a possibilidade de influenciar o risco da vulnerabilidade, por exemplo, em países como o Brasil, é a raça e a cor (principalmente no que concerne a mulheres negras), independentemente da faixa etária (Lopes, Buchalla, Carvalho, & Ayres, 2007).

A esse respeito e influenciadas pela raça e pela cor, encontramos o nível sócio económico (NSE) que, muitas vezes, é extremamente precário, o acesso aos serviços de saúde, a falta de informação adequada sobre os meios de transmissão do HIV, sendo que este último, por sua vez, aumenta o risco de manter relações sexuais protegidas, isto é, com o uso do preservativo (Lopes, Buchalla, Carvalho, & Ayres, 2007).

O número de infeções, principalmente em mulheres heterossexuais, tem aumentado exponencialmente, razão pela qual se tornou num problema de saúde pública (Silva, & Vargens, 2009).

De referir, contudo, que a dificuldade de acesso a bens essenciais necessários, não é uma condição apenas da população proveniente de NSE baixo mas de grande parte da população negra, principalmente, das mulheres (Lopes, Buchalla, Carvalho, & Ayres, 2007).

Segundo Lopes, Buchalla, Carvalho e Ayres (2007) é também comum que as mulheres de raça negra, muito embora tenham, em maior, número, baixo rendimento económico, no Brasil, cuidem de um grande número de pessoas, como chefes de família, uma vez que esta condição, assegurada pelas mulheres, vem sendo cada vez mais comum, mesmo em famílias monoparentais. Esta responsabilidade acrescida faz com que as mulheres negras se tornem ainda mais vulneráveis à contração do vírus além de que o facto de ser seropositiva faz com que as mesmas fiquem marcadas pelo estigma e pela discriminação, pelo que a vulnerabilidade acaba por inseri-las num círculo vicioso (Lopes, Buchalla, Carvalho, & Ayres, 2007).

Uma das questões que mais têm sido alvo de preocupação em relação a estas mulheres, é, de acordo com os estudos de Silva e Vargens (2009) a transmissão da doença para as crianças durante a gestação, pelo que a investigação se tem focado na tentativa de impedir a situação (Silva, & Vargens, 2009).

Conclusão

Perante este cenário torna-se evidente a necessidade de intervir no âmbito da educação sexual junto das populações do sexo feminino, acerca da vulnerabilidade ao HIV, principalmente nos grupos de risco.

Para que os programas de prevenção da infeção sejam realmente eficazes é imprescindível que, não só as mulheres mas também os homens participem nos mesmos, uma vez que a sensibilização dos mesmos em relação ao tema, é fundamental para que o objetivo seja cumprido.

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References:

  • Lopes, Fernanda, Buchalla, Cassia Maria, Carvalho, José Ricardo de, & Ayres, Mesquita. (2007). Mulheres negras e não-negras e vulnerabilidade ao HIV/Aids no estado de São Paulo, Brasil. Revista Saúde Pública 2007; 4 (Supl.2): 39-46;
  • Silva, Carla Marins, & Vargens, Octavio Muniz da Costa. (2009). A percepção de mulheres quanto à vulnerabilidade feminina para contrair DST/HIV. Revista Esc. Enfermagem USP 2009; 43(2): 401-6. scielo.br/pdf/reeusp/v43n2/a20v43n2.pdf.
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