Afonso Henriques (Afonso I de Portugal)

Quem foi D. Afonso Henriques (ou D. Afonso I), primeiro rei de Portugal: Biografia, ascensão ao poder, principais conquistas militares, vida familiar.

Quem foi D. Afonso Henriques

Afonso I de Portugal, mais conhecido como Dom Afonso Henriques, foi o primeiro Rei de Portugal, sendo considerado como o fundador do Reino de Portugal em 1143, data em que proclama a independência do território do então Condado Portucalense relativamente ao Reino de Leão. Pelas suas numerosas conquistas aos mouros e pela enorme expansão do território, D. Afonso Henriques ficou para a história conhecido com o cognome de ‘O Conquistador’. Era filho de D. Henrique de Borgonha e de Dona Teresa de Leão, condes de Portucale, vassalos do Reino de Leão..

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D. Afonso Henriques

(1109-1185)

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D. Afonso Henriques (D. Afonso I), o Conquistador
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Dados Biográficos

Nome completo: Afonso Henriques
Cognome: O Conquistador
Filiação: D. Henrique, Conde de Portucale e D. Teresa de Leão
Nascimento: 25 de julho de 1109 (Guimarães, Coimbra ou Viseu)
Morte: 06 de dezembro de 1185 (Coimbra)
Esposa: Mafalda de Sabóia
Descendência: Henrique Afonso; Urraca Afonso; Teresa Afonso; Mafalda Afonso; Sancho I; João Afonso; Sancha Afonso.
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Reinado

Datas: De 25 de Julho de 1139 a 06 de Dezembro de 1185
Antecessor: não teve antecessor
Sucessor: D. Sancho I
Dinastia: Borgonha ou Afonsina
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1109 1122 1128 1139 1143 1146 1179 1185
Nascimento É armado Cavaleiro Batalha de São Mamede Coroação como Rei Reconhecimento como Rei pelo Rei de Leão Casamento com Mafalda de Sabóia O Papa reconhece a Independência de Portugal Falecimento
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Primeiros Anos de Vida

Não existe nenhum documento acerca do nascimento de Dom Afonso Henriques. O que existe é a tradição muito antiga, segundo a qual ele nasceu em Guimarães em 1109. É provável que ele tenha nascido em Guimarães visto que o seu pai passava grande parte do seu tempo nesta cidade do Minho. Apesar de haverem alguns historiadores a sugerirem Viseu ou Coimbra como locais possíveis do seu nascimento. Diz-se que era uma criança muito frágil na altura do nascimento, mas que Egas Moniz, o Aio a quem foi atribuída a responsabilidade pela sua educação, quis criá-lo e educá-lo. Terá vivido no seio da família de Egas Moniz, uma família de nobres de Entre-Douro-e-Minho, até por volta dos 14 anos.

A Tomada do Poder

Em 1120, Afonso Henriques, com o apoio do arcebispo de Braga, Dom Paio Mendes, e de várias famílias nobres de Entre-Douro-e-Minho, tomou uma posição política contrária à de sua mãe, cujos aliados eram na grande maioria famílias nobres galegas, dos quais se destacam Fernão Peres de Trava com quem Dona Teresa tinha feito uma aliança. Foi em Guimarães que, depois de ser armado cavaleiro (1122), disputou com a mãe o governo do Condado Portucalense e derrotou-a na Batalha de São Mamede em 24 de Junho de 1128. Foi aqui que Dom Afonso Henriques combateu as tropas de sua mãe e se apoderou do governo do condado Portucalense, cujo território, na altura, ia desde o Rio Minho até o Rio Tejo. Antes disso, porém, foi cercado em Guimarães pelo seu primo D. Afonso VII de Leão e Castela em 1127, por se recusar a prestar-lhe homenagem. Foi Egas Moniz que, de acordo com a tradição histórica, terá convencido D. Afonso VII de que D. Afonso Henriques lhe prestaria vassalagem, levando-o a desistir do cerco.

Da Coroação ao Reconhecimento da Independência

afonso-henriques-03Após a conquista do poder no Condado, D. Afonso Henriques necessitava agora de demonstrar maturidade política, o que apenas conseguiria se fizesse seus aliados as famílias da nobreza mais influentes e se obtivesse o apoio do clero. E conseguiu-o, destacando-se entre os seus principais apoiantes o Arcebispo de Braga, D. Paio Mendes. A segunda fase da sua afirmação política seria a luta e conquista de territórios aos mouros, objetivo que pautou a sua atuação ao longo de todo o seu reinado.

Segundo a tradição, D. Afonso Henriques ter-se-á auto-coroado Rei de Portugal perante as suas tropas, logo após a ‘lendária’ batalha de Ourique ocorrida em Julho de 1139. Em 1140 Afonso Henriques assinou pela primeira vez como Ego Alfonsus portugalensium Rex. Apesar da sua auto-coroação em 1139, apenas a 13 de dezembro de 1143 seria reconhecido Rei pelo Reino de Leão e Castela, com a assinatura do Tratado de Zamora, dando-se nesta altura a fundação do Reino de Portugal.

O reconhecimento de Portugal como país independente pela Igreja Católica aconteceria, contudo, apenas em 1179, através da bula Manifestis Probatum assinada pelo papa Alexandre III. A mudança constante do titular do trono de São Pedro e a necessidade do papa em não entrar em confronto direto com os interesses dos reis de Leão e Castela apresentam-se como as principais razões deste atraso no reconhecimento da independência de Portugal pela Igreja.

As Conquistas

Fazendo justiça ao cognome que lhe foi atribuído (‘O Conquistador’), D. Afonso Henriques foi o rei português que mais territórios conquistou aos mouros. Aquando da sua tomada do poder, a fronteira sul do território oscilava entre os rios Tejo e Mondego. Dando continuidade à política dos reis ibéricos e à sua necessidade de afirmação quer perante os soberanos de Leão e Castela, quer perante a Igreja e o Papa, D. Afonso Henriques enceta uma política de conquistas que o leva a alargar as fronteiras do Reino muito para lá das fronteiras do condado Portucalense que herdou em 1128.Estátua de D. Afonso Henriques em Guimarães

Uma das suas primeiras grandes conquistas foi Leiria, cujo castelo foi conquistado, pela primeira vez, em 1135, e definitivamente em 1145. Em Março de 1147 é a vez de Santarém, abrindo caminho para a cidade de Lisboa, principal praça moura no sudoeste da península, a qual viria a ser conquistada em Outubro desse mesmo ano com a ajuda de Cruzados que se dirigiam à Terra Santa. Pelo meio foram sendo conquistadas todas as praças mouriscas da região centro e da região de Lisboa (Sintra, Almada e Palmela). Consolidava-se assim a fronteira sul junto às margens do Tejo e abria-se caminho para incursões no Alentejo. Mas antes disso faltava ainda a importante praça de Alcácer do Sal, importante bastião mourisco e cuja permanência nas mãos dos mouros seria sempre uma ameaça à consolidação da posse dos territórios na região de Lisboa.Apesar das diversas tentativas, a conquista de Alcácer do Sal apenas se concretizaria 11 anos após a tomada de Santarém e Lisboa, Junho de 1158. A posse de Alcácer (que contudo viria a ser reconquistada pelos mouros 30 anos mais tarde) consumava o domínio estratégico das rotas do Atlântico e abriria o caminha para novas conquistas a sul. E de facto a conquista de importantes praças no Alentejo foi rápida embora, muitas delas, de forma efémera com conquistas e reconquistas sucessivas. Os principais destaques das conquistas no Alentejo vão para Évora e Beja, ambas conquistadas em 1159. Nesta fase merece destaque o papel de Geraldo Geraldes, o ‘Sem Pavor’, mercenário que conquistou inúmeras praças na região que posteriormente entregava ao rei.

Fase Final do Reinado

Após a conquista de praticamente todo o Alentejo, D. Afonso Henriques, tentou também conquistar Badajoz (1169), mas não o conseguiu. O apoio aos mouros dado por Fernando II de Leão e Castela, que pretendia impedir o avanço dos portugueses para Leste, foi decisivo para a derrota das tropas de D. Afonso Henriques. Foi na fuga que D. Afonso Henriques sofre um acidente que viria a mudar a sua vida para sempre. Ao sentir-se encurralado pelas forças aliadas de D. Fernando II e dos mouros, D. Afonso Henriques tenta fugir mas numa acidente com o cavalo parte uma perna, sendo aprisionado pelos mouros e depois entregue a D. Fernando II. Nas negociações para a libertação D. Afonso Henriques é obrigado a abdicar das tentativas de conquistas a Leste e a ceder territórios recentemente ocupados na Galiza.

Apesar da sua libertação, desconhece-se qualquer outra actividade bélica após este episódio, passando D. Afonso Henriques a dedicar-se quase exclusivamente a assuntos administrativos a partir de Coimbra, entregando a regência do reino a seu filho D. Sancho. Apesar da sua ‘abdicação’ relativamente a assuntos militares, o papel de D. Afonso Henriques foi também muito importante neste fase: tentou fixar a população nos vários locais, promoveu o municipalismo e concedeu numerosos forais. Para o desenvolvimento da economia, povoamento e consolidação do território contou com o importantíssimo apoio de duas ordens religiosas: a Ordem dos Templários e a Ordem de Císter.

D. Afonso Henriques faleceu em 1185, em Coimbra, aos 76 anos, provavelmente devido a problemas de coração e senilidade, além de cirrose. O seu túmulo encontra-se nesta cidade no Mosteiro de Santa Cruz em frente ao túmulo do seu filho, D. Sancho I.

Vida Familiar:

Ao longo de toda a Idade Média, e até mesmo na Idade Moderna, os casamentos reais tinham muito mais significado do que ‘apenas’ um relacionamento familiar – faziam parte geralmente de estratégias políticas que visavam consolidar relações entre Estados ou firmar alianças com objetivos diversos. E o casamento de D. Afonso Henriques também se enquadra neste tipo de política de casamentos. Devido à dificuldade em encontrar noiva nas casas reais ibéricas, dado que todas as candidatas potenciais tinham grau de parentesco próximo com o monarca português, o que na altura era um impedimento imposto pelo próprio Papa, a escolha recaiu em Mafalda de Sabóia, também chamada de Matilde, filha de Amadeu III, conde de Maurienne e de Sabóia, e que tinha laços de parentesco com o rei de França e com o Imperador do Sacro-Império Romano. Foi, portanto, um casamento que permitiu a D. Afonso Henriques aproximar-se das monarquias europeias, o que tinha, sem dúvida, interesses políticos, nomeadamente a sua afirmação como monarca de um reino ainda em formação.

O casamento terá ocorrido nos primeiros meses de 1146, altura em que D. Afonso Henriques tinha já 37 anos, uma idade já avançada para a época. Apesar do casamento tardio, tal não impediu que dele tivessem nascido numerosos filhos, nomeadamente:

  • Henrique Afonso (1147-1167), cujo nome foi atribuído em homenagem a seu avô, o Conde D. Henrique;
  • D. Urraca Afonso (1148-1211), que desposou Fernando II de Leão;
  • D. Teresa Afonso (1152-1218), chamada Matilde após o seu casamento com Filipe I, Conde de Flandres, e depois com Eudes III, Duque de Borgonha;
  • D. Mafalda Afonso (1153-1162), prometida a Afonso II de Aragão, mas não cumpriu pela sua morte precoce;
  • D. Martinho (1154-1211), mais tarde chamado D. Sancho, por ser um nome mais apropriado para um monarca português.
  • D. João Afonso (1156-1163)
  • D. Sancha Afonso (1157-1167)

Além dos filhos legítimos, nascidos no seio do casamento com Dona Mafalda, D. Afonso Henriques teve ainda outros filhos de outras mulheres, entre os quais:

  • D. Pedro Afonso (1130-1169), filho de mãe desconhecida;
  • D. Teresa Afonso e D. Fernando Afonso (1135-1207), filhos de Chamoa Gomes;
  • D. Urraca Afonso, Filha de Elvira Guálter.

Reis da Primeira Dinastia (Dinastia de Borgonha)

| Afonso I | Sancho I | Afonso II | Sancho II | Afonso III | Dinis I | Afonso IV | Pedro I | Fernando I |

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