A abetarda (Otis tarda) é uma ave da família Otididae, característica da paisagem alentejana. É uma ave de grandes dimensões, sendo que, o comprimento do macho pode variar entre os 90-105 cm e o da fêmea pode variar entre os 75-85 cm.
Ambos os sexos apresentam cabeça e pescoço cinzento, e o dorso, asas e cauda castanhos, com listas pretas e brancas. Apresenta patas longas de cor cinzenta.
Na Primavera, o macho levanta a cauda durante a corte nupcial e exibe-se em grupo para as fêmeas, em áreas destinadas a esse efeito. Depois do acasalamento, as fêmeas tratam sozinhas da prole.
As crias
As abetardas fazem os ninhos numa cova no solo (pode estar escondida entre as ervas) e o período de incubação é de 25-28 dias. A postura (ovos/prole) é de cerca de dois a três ovos cinzento-esverdeados com manchas castanhas. Esta espécie realiza uma postura por ano, entre Abril e Junho. As crias apresentam penugem, são activas e efectuam o seu primeiro voo aos 28 dias.
Como vivem
As abetardas são aves características de ambientes estepários. Possuem um pescoço comprido e pernas altas que lhes permitem ter maior visibilidade entre as plantas da estepe. Deslocam-se lentamente e raramente voam.
São normalmente animais gregários, dado que, vivem em grupos que podem atingir cerca de vinte indivíduos. No entanto, são animais elusivos, escondem-se e não são fáceis de observar. Possuem uma dieta omnívora. Alimentam-se de plantas, insectos e outros animais de pequenas dimensões.
A abetarda é residente (distribuição geográfica anual) na Península Ibérica, região Oriental da Alemanha, Polónia, Hungria, Áustria, a região que compreende a ex-Jugoslávia, República Checa e Eslováquia.
Estatuto de conservação – Vulnerável
Infelizmente, esta espécie necessita de medidas activas de conservação. Está classificada com estatuto de conservação ‘vulnerável’ na lista vermelha da ‘IUCN – International Union for Conservation of Nature’.
A sua distribuição atingiu o apogeu no século XVIII devido ao abate de florestas, no entanto, entrou em declínio nas últimas décadas, devido à caça e à conversão de pastagens em terrenos agrícolas.
Apesar das populações na Península Ibérica terem estabilizado e, em certos casos, até aumentado o número de efectivos, a fragmentação, a degradação de habitat e, principalmente, a caça, têm sido factores de elevado impacto nas populações de abetarda. A caça na Ásia Central tem levado a taxas elevadas de mortalidade entre aves adultas e a reconversão no uso da terra na Europa Oriental, Rússia e Ásia Central, têm contribuído para o declínio das suas populações.
Sem medidas activas de conservação, será esperado que as populações de abetarda continuem a diminuir nas próximas três gerações.
References:
- BirdLife International 2013. Otis tarda. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2015.2. <www.iucnredlist.org>. Download em 19 August 2015.
- Gooders, John. (2003). Guia de campo das aves de Portugal e da Europa. Temas e debates, 4ª Edição.
- Bruun, Bertel. (1993). AVES de Portugal e Europa. FAPAS.