A violência entre pares diz respeito à agressão e vitimização que acontece entre crianças e jovens. A preocupação com este flagelo diz respeito, tanto às causas como às consequências deste ato cada vez mais repetitivo e presente em grande parte das instituições de ensino.
De acordo com Silva, Oliveira, Bandeira e Souza (2012) o termo “violência” é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma imposição de sofrimento e dor, a um nível significativo, em situações evitáveis.
No que concerne à violência entre pares, os autores assumem a preocupação cada vez maior de pais, educadores e professores, pelo motivo de cada vez mais crianças e jovens estarem a enveredar por comportamentos violentos entre si (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012).
Este tipo de violência, habitualmente encontrado nas escolas, pode, também, ser definido como violência no contexto escolar, sendo verificado quando se assiste, diariamente, a diversos comportamentos agressivos e antissociais, intrapessoais, chegando mesmo a assumir contornos de caris criminoso (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012).
Wendt, Campos e Lisboa (2010), referem a violência entre pares, também denominada de bullying, lembrando um trágico episódio acontecido em 8 de abril de 2011, nos Estados Unidos, na Columbine High School, na qual, o jovem Wellington Menezes disparou contra os alunos da instituição que ele mesmo tinha frequentado, matando doze adolescentes. Uma das mais graves consequências deste ato, para além das mortes, foi o fato de este episódio ter acabado por trazer consequências para outros países, como foi o caso do Brasil (Wendt, Campos, & Lisboa, 2010).
Sendo assim, um dos pontos que gera maior preocupação no âmbito educativo e pedagógico é a forma como, cada vez mais, estes jovens assumem comportamentos violentos demonstrando falta de respeito pelo outro, bem como, acabando por fazer com que estes jovens acabem por ser excluídos dos grupos de pares (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012).
Os estudos que definem a violência entre pares através da lente do bullying devido aos atos de crueldade repetitivos, sugerem comportamentos de intimidação e humilhação por parte do agressor para com a vítima, ou seja, assumem a violência entre pares, também, como mais uma forma de maus tratos entre as duas partes, maioritariamente presente no contexto escolar (Wendt, Campos, & Lisboa, 2010).
Violência entre pares comunicação
Segundo os estudos de Lopes Neto (2005) e Sales (2004), citado por Silva, Oliveira, Bandeira e Souza (2012), na grande maioria dos casos, a violência entre pares ocorre em contextos onde não há espaço nem lugar para a comunicação e o diálogo, o que leva os jovens a terem tendência para gerar a agressividade de forma errada por não terem como gerir o conflito de forma adequada.
De referir ainda que a violência entre pares, acontece, não só de forma ativa, mas também, de forma passiva, o que significa que, aqueles que não tomam atitudes violentas mas que assistem à vitimização de quem sofre com os comportamentos agressivos, são também considerados agressores, visto que se limitam a observar e são, na maioria das vezes, a camada maior (Wendt, Campos, & Lisboa, 2010).
Desta forma, os estudos evidenciam que a violência acontece nos contextos onde não existe espaço para a expressão da palavra porque os jovens não encontram a oportunidade verbal para as suas necessidades poderem ser compreendidas (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012).
Ou seja, podemos dizer que a forma de extinguir violência entre pares está muito direcionada para a educação pautada pela discussão sadia, para meios mais democráticos de resolver o conflito e, fundamentalmente, pela oportunidade do diálogo, ao contrário do que vem acontecendo em que a estrutura ainda acontece pela clássica forma do mandar e obedecer sem haver espaço para a partilha (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012).
Para Silva, Oliveira, Bandeira e Souza (2012) é urgente colocar em prática novas formas de educação e pedagogia mais democráticas e partilhadas, uma vez que vimos assistindo, ao longo dos anos, não à extinção, mas à proliferação da violência entre pares em todos os contextos escolares e em todas as classes.
Muitas vezes, para além de todas as outras consequências, já de si, bastante graves, as vítimas de violência entre pares, devido ao seu historial, acabam por se tornar, também elas, futuros agressores (Wendt, Campos, & Lisboa, 2010).
Conclusão
Entendemos, desta forma, que a violência entre pares acontece, na maioria das vezes, no contexto escolar e que assume contornos graves, chegando, muitas vezes, a levar à morte. Verifica-se que pode acontecer em qualquer instituição de ensino e que a falta de diálogo pautada pelo mandar/obedecer entre crianças e jovens e os seus professores e educares, é uma das maiores causas para este tipo de violência. Compreende-se, então, que formas de educação e pedagogia assentes no diálogo, comunicação e partilha, sejam fundamentais para extinguir comportamentos agressivos e melhorar o ambiente escolar e juvenil.
References:
- Silva, C.E., Oliveira, R.V., Bandeira, D.R., & Souza, D.O. (2012). Violência entre pares: um estudo de caso numa escola pública de Esteio/RS. Revista Semestral de Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 16, Número 1, Janeiro/Junho de 2012: 83-93. Recuperado em 25 de janeiro de 2018 de http://www.redalyc.org/html/2823/282323570009/;
- Wendt, Guilherme Welter, Campos, Débora Martins de, & Lisboa, Carolina Saraiva de Macedo. (2010). Agressão entre pares e vitimização no contexto escolar: bullying, cyberbullying e os desafios para a educação contemporânea. Cadernos de Psicopedagogia, 8(14), 41-52. Recuperado em 25 de janeiro de 2018 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-10492010000100004.