Sexualidade na Adolescência

Quando falamos de sexualidade na adolescência podemos deixar de referir que ela nem sempre foi vista da mesma (…)

Sexualidade na Adolescencia

Pretendemos, com esta revisão da literatura, perceber a forma de viver dos adolescentes, sobre a sexualidade, ao longo da história, sob os pontos de vista físico, psicológico, social e cultural. Sabendo que a influência dos pais, dos professores e dos meios de comunicação, são alguns dos elementos chave para compreender a sexualidade nesta faixa etária, queremos perceber se estão aptos para intervir junto dos alunos. Para além disso, consideramos ainda importante perceber o que dizem os estudos sobre as diferenças entre rapazes e raparigas em relação aos comportamentos sexuais de risco, bem como os seus conhecimentos acerca dos mesmos.

Quando falamos de sexualidade na adolescência podemos deixar de referir que ela nem sempre foi vista da mesma forma ao longo da história (Neves, & Ramos, 2014). A propósito disso Andrade e Monteiro (2013) referem as influências históricas, os meios de comunicação e a ciência, na actualidade, os maiores influentes da mesma.

O tema tornou-se historicamente, num dos assuntos mais falados, embora não nos possamos esquecer que, ainda nos finais do século XIX, Sigmund Freud já estudava o comportamento sexual de forma bastante aprofundada (Cano, Ferriani, & Gomes, 2000).

Essencialmente, a sexualidade relaciona-se com a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, com as suas emoções, com a sua visão da realidade e não apenas com aquilo que é aprendido no contexto da aula de biologia, advindo já desde o nosso nascimento até ao fim da nossa vida, mudando a influência que os diversos meios de comunicação têm sobre a nossa forma de a viver (Andrade, & Monteiro, 2013).

Em muitas culturas, as alterações corporais são alvo de rituais de iniciação na fase adulta, e há a preocupação de explicar aos jovens as principais diferenças entre os rapazes e as raparigas, embora, na maioria delas, haja apenas a preocupação dos pais em ter uma conversa com os adolescentes (Neves, & Ramos, 2014).

Ao longo do tempo, com a emancipação da mulher, principalmente desde a II Guerra Mundial, veio a liberdade sexual, que, durante muito tempo, havia sido proibida (Cano, Ferriani, & Gomes, 2000).

Apesar disso, Neves e Ramos (2014) lembram que o assunto ainda é delicado e que, muitas famílias, têm ainda dificuldade em aborda-lo com os filhos, pelo que, de acordo com os estudos de Cano, Ferriani e Gomes (2000) pais e professores ainda têm dificuldade em falar sobre Sexualidade com os adolescentes, impedindo o esclarecimento de dúvidas através de fontes seguras.

Cano, Ferriani e Gomes (2000) perceberam como é importante abordar o tema de forma calma, e em diálogo aberto, para melhor poder responder às questões dos adolescentes, relacionadas com a sexualidade.

Reis e Vilar (2004), corroboram esta mesma necessidade de diálogo, uma vez que os jovens são bombardeados de todo o tipo de informação sobre sexo, nos vários meios de comunicação, no entanto, a mesma não lhes chega da forma mais pedagogicamente adequada.

Directamente relacionadas com a sexualidade, estão a identidade sexual, os afectos, a auto-estima e o olhar para si e para os outros (Neves, & Ramos, 2014).

A higiene, a gravidez, o parto, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), os métodos contraceptivos e a maternidade são também características da sexualidade que não podem ser descuidadas (Neves, & Ramos, 2014). É necessário que os pais e os professores sejam capazes de orientar os adolescentes no sentido de, gradualmente, aprenderem a lidar com todos os processos próprios desta fase de desenvolvimento (Andrade, & Monteiro, 2013; Neves, & Ramos, 2014).

Nos estudos realizados por Cano, Ferriani e Gomes (2000) já era possível perceber que alguns pais e educadores se preocupavam em abordar o tema com os adolescentes, no sentido de os orientar para comportamentos mais conscientes.

Criar ambientes promotores do desenvolvimento e identidade sexual saudável, é a melhor forma de orientar os adolescentes e de evitar comportamentos de risco (Marreiros, 2002).

A autora realizou estudos sobre o tema, observando, por exemplo, que o preservativo masculino é o método contraceptivo mais utilizado, seguido da pílula contraceptiva e que são os rapazes quem mais recorre ao uso do mesmo, embora o uso rotineiro, seja mais comum nas raparigas (Marreiros, 2002).

A idade também influencia o comportamento sexual, isto é, quanto maior o grau de maturidade mais comum é o uso de métodos contraceptivos (Marreiros, 2002).

No geral, a autora percebeu que os adolescentes têm conhecimentos sobre DST mas que, apesar disso, o contágio acontece maioritariamente em raparigas, que contraem mais frequentemente do que os rapazes, DST curáveis (Marreiros, 2002). Quanto ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) verifica-se uma incidência maior em jovens com idades compreendidas entre os quinze e os vinte e quatro anos (Marreiros, 2002).

De referir que entre os anos de 19070 e 1980, houve uma enorme propagação do HIV, razão pela qual, a mesma passou a ser cada vez mais discutida nos meios de comunicação e tornou-se um problema de saúde pública grave (Andrade, & Monteiro, 2013).

Em conclusão, podemos perceber que apesar de a Sexualidade ter sido alvo de diferentes formas de ver e viver ao longo da história, ela mantém-se, até hoje, como um assunto bastante delicado e de difícil abordagem. Contudo não podemos descartar a necessidade de intervir junto de toda a comunidade (pais, professores, alunos e educadores) dada a complexidade do tema, que abrange características físicas, psicológicas, sociais e culturais o que significa que é importante percebe-lo não apenas sob o ponto de vista meramente fisiológico, mas associado às emoções, aos afectos, aos relacionamentos interpessoais, etc. Por fim podemos concluir que há ainda muito trabalho a fazer junto dos adolescentes, uma vez que ainda não estão devidamente familiarizados com a informação disponível quanto às consequências de uma experiência sexual irresponsável, tais como as DST, a gravidez precoce, os métodos contraceptivos, etc.

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Palavras-chave: sexualidade; adolescência

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References:

  • Andrade, J.S.V, & Monteiro, M.M. (2013). A SEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/ artigos/textos/A0823.pdf
  • Cano, M.A.T., Ferriani, M.G.C., & Gomes, R. (2000). SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO. SCIELO – Scientific Electronic Library Online. Acedido em 21 de Outubro, 2015, em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n2/12413.pdf
  • Marreiros, M.C.M.S. (2002). Relações sexuais precoces e comportamentos de risco nos adolescentes. Porto: Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Neves, R.C.F., & Ramos, S.I.V. (2014). EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS. EDUCAR PARA PREVENIR – ESTUDO DE CASO. [Em linha]. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/ artigos/textos/A0756.pdf
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