As relações familiares de toxicodependentes são, normalmente, conturbadas, devido a muitos fatores que podem ser analisados no histórico de vida. Na maioria das vezes, o vínculo com as pessoas mais próximas, que são, habitualmente, os pais, é desajustado.
Quando falamos nas relações familiares de toxicodependentes referimo-nos à forma como estes interagem com as suas famílias, nomeadamente com os pais e pessoas mais próximas, o que leva, muitas vezes, a sentimento de impotência por parte desses mesmos familiares (Gonçalves, & Pereira, 2011).
Alguns autores mencionam que, muitas vezes, os pais de indivíduos toxicodependentes, sentem culpa pela situação, a qual, tem, também, com bastante frequência, relação com perturbações mentais, de personalidade, sociais, entre outros e que varia de grau, em termos de gravidade (Cavaco, Jesus, & Rezende, 2009).
É importante sabermos que as famílias de toxicodependentes são variáveis altamente significativas na vida dos mesmos, uma vez que tanto podem servir como elementos de prevenção do consumo, como de gatilho, dependendo da relação construída, o que, por sua vez, também vai determinar de forma significativamente influente, a sua personalidade (Gonçalves, & Pereira, 2011).
É fator evidente que a transmissão de valores culturais, normas, comportamento familiar e qualidade de relacionamento, especialmente com os pais, determinam, na esmagadora maioria das vezes, a maior ou menor probabilidade para que o indivíduo se envolva com drogas e, por consequência, se torne toxicodependente (Gonçalves, & Pereira, 2011).
Este tipo de influência está associado à história de vida, que pode assumir experiências traumáticas, perturbação ao nível da vinculação emocional entre pais e filhos na infância e na adolescência, entre outros (Cavaco, Jesus, & Rezende, 2009).
“A influência da família pode ser analisada tendo como referência uma perspectiva desenvolvimental (…) maior probabilidade de envolvimento em comportamentos de risco quando a vinculação entre a família é fraca.” (Gonçalves, & Pereira, 2011, p. 230).
Conclusão
As relações familiares de toxicodependentes estão normalmente associadas a vínculos desajustados e não afetivos com os pais, por serem, normalmente, as pessoas mais próximas, bem como valores e normas culturais. É muito comum que os pais sintam culpa pela situação, apesar de esta relação ser, a maior parte das vezes, o gatilho que propicia o início do consumo. Alguns dos fatores, além deste, mais habituais são perturbações mentais, psicopatologias, personalidade, históricos de vida traumáticos, entre outros.
References:
- Cavaco, Vânia Carina Silva, Jesus, Saul Neves de, & Rezende, Manuel Morgado. (2009). Percepção de estilos parentais na toxicodependência. Boletim de Psicologia, 59(131), 179-190. Recuperado em 29 de julho de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432009000200005&lng=pt&tlng=pt.
- Gonçalves, Aura Maria, & Pereira, Maria da Graça. (2011). Variáveis familiares e toxicodependência. Revista da SBPH, 14(2), 228-251. Recuperado em 29 de julho de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200014&lng=pt&tlng=.