A negligência é pautada, principalmente pela falta de cuidados e diferentes tipos de violência do agressor contra a vítima. Grande parte dos trabalhos feitos sobre o tema aponta com maior incidência este tipo de flagelo dirigido contra as crianças.
A primeira característica típica de cenários de negligência diz respeito aos problemas de comunicação que a mesma provoca (Evangelista, Paixão, & Paula, 2016).
“De acordo com Winnicott, o ser humano depende do cuidado e atenção de outro ser humano.” (Evangelista, Paixão, & Paula, 2016).
Dentro da negligência encontramos diferentes contornos, entre os quais, um dos mais conhecidos, a violência doméstica que é praticada no âmbito familiar (Vagostello, 2002).
A negligência abarca, portanto, diferentes tipos de agressão como a já mencionada violência doméstica, os maus tratos, o abuso de poder, entre outros cenários com contornos de agressão em cujo quadro se verifica a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, até mesmo a violência interpessoal, entre muitos outros (Vagostello, 2002).
Algumas das formas mais comuns de negligência por violência de diferentes tipos são frequentemente associadas à punição e ou castigo incongruentes com a idade da vítima, que, normalmente, levam a ferimentos (Vagostello, 2002).
É importante ter em linha de conta que, no caso das crianças, verificam-se, muitas vezes, marcas corporais de agressão, além de uma relação com o agressor que é baseada no medo, não raramente, até com identificação com o mesmo, pelo que, devido ao tempo de agressão prolongado, a situação passa a ser vista como normal, sendo o padrão a que a criança é habituada (Vagostello, 2002).
Crianças vítimas de negligência, desenvolvem um tipo de vulnerabilidade que as leva à omissão da situação, por medo do agressor, o que impede os pais de tomarem conhecimento da agressão e, por consequência, atrasa significativamente todo o processo de intervenção (Evangelista, Paixão, & Paula, 2016).
Vagostello (2002) refere os sentimentos de culpa que a criança sente com extrema frequência neste tipo de situação, pois acaba por acreditar que é merecedora do castigo (Vagostello, 2002).
Alguns dos sintomas mais verificados em pessoas negligenciadas, especialmente nas crianças, são a enurése, as dores abdominais, a interrupção da menstruação, perturbações relacionadas com a higiene, desconfiança, submissão ao agressor devido a ameaças constantes, entre outros (Vagostello, 2002).
Conclusão
A negligência é pautada por diferentes contornos sendo o mais comum, a violência seja física, emocional ou psicológica. Os estudos apontam maioritariamente este tipo de relação contra crianças, vítimas de agressão dos tipos de violência acima referidos e o fato de as mesmas, por medo do agressor e por, muitas vezes, pensarem que a culpa é delas, omitirem a situação, mesmo aos pais, o que atrasa, exponencialmente, a possibilidade de intervenção.
References:
- Evangelista, R, Paixão, B, & Paula, J. O. (2016). NEGLIGÊNCIA FAMILIAR: “QUANDO NINGUÉM ME VÊ”. PSICOLOGIA.PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1072.pdf
- Vagostello, Lucilena. (2002). O risco da negligência: um estudo de caso. Psic: revista da Vetor Editora, 3(1), 142-152. Recuperado em 02 de agosto de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142002000100010&lng=pt&tlng=pt.