Menarca

A menarca marca o surgimento da primeira menstruação nas meninas, como marco da passagem da infância para a adolescência.

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Menarca

A menarca marca o surgimento da primeira menstruação nas meninas, como marco da passagem da infância para a adolescência. Várias mudanças biopsicossociais fazem parte deste acontecimento que leva à necessidade de adaptação da adolescente ao seu novo corpo.

Brêtas, Tadini, Freitas e Goellner (2012) definem a menarca como parte do desenvolvimento dos órgãos sexuais das raparigas na fase adolescente, tal como o amadurecimento biológico e psicológico, que desencadeiam respostas sexuais características.

A menarca diz respeito à primeira menstruação da mulher, que assinala a passagem da infância para a adolescência, com início por volta dos 11/12 anos de idade e que significa fertilidade, envolvendo mudanças somáticas, metabólicas, neuromotoras e psicossociais (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012). Em alguns países ocidentais a chegada da menarca é mais precoces devido às mudanças nos cuidados e na alimentação das crianças que alteram a estrutura biológica do organismo (Campagna, 2008).

Dá-se, com a da menarca, o amadurecimento do útero, embora a capacidade de ovular ainda não seja uma realidade, o que significa que a capacidade reprodutiva ainda está em fase de desenvolvimento, a qual, dura entre 1 a 18 meses após a menarca (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012; Campagna, 2008).

De acordo com as pesquisas dos autores, a menarca é muito importância na vida das adolescentes, por marcar a fase de passagem de criança para a adolescência, e trazer mudanças fisiológicas que desencadeiam interações anátomo-histológicas e amadurecimento corporal (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Segundo Campagna (2008) estas mudanças não acontecem de uma forma harmoniosa para a adolescente já que as alterações emocionais não acompanham as alterações físicas o que desencadeia pressões biológicas e sociais tais como a hiper valorização da sexualidade e da aparência.

Outros estudos revelam que a capacidade reprodutiva é importante para a mulher, e que a menarca leva ao envaidecer das meninas quando se tornam adolescentes, o que as leva até a competir entre si (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Além disso, Brêtas, Tadini, Freitas e Goellner (2012) e Campagna (2008) referem o fato de fazer com que a adolescente seja ainda vista com erotismo, já que o desenvolvimento dos órgãos sexuais se acentua e o corpo ganha formas adultas, como o de uma mulher. Estes fenómenos trazem a necessidade de preparar a menina para esta nova fase pois a mesma pode mudar a sua visão de si mesma enquanto mulher (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

O papel social da adolescente, passa a ser de extrema relevância e valores, atitudes, crenças, princípios, etc, assumem uma nova dimensão e influenciam o seu amadurecimento psicológico (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Junto com a menarca, aparecem as cólicas menstruais, a tensão pré-menstrual e o stresse que todos estes sintomas provocam (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012; Campagna, 2008).

Devido às mudanças que a menarca acarreta, a adolescente tem maior necessidade de apoio da família, e, quando o mesmo não acontece devido a motivos religiosos, culturais ou por falta de informação, enfrentar todas estas mudanças pode tornar-se um processo difícil nesta fase de desenvolvimento (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Em muitas famílias, o momento é vivido de forma medrosa e insegura, porque, iniciando a capacidade reprodutiva, os pais associam esta mudança à maior probabilidade de a mesma ser desejada (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Considerações históricas

Até ao século xix a menarca aparecia, comumente por volta dos 17 anos, contudo, nos dias de hoje, a média de surgimento é por volta dos 12 anos (Campagna, 2008).

Segundo Brêtas, Tadini, Freitas e Goellner, (2012) a menstruação ainda é tabu que chega a ser considerado veneno porque destrói as sementes que poderiam permitir a capacidade reprodutiva da mulher. Em algumas culturas, de acordo com Plínio (60 d.c., cit in Brêtas, Tadini, Freitas, & Gollner, 2012) se a menstruação aparecesse na altura de um eclipse lunar ou solar, acreditava-se que trazia maleitas tão graves que, no caso de uma mulher menstruada ter relações sexuais com um homem, este poderia morrer.

No século xviii, a menstruação chegou ser vista como forma de feitiçaria e resultante de uma guerra entre Deus e o Diabo porque o sangue menstrual era visto como tendo poderes (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Na época vitoriana, o tema era um tabu mesmo nos diários das meninas em que não se fazia referência ao mesmo (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

De certa forma, estas visões da menstruação, perpetuam-se já que os estudos de Brêtas, Tadini, Freitas e Goellner (2012) revelam que ainda e comum as adolescentes snetirem vergonha e insegurança. Muitas vezes se propagam mitos como “não poder lavar a cabeça durante a menstruação, não poder cozinhar, não poder ter relações sexuais, não poder andar descalça,” entre outros (Brêtas, Tadini, Freitas, & Goellner, 2012).

Conclusão

A menarca é um marco importante na vida das raparigas por significar a passagem da infância para a adolescência, ou seja, o início da capacidade de reprodução.

Devido às teorias construídas na história da sexualidade acerca da menarca, mitos e crenças de que a mesma era algo sujo, foram mantendo-se e perpetuando-se, o que faz com que, ainda hoje, muitas famílias tenham medo de enfrentar o assunto quando surge a primeira menstruação de uma rapariga. A situação leva ao despreparo e falta de apoio por parte dos que lhe são próximos o que leva à necessidade de se investir na formação das crianças e dos adolescentes neste assunto.

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References:

  • Brêtas, J.R.S., Tadini, A.C., Freitas, M.J.D., & Goellne, M.B. (2012). Significado da menarca segundo adolescentes. El significado de la menarquia para adolescentes. [em linha] SCIELO, scielo.br. Acta Paulista de Enfermagem, vol.25 no.2. Acedido a 4 de junho de 2016 em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000200015;
  • Campagna, V.N. (2008). Os descompassos da adolescência feminina. [em linha] redepsi, redepsi.com.br. Acedido a 4 de junho de 2016 em http://www.redepsi.com.br/2008/07/15/os-descompassos-da-adolesc-ncia-feminina/.
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