Os maus tratos na infância dizem respeito a todo o tipo de violência e abuso exercido contra crianças em qualquer cenário.
Desde o início dos tempos até à década de 60, os maus tratos na infância foram vistos como atitudes normais, principalmente nas civilizações greco-romanas em que a violência era entendida como fazendo parte da educação das crianças (Pires, & Miyazaki, 2005).
Algumas das formas mais comuns que os autores indicam como maus tratos na infância são o abuso físico e sexual, abandono e negligência (Mello, Faria, Mello, Carpenter, Tyrka, & Price, 2009).
Por volta do século XIII a punição e os castigos em crianças desobedientes eram atitudes bastante corriqueiras (Pires, & Miyazaki, 2005).
Em situações mais extremas, era mesmo aconselhado aos educadores que punissem as crianças apedrejando-as até à morte quando as mesmas não eram capazes de executar as tarefas (Pires, & Miyazaki, 2005).
Segundo diferentes estudos, os maus tratos na infância, além de serem um grave problema de ordem social, são bastante comuns e, tal como indicado anteriormente, podem provocar a morte se resultarem em grandes lesões (Mello t al, 2009).
Devido a todos estes abusos contra as crianças, começou a ser dada importância ao flagelo a partir do século XIX, em que surgiram os primeiros textos médicos acerca do assunto, sendo que mais tarde, nos anos 60 do século XX a violência os maus tratos na infância começaram a ser realmente alvo de interesse por parte de alguns autores, tendo grande relevância os trabalhos de Kempe, que falou, pela primeira vez da Síndrome da Criança Espancada, reconhecida pela Academia Americana de Pediatria (Pires, & Miyazaki, 2005).
Depois desta sensibilização em relação aos maus tratos, começou a falar-se, cada vez mais, nos maus tratos na infância, nos consultórios de pediatria (Pires, & Miyazaki, 2005).
Algumas das consequências mais graves a longo prazo, são os problemas de comportamento que podem ser originados, associados a perturbações psiquiátricas como ansiedade e depressão, verificando-se maior probabilidade de desenvolver este tipo de perturbação, em situações pautadas por maus tratos na infância do que em cenários normais (Mello et al, 2009).
Conclusão
Os maus tratos da infância foram sendo vistos de diferentes formas ao longo da história da humanidade, começando por ser considerados normais e tornando-se considerados um problema de saúde pública merecedor da atenção de vários estudiosos. São considerados mus tratos todos os tipos de abuso e de negligência contra crianças, sendo que, uma grande parte dos casos acaba por trazer consequências a longo prazo, principalmente, no que concerne ao desenvolvimento de perturbações mentais e de comportamento.
References:
- Mello, M.F, Faria, A.A, Mello, A.F, Carpenter, .L, Tyrka, A.R, & Price, L.H. (2009). Maus-tratos na infância e psicopatologia n adulto: caminhos para a disfunção do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Rev Bras Psiquiar, 2009, 31 (SuplII): S41-8.
- Pires, A.L.D, & Miyasaki, M.C.O.S. (2005). Maus-tratos contra crianças e adolescentes: revisão da literatura para profissionais da saúde. Arq Ciênc Saúde 2005 jan-mar; 12(1): 42-9.