Diagnóstico da hiperactividade

A Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), muitas vezes, é confundida com comportamentos irrequietos por parte das crianças, em idades mais activas.

A Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), muitas vezes, é confundida com comportamentos irrequietos por parte das crianças, em idades mais activas. Por esse motivo, é preciso compreender bem que sintomas apresentam realmente as crianças com PHDA e saber distinguir entre a perturbação e um comportamento inadequado.

 

Diagnóstico hiperactividade e défice de atenção

Os sintomas da PHDA, na primeira infância, podem ser difíceis de distinguir por serem confundidos com comportamentos adequados à idade das crianças activas.

Sintomas como a desatenção, a hiperactividade ou a impulsividade, quando isolados, podem representar o resultado de muitos problemas na vida relacional das crianças (com os pais e/ ou com colegas e amigos), de sistemas educacionais inadequados, ou estar associados a outros transtornos comuns da infância e adolescência. Devido a isto, o diagnóstico de PHDA deve contextualizar os sintomas na história de vida da criança (Rohde, Barbosa, Tramontina, & Polanczky, 2000).

Rohde e Halpern (2004) defendem que a sintomatológica clássica da PHDA se caracteriza pela desatenção, hiperactividade e impulsividade, independentemente do sistema de classificação utilizado em escolas, clínicas e até mesmo em casa. A descrição dos sintomas nas três dimensões pode ser visualizada nos Critérios de Diagnósticos da APA (2002).

 

Etiologia

As causas da PHDA são ainda desconhecidas. É provável que sejam endógenas, factores internos do próprio indivíduo e relacionados com anormalidades no desenvolvimento do cérebro, decorrentes de factores hereditários. Os factores ambientais terão o papel moderador ou potenciador quanto aos sintomas na PHDA (Lopes, 2004)

As crianças hiperactivas não apresentam, em geral, nenhum tipo de lesão cerebral. O que se mostra muito provável é a existência de alterações no curso do desenvolvimento cerebral. Existem evidências que apontam deficiência ao nível dos neurotransmissores, mais específicamente a dopamina. Esta é uma hipótese credível já que as drogas estimulantes que revelam aumentar a disponibilidade de dopamina no córtex pré-frontal, mostram uma eficácia significativa na redução dos níveis de agitação e de desinibição comportamental. Os vários estudos realizados e publicados acerca da actividade cerebral em crianças e adultos hiperactivos mostram uma actividade diminuída na área pré-frontal do córtex. Existem vários modelos explicativos para o que se possa ter causado alterações no desenvolvimento cerebral (Holmes, 2001).

São considerados dois tipos de factores ambientais como causa da PHDA: o consumo de substâncias no decurso da gravidez e a exposição ao chumbo. As substâncias em que há maior probabilidade de conduzir ao nascimento de crianças hiperactivas são o álcool e o tabaco. Existe uma grande probabilidade de aparecimento de sintomas de hiperactividade em crianças muito pequenas quando expostas à presença de chumbo, principalmente se tiverem acontecido entre os 12 e os 36 meses.

Apesar de não haver um gene identificado como responsável, é de salientar o papel da hereditariedade na PHDA. Os estudos mostram que os parentes biológicos das crianças hiperactivas têm tendência a apresentar mais problemas do que os parentes de crianças normais (Lopes, 2004).

Os estudos estatísticos de Vasconcelos, Malheiros, Werner, Brito, Barbosa, Santos e Lima (2005) mostram as “discussões conjugais no passado”, “separação dos pais” e “depressão materna” como peditores da PHDA, bem como factores psicossociais como “discussões conjugais no passado”, “estilo materno” e “algum familiar que tenha sido assassinado”.

Outros estudos apontam para outros factores como: baixo nível sócio-económico, sexo masculino, disfunção familiar e violência no lar (Vasconcelos, Malheiros, Werner Jr., Brito, Barbosa, Santos, & Lima, 2005).

 

Conclusão

A PHDA caracteriza-se pelos sintomas de impulsividade e falta de atenção que levam muitas vezes à incapacidade de adaptação nos diferentes contextos. Verificamos que ela não se relaciona com lesões cerebrais mas sim com prováveis anormalidades no desenvolvimento do cérebro, decorrentes de factores biológicos, como alterações no córtex pré-frontal, hereditários, como histórico familiar de PHDA e ambientais, como separação dos pais. É por esse motivo que a criança com PHDA deve ser avaliada pela junção dos diferentes factores e não apenas pelo comportamento que apresenta.

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References:

  • American Psychiatric Association – APA (2002). Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais – Texto Revisto (4ª Ed.) Lisboa: Climepsi Editores.
  • Holmes, D. S. (2001). Psicologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed Editora.
  • Lopes, J. A. (2004). A Hiperactividade. Coimbra: Quarteto Editora.
  •  Rohde, L. A., Barbosa, G. Tramontina, S. & Polanczyk, G. (2000). Transtorno de deficit de atenção/hiperactividade. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22: 7-11.
  • Rohde, L. A. & Halpern, R. (2004). Transtorno de deficit de atenção/ hiperactividade: actualização. Jornal de Pediatria, 2 (80): 61-70.
  • Vasconcelos, M., Malheiros, A., Werner Jr., J., Brito, A., Barbosa, J., Santos, I. & Lima, D. (2005). Contribuição dos Fatores de Risco Psicossociais para o transtorno de Déficit de Atenção/Hiperactividade. Arquivo de Neuropsiquiatria, 63 (1): 68-74.

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