Os cuidados de saúde primários pretendem dar resposta às necessidades de saúde e de qualidade de vida das populações. Para que tal possa acontecer é necessário investir não só nas respostas adequadas por parte do sistema de saúde como também na educação para a prevenção.
Os cuidados de saúde primários nascem da necessidade da prevenção antes da implementação, ou seja, do ato de prevenir a doença através de meios de educação próprios para o efeito, e acessível a toda a população, o que inclui os profissionais de saúde (Chaves, Duarte, Ferreira, & Dionísio, 2016).
De acordo com os trabalhos de Chaves (2016) os cuidados de saúde primários fazem parte do sistema de saúde, o que significa que estão relacionados com questões de desenvolvimento social e económico global do ponto de vista comunitário.
São estes cuidados que permitem a ligação o indivíduo à comunidade por meio da assistência em saúde, disposta nos diferentes locais onde ela é necessária (Chaves, 2016).
A autora faz referência aos trabalho de Imperatori (1985, cit in Chaves, 2016) que já conceituava s cuidados de saúde primários como prestações de serviços de saúde através de técnicas e métodos adequados a cada caso, de acordo com as indicações científicas para o efeito. Assim, os cuidados de saúde primários devem ser possíveis de aceder por qualquer indivíduo de qualquer classe social, local ou contexto e devem chegar a todas as famílias em pé de igualdade (Imperatori, 1985, cit in Chaves, 2016).
No entanto, sabe-se que, paradoxalmente a esta necessidade, como nos indicam os estudos de Chaves, Duarte, Ferreira e Dionísio (2016) é nos locais onde a necessidade de intervenção na saúde primária, é maior, onde ela falha mais, nomeadamente, nas zonas onde existem mais classes desfavorecidas.
Agregado a este fator, temos ainda a questão da opinião pública, da moda, da publicidade, dos valores, das crenças e dos costumes que trazem uma necessidade ainda maior de recorrer a cuidados base, já que influenciam, maioritariamente pela negativa, a qualidade de vida de muitas populações (Chaves, Duarte, Ferreira, & Dionísio, 2016).
Assim, para que seja possível chegar a todos, os mesmos têm de ser garantidos pelo próprio país e pela comunidade em geral, em todas as fases da vida (Imperatori, 1985, cit in Chaves, 2016).
Devido às características comunitárias, pública, políticas, etc, estes cuidados são fortemente influenciados, também, pelas características comunitárias, políticas, socioculturais, sociais e económicas de cada país no qual são implementados (Imperatori, 1985, cit in Chaves, 2016).
É por todos estes motivos que Chaves (2016) refere a importância de trabalhar em comunidade para a promoção de auto responsabilidade por parte de todos os elementos envolvidos neste tipo de programa (Chaves, 2016).
Algumas das necessidades base que os cuidados de saúde primários procuram promover são:
- Promover a nutrição e a água potável acessível a todos os elementos da sociedade;
- Saneamento básico;
- Saúde materna e infantil, inclusive o planeamento familiar;
- Vacinação base;
- Prevenção e redução de epidemias;
- Educação para a prevenção de problemas de saúde mais frequentes;
- Tratamento adequado das doenças correntes.
(Chaves, 2016).
Segundo os estudos da autora, mais do que promover a resposta às necessidades básicas dos utentes no sistema de saúde, estes cuidados devem ser promovidos e implementados antes mesmo de chegar aos hospitais e centros de saúde, ensinando a população a prevenir-se (Chaves, 2016).
Para que esta assistência surta o efeito desejado, são necessários programas específicos e com as devidas qualidades para o efeito, sendo necessário que a mensagem passe adequadamente do emissor para o receptor (Chaves, Duarte, Ferreira, & Dionísio, 2016). O primeiro tem a tarefa de contribuir deforma favorável para a conscientização da saúde no segundo por meio da mensagem passada (Chaves, Duarte, Ferreira, & Dionísio, 2016).
Este tipo de ação de conscientização e prevenção, irá, por consequência, levar à melhor satisfação de necessidades e qualidade de vida (Chaves, 2016).
Conclusão
Podemos perceber, de acordo com os trabalhos levados a cabo por vários autores que os cuidados de saúde primários visam responder às necessidades de toda a comunidade em cada um dos locais onde se possa implementar um sistema de saúde que responda às necessidades básicas de todos. No entanto, os estudos evidenciam também que, mais do que responder às necessidades básicas de populações por meio do sistema de saúde, é importante trabalhar no âmbito da prevenção antes de investir no âmbito do tratamento. Para isso será necessário construir programas de educação que permitam levar os indivíduos a prevenir-se antes mesmo de chegar aos hospitais, instituições e centros de saúde.
References:
- Chaves, C. (2016). CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS E A SIDA. Educação, ciência e tecnologia. Recuperado em 21 de janeiro de 2018 de http://revistas.rcaap.pt/millenium/article/view/8396;
- Chaves, C., Duarte, J., Ferreira, M., & Dionísio, R. (2016). AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NA ÁREA DA SIDA NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde. Recuperado e, 21de janeiro de 2018 de http://revistas.rcaap.pt/millenium/article/view/8258.