Os cuidados na saúde materna visam a resposta às necessidades da mulher, procurando acompanhar toda a fase de gravidez e maternidade. As instituições de saúde têm, portanto, e em primeira instância, a necessidade de promover o atendimento adequado para que o processo decorra de forma a garantir que este processo ocorre de forma eficaz.
De acordo com os estudos de vários autores, a saúde da mulher cada vez mais se tem tornado um assunto de discussão no que diz respeito à gestação (Vieira, Bock, Zocche, & Pessota, 2011). Nesse sentido, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) pretende garantir os cuidados na saúde materna, no sentido de promover a qualidade de vida destas mulheres, tanto no pré-natal como na assistência ao parto (Vieira, Bock, Zocche, & Pessota, 2011).
Segundo os estudos de Graça, Figueiredo e Carreira (2011) quando se fala nos cuidados de saúde materna, é importante lembrar que a família começa com a formação do casal que, após o nascimento do primeiro filho, se reorganiza para que cada um dos dois assuma o seu papel enquanto pai e mãe, ao qual, está inerente o início de uma vida de prestação de cuidados a tempo inteiro.
No caso da gravidez e da maternidade, propriamente ditas, nem sempre existe uma relação equilibrada entre tempo e espaço (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
Os estudos indicam que a maternidade tem, associadas, quatro tarefas dependentes entre si, sendo elas:
- A garantia de que a gravidez e o parto vão ser um processo seguro para a mãe e para o filho;
- Garantir a aceitação social dos familiares para ambos;
- Construir a ligação entre mãe e filho;
- Aprender a dar-se para cuidar de alguém;
(Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
No entanto, é igualmente importante, para Colman e Colman (1994, cit in Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011) que a mãe passe por um processo de gravidez e maternidade tranquilos, dentro dos quais, é preciso assegurar que a mesma obtenha sentimentos de prazer e felicidade maiores do que o possível desconforto causado pelo processo. Nesta fase, principalmente no caso do primeiro filho, o mesmo é visto como uma parte da mulher, que, aos poucos, de forma gradual, vai construindo a sua autonomia (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
Por esta altura, a noção de necessidade de cuidados ao bebé, decorre, na maioria das vezes, com base na prestação de cuidados que recebeu por parte da mãe, o que acaba por também intensificar a relação entre mãe e filha (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011). Muitas vezes, devido à experiência obtida pela recente avó, no passado, a mesma tende a antecipar situações futuras em relação ao novo processo de maternidade, o que pode tornar-se contra producente devido a eventuais intrusões em excesso (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
Nesta fase, a relação entre o casal é de extrema importância já que o nascimento do filho é uma preparação para ambas as partes, pelo que a descoberta de novas necessidades, conflitos de valores e expetativas, interfere significativamente em toda a dinâmica familiar (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
A procura pela maior compreensão acerca da maternidade e pelos cuidados à mulher, leva a que a mesma tenha os recursos necessários para que possa lidar com o nascimento e os novos hábitos de vida que levará daí em diante (Vieira, Bock, Zocche, & Pessota, 2011). Na maioria dos casos em que nascem problemas associados à maternidade, verifica-se que os mesmos se devem precisamente, à falta de cuidados e de informação (Vieira, Bock, Zocche, & Pessota, 2011).
Consequentemente tanto à gravidez como à maternidade, especialmente após o parto, a mulher passa por diversas mudanças físicas e emocionais que terão significativos efeitos na intimidade, levando a consequências que podem passar pela dispareunia que afeta a relação sexual após o parto e a necessidade de recuperação, tanto física como psicológica
(Cowan, & Cowan, 2000; Abuchaim, & Silva, 2006; Mendes, 2007, cit in (Graça, Figueiredo, & Carreira, 2011).
Devido a todas estas nuances, garantir o acompanhamento e os devidos cuidados à saúde materna, passa pela assistência por parte das instituições de saúde, colocando à sua disposição o atendimento necessário e o acesso às unidades de saúde competentes (Vieira, Bock, Zocche, & Pessota, 2011).
Conclusão
Os cuidados na saúde materna visam assegurar todo o atendimento necessário prestado à mulher, desde a gestação, no sentido de garantir que todas as necessidades, tanto da mãe quanto do bebé, sejam preenchidas. É importante garantir uma boa relação entre a mãe e o pai, já que ambos vão passar por todo um processo de reorganização das suas vidas, pelo que é fundamental que ambos tenham a informação adequada para saber viver esta nova fase de forma saudável.
References:
- Graça, Luís Carlos Carvalho, Figueiredo, Maria do Céu Barbiéri, & Carreira, Maria Teresa Conceição. (2011). Contributions of primary health care nursing intervention to the motherhood transition. Revista de Enfermagem Referência, serIII(4), 27-35. Recuperado em 27 de novembro de 2017 de http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S0874-02832011000200003&script=sci_arttext&tlng=en;
- Vieira, S.M., Bock, L.F., Zocche, D.A., & Pessota, C.U. (2011). PERCEPÇÃO DAS PUÉRPERAS SOBRE A ASSISTÊNCIA PRESTADA PELA EQUIPE DE SAÚDE NO PRÉ-NATAL. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011; 20(Esp): 255-62. Recuperado em 27 de novembro de 2017 de http://www.redalyc.org/html/714/71421163032/