Comunicação na interação com utentes

Os processos de comunicação em saúde têm importância central na relação entre os técnicos de saúde e os utentes.

Comunicação na interação com utentes

Os processos de comunicação em saúde têm importância central na relação entre os técnicos de saúde e os utentes. Assim, identificam-se os principais problemas de comunicação que podem ocorrer nos serviços de saúde e definem-se as estratégias com a finalidade do desenvolvimento das competências de comunicação dos técnicos de saúde e dos utentes.

A comunicação é uma das formas mais privilegiadas de gerir as emoções, o que implica  controlar, influenciar, dominar um conjunto de estratégias que não sejam só individuais mas também coletivas no relacionamento interpessoal (Santos, 2010).

As unidades de cuidados intensivos e as suas caraterísticas, inevitavelmente, constituem um foco de stresse e ansiedade que é partilhado pelos profissionais de saúde, doente e familiares (Santos, 2010).  A comunicação que poderia servir como técnica eficaz na redução do stresse e da ansiedade, surge-nos ela própria acompanhada de problemas, tendo como um dos principais, a comunicação que, nestas unidades, ocorre quando os doentes estão ventilados (Santos, 2010).

Mariana Santos (2010) lembra que estes doentes estão, muitas vezes, impossibilitados de falar e apresentam limitações motoras que lhes diminuem os movimentos.

O doente,  para além da doença que motivou o seu internamento em unidade de cuidados intensivos, vê-se impossibilitado de comunicar verbalmente (Santos, 2010).

Na unidade de cuidados intensivos, um serviço onde a maioria dos doentes está sujeita à ventilação mecânica, e a maioria das vezes consciente, as dificuldades de comunicação dos doentes são sentidas por todos os profissionais de saúde que, muitas vezes se socorrem uns aos outros no sentido de tentar perceber o que os doentes tentam transmitir (Santos, 2010). Também os familiares dos doentes recorrem muitas vezes aos profissionais de saúde para que estes os auxiliem a perceber o seu familiar doente, e melhorar as competências na comunicação com o mesmo ao critério de cada enfermeiro (Santos, 2010).

 Enquanto utilizadores dos serviços de saúde, os indivíduos necessitam mais do que de cuidados físicos, o que quer dizer que eles precisam de atenção ao seu bem-estar psicológico, aos seus medos específicos e ansiedades relacionadas com saúde e doenças, aos exames e tratamentos a realizar, qualidade de vida, crises pessoais e familiares, etc (Teixeira, 2010).

Sempre que não há resposta adequada a essas necessidades há insatisfação dos utentes em relação ao comportamento dos técnicos de saúde e uma avaliação negativa da qualidade dos cuidados que foram prestados (Teixeira, 2010). Há quem precise de muita informação sobre o problema de saúde, os exames, os tratamentos, e há quem prefira até pouca informação. Por outro lado, a natureza da informação necessária pode variar de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, em relação à realização de exames e mesmo de intervenções cirúrgicas há quem necessite de informação de sensibilização, há quem necessite de informação de confronto e ainda de informação de procedimento o que pode muitas vezes acontecer (Teixeira, 2010).

As dificuldades relacionadas com a transmissão de informação e com atitudes inadequadas dos técnicos em relação à comunicação podem resultar em comportamentos de adesão nada satisfatórios no que concerne a comportamentos saudáveis e adequados (Teixeira, 2010). Em algumas circunstâncias, por exemplo, a realização de exames de rastreio e de diagnóstico, os tratamentos à base de medicação, o hábito com auto-cuidados, a realização de outras consultas e adesão a medidas de reabilitação, não são feitos da melhor forma (Teixeira, 2010).

O utente nem sempre compreende o que é necessário fazer e não se recorda do que foi dito, não teve possibilidade de fazer perguntas ou não acredita que valha a pena seguir as recomendações dos técnicos, entre outras situações (Teixeira, 2010).

Este tipo de situação pode ter consequências graves para o bem-estar dos utentes e dos técnicos de saúde além de ter custos económicos para os doentes e para a comunidade devido a tudo o que acima referimos (Teixeira, 2010).

Conclusão

A comunicação é fundamental para um bom acompanhamento do técnico de saúde para com o utente, uma vez que, quanto melhor se prestar esse cuidado, maior será a taxa de sucesso do tratamento devido à capacidade de transmissão da mensagem. Isto acontece porque se estabelece uma relação terapêutica eficaz e tanto o utente como todos os intervenientes do processo de cura (profissionais, familiares e amigos) podem participar de forma útil e ativa no quadro evolutivo.

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References:

  • Santos M. A. R. G. (2010). A Comunicação com o Utente no Aconselhamento Farmacêutico. Monografia, Universidade Fernando Pessoa – Faculdade de Ciências da Saúde, Portugal;
  • Teixeira, J.A.C. (2010). Comunicação em saúde. Relação Técnicos de saúde – Utentes. Análise Psicológica, 22 (3), 615-620. Acedido a 15 de maio de 2016 em http://repositorio.ispa.pt/handle/10400.12/229
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