Vínculo afetivo
Vínculo afetivo diz respeito às relações estabelecidas entre o indivíduo e as pessoas mais próximas que lhe são significativamente importantes.
O vínculo afetivo tem uma importância significativa, principalmente nos primeiros anos de vida, uma vez que a criança precisa de cuidados familiares e, especialmente maternos, para sobreviver (Oliveira, & Collet, 1999). Vários estudos sugerem que a afetividade é tão importante para a saúde mental, como as vitaminas e nutrientes para a saúde física (Oliveira, & Collet, 1999).
“…existe nos bebês uma tendência inata para o contato físico e psicológico com um ser humano, que significa a existência da “necessidade” de um objeto independente do alimento, tão primária quanto a “necessidade” de alimento e conforto.”
(Bowly, 1997, p.168, cit in Schneider, & Ramires, 2007).
Outros estudos indicam a mesma importância do vínculo afetivo, estendendo-a à personalidade uma vez que são várias as evidências, encontradas em diversos estudos, que apontam para a importância da relação da criança com os pais, nos primeiros anos de vida (Schneider, & Ramires, 2007). Nesse âmbito, a literatura demonstra mesmo o desenvolvimento de várias psicopatologias, quando o vínculo afetivo entre a criança e os pais, não é o mais saudável (Schneider, & Ramires, 2007).
Do vínculo afetivo depende a capacidade da criança para se desenvolver e crescer enquanto cidadão e futuro adulto, com alicerces seguros, ao nível do seu equilíbrio psicológico (Oliveira, & Collet, 1999).
A segurança e a qualidade do vínculo afetivo, determinam a capacidade de resiliência aquando do desenvolvimento, em todas as fases da vida, principalmente, na adolescência (Schneider, & Ramires, 2007).
No entanto, devido a vicissitudes do próprio dia a dia, por vezes, o indivíduo não pode manter o vínculo afetivo com todas as pessoas significativas para o seu bem-estar, o que pode provocar traumas relacionados com experiências de vida menos agradáveis, como por exemplo, quando se dá uma necessidade de internamento (Oliveira, & Collet, 1999).
Devido a este e outros obstáculos que levam, eventualmente, à separação entre o indivíduo e os seus parentes mais próximos ou pessoas significativas do seu meio, é necessário prevenir separações abruptas, principalmente durante a infância, pois as mesmas podem resultar em problemas graves do foro emocional (Oliveira, & Collet, 1999).
Muitas vezes, em circunstâncias adversas, tais como uma hospitalização, como já foi mencionado anteriormente, há mesmo a necessidade e obrigatoriedade de uma separação, que, no caso do afastamento entre a criança e a mãe leva à sensação de insegurança e de falta de proteção de que esta criança precisa para sobreviver (Oliveira, & Collet, 1999).
Uma ausência de vínculo afetivo por este ou por outro motivo, relacionado com uma separação, leva o ser humano, o qual é inata e tendencialmente movido para construir relacionamentos interpessoais significativos, a sofrer diferentes tipos de perturbações psicológicas tais como a ansiedade, a depressão, a raiva, o desiquilíbrio emocional, entre outros (Schneider, & Ramires, 2007).
O ser humano socializa através dos vínculos afetivos que constrói, e, mais uma vez, estes começam por ser criados através da sua relação com a mãe, já que é o primeiro vínculo a estabelecer, nos primeiros tempos de vida (Oliveira, & Collet, 1999). É a partir daqui que se obtém uma alavanca para a capacidade de estabelecer outros vínculos relacionados com as relações a estabelecer com outras pessoas (Oliveira, & Collet, 1999).
Sabemos então da importância de criar um vínculo afetivo, ao longo de toda a infância, com as pessoas que são mais importantes, contudo, ainda não se percebe exatamente em que fases de desenvolvimento destas faixas etárias, é que este vínculo afetivo se mostra mais evidente (Schneider, & Ramires, 2007).
Uma vez que não se conseguiu perceber exatamente em que altura da infância é que a importância do vínculo afetivo se mostra mais primordial, também não há como perceber a influência e o processo inerente a ele, de forma exata, que o mesmo exerce sobre a saúde ou a perturbação mental que a ele está associada (Schneider, & Ramires, 2007).
Conclusão
O vínculo afetivo é uma das necessidades básicas mais importantes para a criança, principalmente, aquele que ela adquire com a mãe, logo desde que nasce. Esta necessidade, se não for devidamente satisfeita, poderá trazer consequências do foro emocional, colocar a saúde mental em risco, e provocar danos no que diz respeito às relações interpessoais na vida adulta. Segundo os estudos, trata-se de uma questão tão importante para o equilíbrio mental, como o alimento para a saúde física.
References:
- Oliveira, Beatriz Rosana Gonçalves de, & Collet, Neusa. (1999). Criança hospitalizada: percepção das mães sobre o vínculo afetivo criança-família. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 7(5), 95-102. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11691999000500012&script=sci_abstract&tlng=eses;
- Schneider, Ana Cláudia Nuhlmann, & Ramires, Vera Regina Rohnelt. (2007). Parental bonding and social support: relation with depressives symptoms on adolescence. Aletheia, (26), 95-108. Recuperado em 06 de novembro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413-03942007000200009&script=sci_arttext&tlng=en.