Família monoparental
Entendemos por família monoparental aquela em que a criança vive junto de apenas um dos progenitores. Este núcleo familiar pode ter diferentes características e diferentes razões de ser que levam à organização familiar de uma forma diferente daquela que é conhecida como padrão.
Boamorte (2014) aborda o conceito de família monoparental, buscando a sua definição na origem da mesma, a qual, indica que diz respeito à viuvez, à separação ou ao divórcio. No entanto, outras condicionantes podem também dar origem a uma família monoparental como a adoção por alguém solteiro ou ainda a inseminação artificial levada a cabo, também, por uma mulher solteira (Boamorte, 2014).
De acordo com os princípios da psicanálise, existem funções distintas para a mãe e o pai no que diz respeito à criação e educação dos seus filhos, o que faz com que surja um ponto de interrogação quando essa realidade não existe, por um dos dois não estar presente na família (Boamorte, 2014).
Por outro lado é sabido que a relação entre a mãe e o bebé, nos primeiros tempos de vida, é extremamente significativa, uma vez que o desenvolvimento emocional do mesmo, está diretamente ligado à relação com a progenitora e que, a princípio, a mesma se mostra suficiente para a criação do filho (Boamorte, 2014).
Quanto ao pai, apresenta uma função de apoio, segundo Winnicott, pelo que é da responsabilidade dele, manter a organização familiar (Boamorte, 2014).
Quando a par da monoparentalidade, as mulheres estão inseridas em situação de baixo Nível Sócio Económico (NSE), encontramos obstáculos vividos pelas mesmas que, por falta de possibilidades financeiras e necessidade de educar os seus filhos sozinhas, acabam por ficar em situação de sobrecarga parental (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Nesse sentido, para poder proporcionar oportunidades adequadas à educação a que têm direito, as crianças provenientes de famílias monoparentais são encaminhadas para programas de apoio social com o objetivo de evitar que entrem em risco psicossocial e ambiental que estas mesmas correm (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Contudo, apesar dos obstáculos existentes, nos últimos anos, vimos assistindo à criação de novas famílias que se reinventam e que, com as mesmas, se normaliza o conceito de família monoparental, o que traz um desfasamento no que diz respeito à forma como as famílias se constituem, sendo este de reorganização entre o que é novidade e o que é visto como conservador (Boamorte, 2014).
Nestas situações, e tendo em conta a importante relação entre a mãe e o filho nos primeiros tempos de vida, é necessário que, quando constituem uma família monoparental, esta tenha em mente a necessidade de se adaptar a essa condição, o que significa que terá de assumir os dois papéis, ou seja, ela terá de promover o afeto, as respostas às necessidades da criança e a organização em simultâneo (Boamorte, 2014).
Por outro lado, esta situação pode acontecer de forma inversa, isto é, poderá ter de ser o pai a garantir as necessidades básicas da criança, quer seja ao nível do afeto, quer seja no que concerne ao sustento (Boamorte, 2014).
Outros estudos anteriormente realizados, já haviam analisado as características das famílias monoparentais, nomeadamente, nos casos daquelas que eram constituídas por elementos com baixo rendimento económico, as quais, se verifica que são pautadas pela desorganização e desestruturação familiar instável e totalmente desintegrada (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Na maioria dos casos em que se assiste a um baixo NSE e à presença de uma família monoparental, também se observa que a mesma é sustentada por mulheres (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Devido a todas as condições inerentes às dificuldades consequentes do baixo NSE, criaram-se os programas de saúde familiar que visam promover a resiliência destas famílias que, na situação monoparental acabam por encontrar dificuldades nas duas pontas da moeda, pelo que os mesmos pretendem promover o desenvolvimento e a educação tanto das crianças como da família em geral (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Para que estes programas possam ter sucesso e produzir frutos, é indispensável que se consiga promover a confiança entre os seus membros e os profissionais que neles atuam, no sentido de orientar os indivíduos que se encontram em risco, para que a resiliência dos mesmos se possa tornar numa realidade (Yunes, Garcia, & Albuquerque, 2007).
Conclusão
Assim podemos afirmar que as famílias monoparentais, encontram, frequentemente, dificuldades tanto ao nível financeiro, por serem maioritariamente de NSE baixo, bem como, na maioria dos casos, as mesmas são representadas pelas mulheres que garantem o sustento dos filhos. Nesse sentido, os programas de apoio à saúde familiar visam prestar a ajuda necessária a estes indivíduos no sentido de evitar situações de risco.
References:
- Boamorte, J.B. (2014). AS FUNÇÕES MATRNA E PATERNA NA FAMÍLIA MONOPARENTAL. [em linha] PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. www.psicologia.pt acedido em 4 de novembro de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?as-funcoes-materna-e-paterna-na-familia-monoparental&codigo=A0787&area=D11A;
- Yunes, M.A.M., Garcia, N.M., & Albuquerque, B.M. (2007). Monoparentalidade, Pobreza e Resiliência: Entre as Crenças dos Profissionais e as Possibilidades da Convivência Familiar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 444-453.