Violência psicológica
A violência psicológica é caracterizada por atitudes de ofensa, humilhação e ameaça do agressor para com a vítima. A mesma começa a trazer consequências moderadas a graves, ao longo do tempo e dependendo de cultura para cultura.
A violência psicológica, maioritariamente exercida entre casais sob a subjugação de um ao domínio do outro, afeta a autoestima, a capacidade para reagir à agressão e ainda a decisão da vítima em acabar com o abuso (Levy, & Gomes, 2008).
Autores como Schraiber, D’Oliveira, França-Junior, Diniz, Portella, Ludemir, Valença e Couto (2007) demonstraram, nos seus estudos, as repercussões da violência psicológica, na vida da vítima, que, ao longo do tempo, acarretam outros tipos de violência tal como é o caso da violência física. Segundo os autores, a grande maioria dos estudos onde se observam testemunhos das vítimas de violência psicológica, observam-se também ocorrências de violência física (Schraiber et al, 2007). Por outro lado, os autores esclarecem que uma não implica a outra, isto é, nem todos os casos de violência psicológica acarretam violência física, sendo que, muitas vezes, o ciclo é caracterizado por episódios de violência psicológica exclusiva (Schraiber et al, 2007).
Este tipo de violência costuma ser marcado por contornos de sadismo no sentido de destruir o narcisismo do parceiro (Levy, & Gomes, 2008). No entanto, devido à subjetividade que a violência psicológica acarreta, mesmo entre os diferentes géneros, não é fácil conseguir conceitua-la com exatidão (Schraiber et al, 2007).
Vários são os fatores que levam os indivíduos, principalmente casais, a enveredar por relacionamentos pautados pela violência psicológica, começando, habitualmente, pela falta de emprego do marido, que o impede de continuar a gerir as finanças da família, numa altura em que a esposa mantém o posto de trabalho, ou ainda é promovida (Levy, & Gomes, 2008).
O que acontece é que a casa passa a ser gerida pela esposa, o que começa a provocar, no marido, uma sensação de fracasso e de falha enquanto homem e chefe de família, pelo que começam a surgir as críticas, cobranças e queixas, por parte dos dois lados (Levy, & Gomes, 2008).
Além disso, a violência psicológica, veio, ao longo dos anos, em muitos casos, substituindo a violência física, uma vez que a capacidade de ferir através das palavras, torna-se o meio mais fácil e mais forte de destruir (Levy, & Gomes, 2008).
Deste modo, passa-se a fazer uso de palavras ofensivas, que ofendem a imagem do outro e afetam ambas as partes, e, em simultâneo, o narcisismo dos dois (Levy, & Gomes, 2008).
Schraiber et al (2007) dão, como exemplos de violência psicológica, e de acordo com os estudos realizados no terreno, os insultos, que podem, ou não, ser acompanhados de outros tipos de violência, bem como a humilhação, a intimidação, ou ainda a ameaça.
Em qualquer caso, sendo por uma questão de emancipação da mulher enquanto chefe de família, ou por uma questão de estagnação no tempo pela permanência da atitude homem machista e mulher submissa, a violência psicológica, tem, na maioria dos casos, uma origem inconsciente de fracasso do foro fálico (Levy, & Gomes, 2008).
Nestes casos, segundo os estudos de Schraiber et al (2007) relatos de violência sexual associada à violência psicológica, são também bastante frequentes.
Por parte do homem, que, devido a dificuldades financeiras ou a mudanças no paradigma da família tradicional, vê o seu narcisismo a ser colocado numa situação vulnerável, e por consequência da emancipação da mulher, seja pelo trabalho fora de casa, por si só, ou por se tornar ela mesma, a chefe de família (Levy, & Gomes, 2008).
Em geral, a violência psicológica, em muitas situações acaba por vir acompanhada dos outros tipos de violência, de forma evolutiva que, a longo prazo, despoleta problemas de saúde que começam por se expressar de forma moderada mas, mais tarde, acabam por agravar (Schraiber et al, 2007).
Isto significa que a violência psicológica, tal como outros tipos de violência, é significativamente influenciada por questões associadas à cultura, pelo que, especialmente quando falamos de agressões deste tipo, muitas vezes, os mesmos vêm em substituição dos outros tipos que se tornam mais ou menos aceites, dependendo de país para país (Schraiber, et al, 2007).
Conclusão
A violência psicológica, caracterizada por ofensas, humilhações, ameaças, entre outros exemplos, vem, ao longo dos tempos, substituindo outras formas de violência, principalmente a física, por questões de cultura e de evolução. A mesma é, maioritariamente provocada entre os membros de um casal, habitualmente pelo domínio do homem sobre a submissão da mulher.
References:
- Levy, L., & Gomes, I.C. (2008). RELAÇÃO CONJUGAL, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E COMPLEMENTARIDADE FUSIONAL. Clin., Rio de Janeiro, vol.20, n.2, p.163-172, 2008;
- Shraiber, L.B., D’Oliveira, A.F.P.L., França-Junior, I., Diniz, S., Portella, A.P., Ludemir, A.B., Valença, O., & Couto, M.T. (2007). Prevalência da violência contra a mulher por parceiro íntimo em regiões do Brasil. Revista Saúde Pública 2007; 41(5): 797-807.