John Galliano, famoso e polémico, designer e estilista de moda britânico, que ganhou reconhecimento internacional pelo seu extraordinário trabalho à frente da famosa Maison Francesa, Dior.
John Galliano – Designer de Moda
Nome: Juan Carlos Antonio Galliano Guillén
Nasceu: 28 de Novembro de 1960 em Gibraltar
Biografia:
Nascido em Gibraltar no dia 28 de Novembro de 1960, Juan Carlos Antonio Galliano Guillén, filho de pai inglês e de mãe espanhola. Em 1966, quando Galliano tinha apenas seis anos de idade, mudou-se para Londres juntamente com toda a sua a família.
Em 1981, depois de uma juventude difícil e de grande sofrimento, entra para a Saint Martins College of Art and Design (agora Central Saint Martins) e, consequentemente, na cena mítica dos bares londrinos, onde finalmente se sente enquadrado e entre designers e artistas que o compreendem e que pensam igual que ele.
Para pagar as propinas, trabalhou em part-time no Nation Theatre onde, para além de vestir actores como Judy Dench, mergulhou nos arquivos de figurinos que de certa forma, complementavam as horas que passava na biblioteca do Victoria and Albert Museum debruçado sobre os livros de história de Moda.
Foi daí que nasceu a sua colecção de final de curso, em 1984: Les Incroyables, inspirada pela Revolução Francesa, que provocava uma ovação na audiência. Após a sua graduação em design de moda na prestigiada St. Martins College of Art & Design em Londres, Galliano é oficialmente eleito como sendo o melhor aluno do seu ano. Abrindo muitas portas, chamando a atenção das pessoas certas e lançando a sua carreira.
No Inverno desse mesmo ano, com o apoio financeiro de Johann Brun, apresenta uma linha de vestidos e em 1985 participava na London Fashion Week. Nesta altura, já tinha um estúdio num armazém em East End e começava a trabalhar com Bill Gaytten.
A razão do seu sucesso era complexamente simples: as peças de Galliano tinham, ao mesmo tempo, uma base sólida, uma profunda inspiração histórica, uma história implícita, uma personagem inacreditavelmente bem caracterizada e uma extrapolação fantástica de uma mente genial. Foi isso que André Leon Talley viu nele, e foi esta a mensagem que passou a Anna Wintour, reconhecida editora de Vogue Americana.
Apesar dos aplausos, o investimento financeiro em Londres era precário e John Galliano precisava de mudar-se para Paris. Para ajudar a lançar Galliano em Paris, André Leon Talley e Anna Wintour apresentaram-no a São Schlumberger e pedem ao magnata que lhe deixe apresentar a sua colecção no seu hotel Particulier, no Outono 1994. Na passarela desfilaram grandes nomes, como: Linda Evangelista, Naomi Campbell, Christy Turlington, Michelle Hicks, Carla Bruni e a novata Kate Moss, todas elas a trabalhar de graça, por apreço ao maravilhoso trabalho de Galliano.
Cada uma das peças que apresentou era mais notável que a outra, e foi um daqueles momentos na Moda em que percebes que tudo está a mudar. Havia uma simplicidade e uma alma naquele desfile que se tornou num momento muito emocional para a história da Moda.
Em 1995, foi escolhido por Bernard Arnault, proprietário da LVMH, para ser o novo director criativo da Givenchy. Passados dois anos, Bernard Arnault pede-lhe que transportasse a sua excentricidade inglesa para a Christian Dior S.A., que na altura encontrava-se em decadência, deixando à frente de Givenchy o também jovem prodígio da moda britânica, Alexander McQueen.
Galliano aceita, mas também mantém a sua própria marca, com o seu nome.
John Galliano foi o primeiro britânico a assumir o controlo criativo de uma casa histórica, da moda francesa.
A Maison Dior a seu cargo cresceu, expandiu-se, espetacularizou-se. Nasceram ícones como a Saddle Bag ou o perfume J’Adore, nasceram desfiles que apaixonavam gerações ou feriam susceptibilidades (chegando a haver motins à porta da loja Dior na Avenue Montaigne), nasceram gráficos sofisticados e sobreposições impossíveis, nascia uma pose icónica de agradecimento no fim de cada temporada, nascia a confirmação de um talento como poucos.
Na primavera de 2006 lançava, na sua marca homónima, a colecção “Everything is Beautiful”, uma ode à tolerância de cores, raças, formas, tamanhos, etnias e religiões, a mesma filosofia que defendeu durante toda a sua carreira. Uma extraordinária explosão de criatividade e genialidade.
John Galliano entre a Dior e a sua própria marca, chega a desenhar 19 colecções por ano. Até que atingiu o seu ponto de ruptura. Levando já alguns anos a trabalhar e funcionar de forma obsessiva, entre excessos no trabalho, como um viciado produtivo, mas também com excessos na vida privada, com constantes intoxicações barbitúrica, conseguida através da mistura entre comprimidos para as dores, Valium, comprimidos para dormir e álcool.
Todos estes excessos, foram o gatilho de uma série de incidentes que culminaram no famoso caso do bar La Perle, onde é preso por embriaguez e ofensas racistas e anti-semíticas devido, que mais tarde, acabam transmitidas em vídeos virais e em várias queixas oficiais nas autoridades.
A 25 de Fevereiro de 2011, a Maison Dior anuncia a suspendido Galliano na sequência de uma detenção sobre uma alegada agressão anti-semita num bar de Paris. Três dias depois, quando o jornal britânico The Sun publica um vídeo mostrando Galliano em outro incidente no mesmo bar, proferindo insultos anti-semitas a um grupo de mulheres italianas, leva a Maison Dior a anunciar a suspensão de Galliano da marca, no dia 1 de Março de 2011.
Representando o que, até ao dia de hoje, seria o ponto mais baixo da carreira de Galliano. Nos anos seguintes, além de uma desintoxicação, também participa em vários eventos para se redimir e se desculpar.
Em 2014, o Munda da Moda pára, com o anúncio de que John Galliano assumiria o leme criativo da anónima Maison Martin Margiela. O choque, a incompreensão, os sentimentos agridoces de uma indústria que perdoa, mas não esquece. Mas, ao mesmo tempo, a consciência de que algo de inocentemente bonito e explosivamente fresco poderia estar a acontecer.
Quase quatro anos depois de ter sido efectivamente banido do cenário da moda de Paris, Galliano, apresenta em Londres um desfile de Haute Couture que muitos consideraram ser um retorno triunfal.
Galliano foi desenvergonhadamente provocante no seu primeiro desfile de alta-costura em Paris para a Maison Margiela, que incluiu sapatos com lâminas circulares, serapilheira e três modelos masculinos (algo completamente inédito num desfile de Haute Couture).
A apresentação de John Galliano mostrou-se fiel ao espírito de Martin Margiela. Margiela sempre usou a moda como um meio de questionar as regras e os limites sociais e Galliano parece seguir-lhe o caminho, elevando o vestuário e reconstituiu-o em formas que desafiavam os preconceitos sobre como nos devemos vestir. Os vestidos eram feitos de papel e as etiquetas deixadas em branco, questionando as formas tradicionais através das quais a indústria de luxo mercantiliza o vestuário.
John Galliano está de volta ao que melhor sabe fazer: chocar a indústria da moda, no bom sentido.
O designer que, em tempos, encerrou os desfiles da Dior com uma volta de honra, envergando peças ostentosas, já não aparece sequer na passarela para uma vénia final. Essa personalidade hedonista foi substituída por um homem de fala temperada, que veste alfaiataria discreta.
Actualmente, cada temporada espera ansiosamente, pela apresentação e desfile do criador, esperando para ver como nos vai surpreender e maravilhar!
References:
CHENOUNE, Fabrid, HAMANI, Laziz. Dior: 60 Years of Style : from Christian Dior to John Galliano. Thames & Hudson, 2007
JAEGER, Anne-Celine. Fashion Makers, Fashion Shapers: The Essential Guide to Fashion by Those in the Know. Thames & Hudson, 2009
MCDOWELL, Colin. Galliano. Cassell Paperbacks, 2001
THOMAS, Dana. Gods and Kings: The Rise and Fall of Alexander McQueen and John Galliano. Penguin UK, 2015
http://www.biography.com/people/john-galliano-20656947