Discalculia

Discalculia

A discalculia trata-se de um problema de aprendizagem ao nível do cálculo, que pode provocar consequências negativas no rendimento escolar da criança.

“…”transtorno específico da habilidade em aritmética” (…) um QI médio ou acima da média, funcionamento sensorial normal, oportunidades educacionais adequadas e ausência de outros transtornos do desenvolvimento e distúrbios emocionais” (Fletcher et al., 2007, p.220, citado por Carvalho, 2014, p.8).

Trata-se de uma disfunção do sistema nervoso central ao nível das competências numéricas, que compromete a aprendizagem (Carvalho, 2014).

Este tipo de problema acarreta a necessidade de formação específica por parte dos professores e dos profissionais de educação competentes, como por exemplo, os psicólogos, no sentido de promover a existência de materiais adequados às necessidades dos alunos com discalculia (Carvalho, 2013; Carvalho, 2014).

Carvalho (2014) refere ainda que é notória a falta de materiais apropriados para trabalhar os conteúdos programáticos junto dos alunos com dislexia e discalculia, bem como a ausência de preparação dos professores, que não têm a formação adequada para contornar estes casos.

É característica em alunos com discalculia a presença de dificuldades de memória no que concerne aos problemas relacionados com a matemática e os espaço-visuais, mesmo quando não existe qualquer dificuldade no que concerne à leitura, interpretação e escrita (Carvalho, 2013).

Os problemas de aprendizagem em matemática classificam-se segundo a capacidade de o aluno aprender de acordo com o método de ensino do professor e este se vê na necessidade de utilizar estratégias que lhe permitam contornar esse obstáculo (Carvalho, 2013).

Considera-se que a criança tem um problema de aprendizagem quando os seus resultados em testes de leitura, matemática ou escrita são bastante abaixo do que se espera para a sua idade, escolaridade ou grau de inteligência, e pode manter-se até à adultez (DSM-IV-TR, 2004, p.46, cit in Carvalho, 2013).

É importante compreender que este tipo de diagnóstico só deve ser feito com maior segurança ao fim do primeiro ano de escolarização e que, habitualmente, o mesmo se realiza durante o segundo/terceiro ano (DSM-IV-TR, 2006).

Algumas das características de um indivíduo com problemas de aprendizagem, são:

• Baixo rendimento escolar para o quociente de inteligência (qi) apresentado e as oportunidades académicas;
• Devem-se a fatores internos;
• Não se limitam a déficits sensoriais;
• Relacionam-se apenas com as competências académicas específicas – leitura, escrita ou matemática.

(Carvalho, 2013).

Alguns estudos sugerem que crianças com discalculia apresentam sinais de dificuldades ao nível da expressão numérica que não apresentam ao nível da expressão de leitura e escrita (Carvalho, 2013; Carvalho, 2014).

No entanto, o DSM-IV-TR (2006) refere que a discalculia pode acarretar comprometimento das competências linguísticas (compreensão de alguns termos), de perceção (reconhecimento de símbolos e sinais), de atenção (copiar corretamente números ou figuras) ou aritmética (compreensão de sequências)

Algumas das dificuldades na expressão matemática são na capacidade de cálculo e resolução de exercícios de matemática, sendo que estes últimos se relacionam com a necessidade de compreender a linguagem e escrita do problema, além da parte numérica do mesmo (Carvalho, 2013).

De acordo com o DSM-IV-TR (2006) a perturbação do cálculo (discalculia) é diagnosticada de acordo com provas adequadas ao efeito e mostra resultados abaixo do esperado para o qi, a idade cronológica, e a escolaridade.

Segundo Geary (2004) as competências em matemática relacionam-se com a capacidade de compreensão de algoritmos procedimental, isto é, regras e estratégias como pegar emprestado e transportar, e competências de conhecimento dos conceitos, isto é, compreensão do sistema decimal posicional (Geary, 2004, cit in Carvalho, 2013).

As dificuldades relacionadas coma discalculia relacionam-se com o dificuldades em matemática que incluem a realização de cálculos e a resolução de problemas de matemática (relacionada com a compreensão escrita e de linguagem) (Carvalho, 2014).

Os problemas de aprendizagem relacionados com o cálculo, por se traduzirem muitas vezes em reprovação, levam o aluno a sentir-se frustrado, o que também afeta toda a comunidade escolar ao seu redor e, muitas vezes, a criança acaba por ser levada ao médico, acabando por ser rotulada como “criança com problemas (Carvalho, 2014).

Conclusão

Podemos concluir que a discalculia pressupõe que o aluno seja dotado de uma inteligência igual ou superior à média, contudo, com uma disfunção do sistema nervoso central que o impede de desenvolver as suas competências matemáticas, de acordo com os padrões de ensino normativos, seja ao nível das habilidades de cálculo, ou da capacidade de resolver problemas que incluem a capacidade de compreensão linguística, pelo que é necessário haver formação específica por parte dos professores bem como investir em materiais lúdico didáticos adequados a estes alunos.

References:

• American Psychiatric Association (2006). Perturbações de aprendizagem (antigamente perturbações das aptidões escolares). Perturbação do cálculo. In DSM-IV-TR. MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA DAS PERTURAÇÕES MENTAIS (4ª ED) (53-54). Lisboa: CLIMEPSI EDITORES
• Carvalho, A.M.F.T. (2013). EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E PSICOLOGIA COGNITIVA: INTERVENÇÃO INTEGRADA EM DISCALCULIA DO DESENVOLVIMENTO. In IV Congresso Internacional de Ensino da Matemática. Rio Grande do Sul, 1-11, 16, 17 e 18 de Outubro de 2013.
• Carvalho, A.M.F.T. (2014). DISCALCULIA DO DESENVOLVIMENTO: UM DIÁLOGO PRECISO ENTRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E PSICOLOGIA COGNITIVA. EPREM. Encontro paranense de educação matemática. Campo Mourão. 1-15, 4 a 6 de Setembro de 2014.